Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
Foto: Pixabay
A análise de solo é hoje uma das ferramentas mais importantes na agricultura, pois é capaz de fornecer, com embasamento técnico e científico, dados sobre a disponibilidade de nutrientes e a fertilidade de determinado talhão ou lavoura. Para se obter uma análise confiável e de qualidade, é necessário em primeiro lugar, realizar a amostragem adequada da área, coletando subamostras (amostras simples) que compõem posteriormente uma amostra composta. O objetivo da amostra composta é representar de forma homogênea toda a área que foi amostrada. A partir do laudo dessas análises laboratoriais é possível interpretar e consequentemente, determinar a necessidade de adubação de cada nutriente e assim manejar corretamente a fertilidade do solo. Além disso, podemos destacar também como aspectos favoráveis à sua utilização:
- Aumento da produtividade por meio da identificação de nutrientes ou fatores químicos do solo que estão limitando o crescimento das plantas, como pH e CTC por exemplo;
- Baixo custo e rapidez na obtenção dos resultados;
- Permite um adequado planejamento na compra de corretivos e fertilizantes;
- Evita gastos desnecessários com insumos e mão-de-obra;
- Proporciona ao produtor, tomadas de decisões que evitam desequilíbrios nutricionais;
- Minimiza danos ao meio ambiente, notadamente a contaminação das águas por excesso de fertilizantes.
Sabe-se que os nutrientes do solo variam de acordo com uma série de fatores: desde localidade, topografia, profundidade, até a textura, porcentagem de matéria orgânica, matéria da rocha de origem e tempo de formação do solo. Com isso, torna-se ainda mais importante obter uma amostra que seja representativa e retrate com precisão a área total que foi amostrada. Essa precisão de amostragem é extremamente necessária, pois será através dela que serão obtidos os resultados de análise e que o produtor irá tomar suas decisões e definir sua estratégia de manejo/adubação.
Podemos dividir o processo de análise de solo em três grandes etapas:
1 – Coleta das amostras (amostragem); 2 – Análise laboratorial;
3 – Interpretação dos resultados e tomada de decisão.
1 Etapa – Coleta das amostras (amostragem)
A amostragem do solo é considerada a etapa mais importante e crítica de todo o processo de análise do solo, tendo em vista que uma pequena porção de terra representará alguns hectares e caso seja feita de maneira incorreta, o resultado irá influenciar diretamente no bolso do produtor, no futuro.
Para obter resultados das análises de solos que sejam verdadeiramente precisos e consigam representar de forma confiável a gleba amostrada, alguns critérios devem ser observados e seguidos. É muito importante também que a pessoa responsável pela amostragem tenha pleno conhecimento e consciência das etapas que devem ser feitas.
Caso a propriedade possua uma área extensa, será necessário e recomendado realizar uma subdivisão em glebas menores que sejam relativamente homogêneas, com uma área máxima de aproximadamente 10 hectares. Nessa subdivisão de glebas devem ser levados em consideração os seguintes aspectos: posição no relevo (solo de morro, encosta ou baixada), cor
do solo, textura, histórico de uso e manejo (culturas anteriores, calagens, adubações, etc.), drenagem da área, presença de erosão, etc. Entenda melhor essa divisão na figura abaixo:
Após realizada a divisão das áreas que se apresentam de forma homogênea, inicia-se a coleta das amostras de solo nessas glebas. Aproximadamente 20 subamostras devem ser coletadas ao acaso (caminhando em ziguezague) de forma a percorrer toda a extensão da área. Com todas essas 20 amostras coletadas, deve-se agora misturá-las todas em um recipiente e retirar aproximadamente 400g do total que será a sua amostra composta. Por fim, é necessário agora colocar essa amostra composta em um saco plástico limpo e enviá-la a um laboratório de qualidade e de sua confiança. É importante ressaltar que locais próximos de brejos, sulcos de erosão, formigueiros ou depósito de estrume de animais devem ser evitados para a coleta de solo não ser influenciada.
