Cecília Donata Silva de Oliveira
Imagem de Wolfgang Ehrecke por Pixabay
Doenças metabólicas
O avanço genético resultou em linhagens de aves eficientes em produção de carne em um menor espaço de tempo, possibilitando o abate dos animais entre 28 à 42 dias. Porém, acompanhado aos inúmeros benefícios e o rápido desenvolvimento dos animais, pode impactar negativamente sobre a saúdes dos frangos. A síndrome ascítica, é resultante de alta taxa desenvolvimento muscular que demanda muito oxigênio. Já o crescimento de órgãos como coração e pulmão não acompanham a velocidade do crescimento muscular, resultando em sobrecarga dos mesmos podendo levar a falhas.
Sinais clínicos
Em um momento inicial pode-se observar animais apáticos, a coloração de cristas e barbelas arroxeadas, aves ofegantes, penas eriçadas, canelas desidratadas e sem brilho. Quando o quadro evolui há queda no consumo de água e ração consequentemente perda de peso e dificuldade para se locomover, o sinal mais característico de ascite é distensão do abdômen e acúmulo de líquido na cavidade abdominal.
Esta enfermidade implica em perdas econômicas significativas, pois pode levar as aves a morte ou gerar penalização a carcaça dos animais.
Imagem 1 – Impacto financeiro das condenações post-mortem totais
Possíveis causas do desenvolvimento de ascite:
- Sexo das aves: quadros de ascite tem maior propensão a se desenvolver em animais machos, chegando a taxas de 70% maior incidência quando comparado a fêmeas.
- Temperatura ambiente: a zona de conforto térmico dos animais impacta diretamente no desempenho das aves e pode influenciar também na incidência de ascite. Linhagens selecionadas para maior crescimento, quando submetidas a temperaturas elevadas (acima da zona de conforto térmico) pode elevar a sua frequência respiratória (FR) com isso maior consumo de energia metabólica, o que pode gerar ascite. Já outra vertente é que o clima frio pode elevar o consumo de ração pelas aves e aumentando a demanda de oxigênio pelos tecidos musculares.
- Baixa qualidade do ar nos galpões: o acúmulo de gases indesejados pode reduzir a concentração de oxigênio dificultando a respiração das aves favorecendo a ascite.
- Altitude: animais criados em altitudes superioras a 2000 metros em relação ao nível do mar podem desenvolver a síndrome ascítica.
- Rações peletizadas: o processo de peletização aumenta-se a digestibilidade das rações. As aves são muito influenciadas pelo tamanho de partícula da dieta, havendo preferência por tamanhos de partículas maiores. Fornecer uma ração peletizada pode aumentar o consumo, ganho de peso e maior taxa de crescimento, favorecendo quadros de ascite.
Como evitar a ascite?
- Restrição alimentar: pode ser realizada de forma qualitativa (reduzem-se níveis de nutrientes da ração) ou quantitativa, onde é restringido a quantidade de ração com base no consumo dos animais. A restrição pode ser aplicada de diversas maneiras, seguindo recomendações de um nutricionista animal. Ela permite que o crescimento dos órgãos principalmente coração e pulmão acompanhe o crescimento do tecido muscular.
- Programas de luz: dentro de um período de 24 horas, pode-se adotar ciclos de luminosidade e escuro, onde em períodos de escuro os animais reduzem a ingestão de ração.
- Temperatura ambiental: nos dias iniciais é vital fornecer fontes de aquecimento para os pintinhos, no inverno o manejo de cortinas pode um importante aliado. Já no verão caso haja necessidade programas de resfriamento pode ser necessário para que não ocorra aumento da temperatura acima da zona de conforto térmico das aves, evitando aumento da FR.
- Qualidade do ar: o uso de ventiladores pode ser importante para a renovação do ar no interior dos galpões, eliminando gases nocivos.
A ascite é um desafio a ser enfrentado pela avicultura de corte atual. Os cuidados para reduzir quadros de ascite devem ser adotados em granjas, visando maior bem-estar dos animais e evitar perdas econômicas aos avicultores.
Referências
Giselle Procópio Nunes1; Paula Cambraia Marinho2; Andressa da Silva Formigoni3; Andressa Nathalie Nunes4; Carolina Resende de Freitas Ribeiro5. SÍNDROME ASCÍTICA NA AVICULTURA DE CORTE: CARACTERÍSTICAS E PONTOS DE CONTROLE. Vol. 14, Nº 05, set./out. de 2017 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br.