Cecília Donata Silva de Oliveira
Imagem de Mabel Amber, Messianic Mystery Guest por Pixabay
O momento do nascimento dos leitões é cercado de diversos desafios. Eles já nascem neurologicamente desenvolvidos e necessitam de muitos cuidados. O pós-parto pode ser determinante para evitar altas taxas de mortalidade, assegurando que grande parte da leitegada venha a sobreviver, e ter uma vida produtiva rentável ao suinocultor.
Cuidados imediatos pós-parto?
- Se possível o monitoramento do parto por um tratador, para auxiliar caso seja necessário. O funcionário que irá acompanhar deve adotar medidas de higiene, como desinfecção das mãos.
- Imediatamente pós parto a secagem, corte e desinfecção do umbigo. O umbigo pode ser uma porta de entrada a microrganismos prejudicais a saúde dos animais, um correto manejo aliado a desinfecção continua, reduz a contaminação por patógenos.
- Auxiliar os animais na ingestão de colostro, para que os neonatos adquiram anticorpos o consumo de colostro é fundamental para a sobrevivência nos dias iniciais;
- Ao nascimento leitão requerem um sistema de aquecimento, uma vez que a falta deste pode implicar em agrupamento dos neonatos junto a mãe e elevar a incidência de esmagamento dos animais.
- Corte dos dentes e caudas dos animais, uma vez que o corte dos dentes reduz a incidência de possíveis machucados nos tetos das matrizes e o corte da cauda dos animais reduz a caudofagia que pode ser observada em animais destinados à engorda.
Manejo de neonatos e bem-estar animal
Pressões exercidas sobre consumidores e ativistas sobre o bem-estar animal, vem tornando-se cada vez mais presente no dia a dia de produtores, além disto pesquisas demostram que animais submetidos a alguma categoria de desconforto, ou a períodos de estresse tendem reduzir consumo acarretando baixa produtividade. Portanto, torna-se interesse mútuo (consumidores e suinocultores) que tais práticas propostas sejam realizadas com o menor impacto possível sobre o bem-estar dos leitões.
Listarei abaixo, medidas alternativas que podem ser adotadas por granjas visando maximizar o bem-estar:
- A castração de suínos machos torna-se importante, pois animais não castrados podem apresentar odor desagradável na carne deixados por hormônios. Antes de iniciar a castração, os animais devem ser anestesiados, visando reduzir os impactos negativos de percepção de dor, técnicas alternativas de castração como a imunocastração vem ganhado espaço entre as granjas.
- Corte da cauda dos animais com intuito de evitar a caudofagia, que pode acarretar lesões sangramentos e infecções levando o animal a morte. O corte pode ser realizado através de equipamentos como alicate, o que vem sendo abolido pela maioria das granjas comerciais devido a ir contra medidas de bem-estar, ou por lâmina quente que promove uma cauterização do local e reduz riscos de contaminação, um anestésico local também pode ser utilizado.
- Corte dos dentes dos leitões é uma prática que vise reduzir possíveis lesões no úbere materno, pode ser realizado por alicate ou desgaste através de lixa. Está é uma prática que vem sido abolida, o uso de lixas pode ser menos invasivo aos animais.
Corte e cura de umbigo em leitões
O cordão umbilical é o que faz a ligação entre mãe e feto, imediatamente pós parto deve-se realizar o corte entre 3 a 5 cm de sua inserção. Para realizar esta prática o funcionário deve estar com as mãos higienizadas, utilizar um cordão embebido em solução desinfetante e uma tesoura cirúrgica também desinfetada.
Para realizar a desinfeção usualmente é utilizado tintura de iodo a 10%, onde o umbigo é inserido em um frasco de boca larga contendo o iodo, é indicado que todo umbigo esteja em contato com o iodo para isso recomenda-se que gire o frasco 180°. O uso de pó-secante pode conferir rápida cicatrização e desinfecção, podendo ser utilizado tanto após o corte de caudas e umbigo.
Casos de infecção de umbigo podem surgir entre 10 a 15 dias após o nascimento dos animais, em decorrência a instalações mal higienizadas, camas sujas e má desinfeção de umbigo, resultando em perdas de animais ou produtividade dos mesmos.
Figura 1 – As porcentagens médias de umidade dos cordões umbilicais ao nascimento e submetidas ao tratamento A (pó secante) e B (ligadura com barbantes e a desinfecção com iodo a 10%), as 20 e 24 horas pós nascimento.
Animais recém-nascidos carecem de cuidados especiais; E contratar funcionários que se dediquem exclusivamente aos animais, e proporcionar o máximo de qualidade do ambiente higiene e conforto térmico pode assegurar menores taxas de mortalidade dos animais.
Referências:
OSAVA, C.F. et al. USO DE PÓ SECANTE NA CURA E SECAGEM DO CORDÃO UMBILICAL DE LEITÕES. PUBVET, Londrina, V. 5, N. 18, Ed. 165, Art. 1112, 2011.
SILVA, Caio Abércio da¹ ; DIAS, Cleandro Pazinato² ; MANTECA, Xavier³. PRÁTICAS DE MANEJO COM LEITÕES LACTENTES: REVISÃO E PERSPECTIVAS VINCULADAS AO BEM-ESTAR ANIMAL. SCIENCE AND ANIMAL HEALT. V.3 N.1 JAN/JUN 2015 P. 113-134.
CAMPOS, Camila Poles¹; SOUZA, Giuliano Dalla Palma²; PEREIRA, Daniela Mello³. CUIDADOS COM OS LEITÕES NO PÓS-PARTO E NOS PRIMEIROS DIAS DE VIDA. REVISTA CIENTÍFICA ELETÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA – ISSN: 1679-7353. Ano VI – Número 11 – Julho de 2008 – Periódicos Semestral