Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Ao longo dos anos, a suinocultura passou por diversas transformações que resultaram na alteração e criação de mecanismos no que diz respeito à suplementação mineral dos animais.
Várias pesquisas revelam deficiências minerais em leitões recém-nascidos, como a anemia ferropriva, causada por deficiência do ferro, mineral responsável pela formação da hemoglobina. Este mineral deve ser suplementado para suínos alojados em criações comerciais por outras vias que garantam os níveis adequados.
A deficiência de ferro é comum em leitões ao nascer em função da insuficiente capacidade de transferência placentária e mamária. Portanto, a menos que uma fonte suplementar de ferro seja disponível para o leitão, a anemia ferropriva ou por deficiência de ferro (hipocrômica e microcítica) irá se desenvolver dentro de duas a três semanas após o nascimento.
A definição da necessidade de ferro pode ser resumida pela quantidade do mineral necessária a ser depositada no sangue e tecidos para o processo de crescimento, diminuída da quantidade eliminada através das fezes, urina e perda sanguínea (FRUTON e SIMMONDS, 1958).
O leitão recém-nascido possui aproximadamente 50 mg de ferro ao nascimento, sendo que a maioria deste está depositado na forma de hemoglobina (MUNRO, 1977).
A necessidade de ferro é influenciada pela forma química ou combinação na qual o mineral é ingerido e pela quantidade e proporção de outros componentes da dieta: alimentos contendo ingredientes de origem animal promovem uma maior absorção de ferro que alimentos contendo ingredientes de origem vegetal. Para uma taxa de crescimento normal, o leitão recém-nascido necessita de 7 a 16 mg de ferro por dia (VENN, 1947) (figura – 1).
Figura 1: Para uma taxa de crescimento normal, o leitão recém-nascido necessita de 7 a 16 mg de ferro por dia (VENN, 1947).
Devido à baixa concentração férrica do leite materno da fêmea suína (1mg/litro), os leitões necessitam iniciar o recebimento de suplementação externa de ferro após o nascimento, objetivando promover adequada quantidade deste mineral para manutenção do nível de hemoglobina circulante no sangue dos leitões recém-nascidos, evitando assim, casos de anemia ferropriva (SANSOM, 1984).
O leite materno da fêmea suína contém baixa concentração de ferro e de cobre e isto pode levar a quadros de deficiência destes dois microminerais nos leitões lactantes, especialmente naqueles criados em baias fechadas confinadas e sem acesso ao solo (figura -2). A concentração destes dois microminerais no leite não pode ser melhorada pelas suas respectivas suplementações na dieta das mães (HARTMANN e HOLMES, 1989).
Figura 2: O leite materno da fêmea suína contém baixa concentração de ferro e de cobre e isto pode levar a quadros de deficiência
A baixa concentração do mineral ferro no leite materno é constatada pelas análises feitas tanto por CRANWELL e MOUGHAN (1989), quanto às realizadas posteriormente por CSAPO et al. (1996), onde se demonstrou que o valor do mineral ferro obtido no colostro é de 1.8 x 10-3 mg/ml, enquanto que no leite materno este valor é de 2.3 x 10-3 mg/ml.
A necessidade de ferro na dieta diminui com o aumento da idade e peso dos suínos, devido à diminuição do volume sanguíneo por unidade de peso corporal e devido a uma maior ingestão diária de ferro através do maior consumo de ração. Então, a necessidade de ferro para leitões de 1 a 5 kg e de 20 a 50 kg de peso vivo é variável, de 100 e 60 mg/kg, respectivamente (NRC, 1998).
Animais jovens, notadamente leitões e bezerros, possuem maior exigência que animais adultos; e devido à alta taxa de ganho de peso nos primeiros dias de vida, a espécie suína é uma das mais susceptíveis às deficiências de ferro, sendo a exigência nutricional deste mineral para leitões no período imediato pós desmame estimada em 80 mg/kg (NRC, 1998).
A importância da suplementação mineral para os suínos aumentou devido a fatores como o melhoramento genético que resultou em leitegadas numerosas e de alta precocidade com maior velocidade de ganho de peso, ao modelo de criação em confinamento que retirou a possibilidade de contato direto com a terra, importante fonte mineral e a retirada ou redução a utilização de farinhas de origem animal nas rações devido a problemas de doenças.
Outro fator a ser considerado é a poluição por dejetos oriundos de rações e suplementos minerais formulados com grandes quantidades de sais inorgânicos. Como no caso dos minerais quelatados a dose empregada nas rações é menor em função de sua maior biodisponibilidade, sua utilização tem como consequência uma redução dos teores de minerais nos dejetos.
2 Comments
Boa tarde, gostaria de saber quantos ml de ferro devemos administrar num leito. Obrigadi
O ferrodex pode ser aplicado todos dias?? Ou com intervalos?