Pedro Felipe Martins da Silva UFLA-3rlab
Sabe-se que a alimentação direta a pasto é a forma mais barata de alimentação, no entanto as variações das condições climáticas afetam diretamente o processo de formação de forragem, tornando assim difícil manejo do pasto em função da oferta de forragem e da demanda por parte dos animais. De acordo com dados de pesquisa aproximadamente 80% do total de forragem produzida durante o ano é produzida durante o verão (estação chuvosa) e 20% é produzida durante o inverno agrostológico (época mais fria e seca do ano), de acordo com essa constatação fica evidente que é necessário adotarem práticas que visam a constante oferta de volumoso a fim de garantir a produção constante durante o ano todo.
A prática da ensilagem visa garantir a oferta constante de forragem durante o ano todo ou somente durante o período seco do ano, na grande maioria dos casos a forragem a ser colhida é produzida no verão. Com aperfeiçoamento da técnica com o decorrer do tempo, impulsionou-se o uso de aditivos aplicados nas silagens, no entanto percebe-se por parte de técnicos e produtores que existem dificuldades em estabelecer um critério de aplicação dos inoculantes. Pretende-se com esse estudo auxiliar produtores e técnicos nas tomadas de decisões em relação ao uso de aditivos, procurando dessa forma caracteriza-los e indicar em qual situação os mesmos devem ser utilizados.
Aditivos podem ser entendidos como produtos que são aplicados no processo de ensilagem, tais produtos podem vim a influenciar no processo fermentativo favorecendo dessa forma a conservação do valor nutritivo da forragem colhida, proporcionando menos perdas superficiais pelo contanto com oxigênio atmosférico no momento em que se abre o silo para ofertar o material aos animais e aumentando o valor nutritivo de certas forrageiras pobres em determinados nutrientes.
De maneira geral os aditivos podem ser classificados em aditivos químicos, microbianos e sequestradores de umidade. Cada classe de aditivos apresenta características distintas que devem ser levadas em consideração no momento de uso para que o mesmo consiga atender todas as expectativas quanto a sua utilização.
Os aditivos químicos são classificados em alcalinizantes, os aditivos de nutrientes e os aditivos conservantes. Dentre os alcalinizantes os inoculantes mais comuns são os hidróxidos de sódio, hidróxido de amônio, hidróxido de cálcio, carbonato de cálcio e oxido de cálcio que são muito utilizados em silagens de cana de açúcar para evitar a fermentação alcoólica, diminuindo assim os gastos em relação ao preço da tonelada de matéria verde produzida em relação às silagens que não receberam nenhum tipo de aditivo (gráfico 1).
Gráfico 1- Gráfico comparando o custo de produção das silagens sem aditivos e com diferentes aditivos.
Já os inoculantes microbianos são os que apresentam maior quantidade de produtos indicados para a inoculação junto a silagem. De maneira geral esses inoculantes são agrupados em dois grupos, os que contem bactérias homofermentativas e os que contém as bactérias heterofermentativas. As bactérias homofermentativas são responsáveis pela rápida queda do pH e aumento da concentração de ácido lático que é grande responsável pela conservação dos alimentos, muito indicados para silagens de forrageiras que apresentam alto poder tampão (geralmente capins tropicais). Já bactérias heterofermentativas são responsáveis por elevar a estabilidade da silagem em condições de aerobiose, garantindo assim maior conservação do valor nutritivo da silagem.
Os aditivos caracterizados como sequestradores de umidade são de vital importância quando e necessário trabalhar com forrageias com alto teor de umidade (acima de 40%), essa situação e muito comum em silagens de capins tropicais e de capins de clima temperados, o excesso de umidade na massa de forragem produz chorume em excesso que pode vir a comprometer o valor nutricional da mesma. Os inoculantes mais usados como sequestradores de umidade são: milho desintegrado, resíduo de colheita de soja e mandioca desidrata, porém cabe ao produtor ou técnico verificar a disponibilidade regional de materiais que possam cumprir essa função.