Webinar – O Nutricionista
Marcelo Hentz Ramos – PhD / Diretor 3rlab
Publicado originalmente na revista Balde Branco
Com mais de 200 participantes (100 brasileiros) de 6 continentes foi realizado o primeiro Webinar – O Nutricionista. O evento foi apresentado em inglês e traduzido simultaneamente para o português (público brasileiro) e espanhol (público Argentino). A primeira palestra foi conduzida pelo professor da Universidade de Cornell Dr. Mark Van Amburgh. O professor discutiu mudanças que ocorreram com o lançamento do novo modelo de formulação de dietas (CNCPS). Iremos discutir alguns pontos importantes apresentados na palestra.
Mudanças importantes irão ocorrer com o update do modelo:
- composição dos alimentos foi modificada. Pesquisadores entendem que amônia só esta presente em alimentos fermentados.
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velocidades de degradação de frações foram modificadas, em grande parte reduzida.
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concentração de aminoácidos em forragens e concentrados foi modificada. De maneira geral a concentração de metionina aumentou.
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o modelo utiliza uma nova maneira para avaliar fibra (FDN), esta nova maneira elimina contaminação da amostra principalmente por solo (cinzas). Com esta nova metodologia, teremos FDN de silagem que podem apresentar cinco unidades percentuais a menos. Um exemplo seria uma silagem de milho com 50% de FDN, com a nova metodologia este valor seria de 45%.
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a concentração de lignina na planta não tem será utilizado para estimar a digestibilidade da fibra. Desta maneira a análise de lignina deve cair em desuso.
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uma nova maneira de avaliar proteína será necessária. A ciência esta muito interessada na fração da proteína que realmente não tem valor para a vaca. Esta fração regula a fração que dita à produção de leite do animal.
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a digestibilidade dos ácidos graxos não será constante. Esta mudança irá afetar a eficiência de utilização de gorduras protegidas.
Amônia somente esta presente em alimentos fermentados
Uma mudança no entendimento das frações do modelo é que amônia agora só pode estar presente em alimentos fermentados. Qualquer alimento que não seja fermentado não possuirá amônia na sua composição. Esta mudança afeta a quantidade de proteína produzida no rúmen, pois considera uma maior porcentagem como peptídeos. Entretanto, a maneira como a proteína solúvel deixa o rúmen também foi modificado o que diminui a quantidade de proteína microbiana produzida por um determinado alimento.
Alimentos degradam mais lento do que os pesquisadores pensavam
Grande parte das frações do modelo terá a velocidade de degradação reduzida. Após uma grande quantidade de experimentos, cientistas conseguiram entender que a velocidade de degradação dos alimentos é menor do que eles pensavam. Desta maneira uma parte maior dos alimentos deixará o rúmen e precisará ser utilizado no intestino para produção de leite.
Maior quantidade de metionina nos alimentos
Todos os alimentos foram modificados com relação à concentração de aminoácidos. De uma maneira geral, a concentração de metionina aumentou. Entretanto, a eficiência de utilização dos aminoácidos diminui o que criou uma necessidade maior de suplementação de aminoácidos protegidos.
Valor de fibra (FDN) das forragens vai diminuir
A proposta dos pesquisadores é analisar FDN sem a contaminação de terra (cinzas). A contaminação por terra é comum em forragens devido principalmente a: velocidade de colheita, tamanho das máquinas, irrigação (água bate no solo e jogo solo na folha). Desta maneira valores de FDN de forragem irão diminuir.
Lignina perde valor
A análise de lignina, que há muito tempo tem sido utilizada como um indicador de qualidade de forragem irá cair em desuso. Pesquisadores demonstraram que o valor de lignina de uma planta não consegue explicar a digestibilidade da mesma. A nova maneira para avaliar digestibilidade implica na utilização de digestibilidade dos alimentos expressa como porcentagem do nutriente em questão. Digestibilidade do FDN, por exemplo, determina quanto uma vaca como, sendo assim esta será uma das grandes mudanças do modelo.
Análise de proteína sofrerá mudança.
A ciência em nutrição de ruminantes com relação à utilização de nitrogênio (proteína) esta cada vez mais próxima do balanceamento de dietas como ocorre nos monogástricos: aminoácidos ao invés de proteína bruta. Para chegarmos neste ponto, pesquisadores precisam determinar a fração do nitrogênio que realmente não é utilizada pela vaca. Esta nova maneira de avaliar proteína acarretará em uma mudança no valor biológico de fontes de proteína.
Gordura não é gordura
A digestibilidade dos ácidos graxos (gordura) no intestino não será constante, cada ácido graxo apresentará uma digestibilidade única.
De uma maneira geral o modelo, após inúmeras teses de mestrado e doutorado, caminhou para maior precisão de suas predições e uma grande mudança na maneira que analisamos os alimentos. O objetivo final é o ganho no balanceamento da dieta com maior produção e menor excreção de nutrientes para o meio ambiente.
Para o próximo webinar teremos a presença do Dr. Mike Dr Groot. Ele é nutricionista responsável por 200.000 vacas leiteiras e irá discutir como ele toma decisões em rebanhos comercias americanos principalmente na utilização de subprodutos.