PROFUNDIDADES RECOMENDADAS
Em relação às profundidades que deverão ser coletadas as amostras, deve-se ter conhecimento de qual é a cultura de cultivo (anual ou perene) e também qual o sistema de manejo adotado pela propriedade (convencional ou plantio direto). Geralmente, para culturas anuais a profundidade de coleta recomendada é de 0 a 20cm e para culturas perenes o indicado é de 0 a 20cm, 20 a 40cm e até 40 a 60cm, visto que as raízes conseguem chegar a grandes profundidades do solo. No caso de sistemas convencionais onde o solo é revolvido, o recomendado de se analisar é na profundidade de 20 a 40cm e 40 a 60cm. Já no plantio direto, em que a adubação ocorre em superfície e o solo não é revolvido o mais utilizado é 0 a 10cm e 10 a 20cm.
FERRAMENTAS PARA AMOSTRAGEM
Para a realização da coleta das amostras (amostragem), muitas são as ferramentas que podem ser utilizadas. Isso vai ser definido pelo produtor de acordo com sua disponibilidade de investimento, mão-de-obra e extensão total da área. Entre as ferramentas mais comuns, podemos citar: trado de rosca, trado holandês, trado caneca, sonda, pás e até enxada. Uma observação importante é que a limpeza dos materiais antes da realização da amostragem é fundamental. Veja a seguir alguns exemplos de ferramentas utilizadas nesse processo:
ÉPOCA E FREQUÊNCIA PARA REALIZAÇÃO DE AMOSTRAGEM
A época ideal para realização das análises de solo também possuem variação de acordo com a cultura utilizada e com a intensidade de uso e manejo. Em culturas anuais, o mais comum é que a amostragem ocorra no início do período de seca (aproximadamente 3/4 meses antes do plantio) e em culturas perenes o recomendado é que se realize logo após a colheita. Em relação a frequência da amostragem, é importante destacar que para se obter altas produtividades e aproveitar o máximo desempenho do solo, a análise deverá ser realizada todos os anos.
2 Etapa – Análise laboratorial
A segunda etapa deste processo, análise laboratorial, tem como objetivo principal indicar os nutrientes e as condições químicas disponíveis para as plantas, a fim de direcionar a intervenção da adubação da forma mais assertiva, precisa e sustentável possível, para que o máximo do potencial produtivo possa ser expresso.
Além da análise química, também é possível e indicado realizar a análise física, que consiste na textura do solo (% de areia, silte e argila). Essa análise tem papel fundamental na compreensão, classificação taxonômica e também é extremamente relevante na determinação da fertilidade da gleba amostrada.
3 Etapa – Interpretação dos resultados e tomada de decisão
Por fim, chegamos na terceira e última etapa da análise de solo: interpretação dos resultados e tomada de decisão. Pelo fato de cada cultura ter uma exigência nutricional diferente e cada estado do país utilizar a sua tabela de referência, não conseguimos criar um padrão sobre o que é um resultado positivo e qual é um resultado negativo de laudo.
O mais indicado a fazer após estiver com o resultado das análises em mãos, é procurar um engenheiro agrônomo, assistência técnica ou empresa de consultoria para decidir em conjunto ao produtor a melhor estratégia a se tomar.
Observações finais
Comparativo entre vantagens e desvantagens da realização de análises de solos.
Com base em todas as informações ditas anteriormente, fica clara e evidente a importância e necessidade de se realizar uma boa análise de solo para alcançar altas produtividades e lucros financeiros. Tão importante quanto ser preciso no momento da amostragem, a escolha de um bom laboratório de análises é também fundamental, para garantir a qualidade dos resultados obtidos. É evidente também, que o custo de uma análise de solo é expressivamente baixo diante dos benefícios que pode proporcionar, principalmente pelo fato dos corretivos e fertilizantes possuírem um alto valor e em algumas vezes, serem utilizados em doses incorretas, afetando diretamente no bolso do agricultor.
Referências Bibliográficas
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