Pedro Felipe Martins da Silva UFLA-3rlab.
Como foi dito no artigo anterior, nessa parte do nosso estudo referente ao tomate orgânico iremos abordar os seguintes tópicos: preparo de solo, correções e adubações, condução de plantas, espaçamento e tratos culturais.
Preparo do solo
Para condução do tomateiro em estufas, além das operações de aração e gradagem é necessário que se faça também o encanteiramento com o objetivo de proteger as plantas contra futuros encharcamentos. O encanteiramento também proporciona um ambiente mais favorável para o desenvolvimento radicular, é indispensável também o uso de cobertura morta logo após o plantio, com o intuito de proteger o solo e manter a umidade do mesmo.
Os canteiros deverão ter a altura de 0,2 metros, com a largura de 1,2m (facilitar tratos culturais na lavoura), com o comprimento variável dependendo do tamanho da estufa. De maneira geral recomenda-se que os canteiros sejam revirados a cada 2 anos a fim de proporcionar melhoria no perfil do solo (melhor aproveitamento de nutrientes).
Correções e adubações
As correções e adubações devem ser feitas baseadas em interpretações das análises do solo. Uma boa correção é aquela que inibe o efeito tóxico do alumínio e aumente o pH do solo, com o objetivo de proporcionar a máxima disponibilização de nutrientes e garantir um bom desenvolvimento do sistema radicular. Nesse sentido podem ser utilizados alguns corretivos como, por exemplo: os calcários, silicatos, óxidos, rochas moídas, entre outros materiais. Vale a pena ressaltar que os corretivos na cultura do tomateiro devem disponibilizar alta quantidade do elemento cálcio a fim de evitar a ocorrência da podridão apical causada pela deficiência do mesmo.
As adubações devem ser realizadas com produtos que tem o uso permitido pelas certificadoras orgânicas. Observa-se que os produtores de tomate orgânico utilizam bastante as compostagens produzidas na própria propriedade. Para um bom índice de produtividade das lavouras é necessário que as adubações sejam equilibradas. O nitrogênio é um elemento que em caso de deficiência restringe bastante a produtividade, portanto quando se pensa na nutrição do tomateiro é necessário que se atente na quantidade fornecida de nitrogênio.
De maneira geral, são feitas adubações nas covas de plantio e logo após o início da floração são realizadas as demais adubações de cobertura, visando sempre o equilíbrio nutricional da lavoura. Elementos que tem baixa locomoção no solo como, por exemplo, o fósforo deve ter a quantidade total aplicada somente na adubação de plantio.
Condução de plantas e espaçamento
Na cultura do tomateiro no sistema orgânico são utilizadas geralmente duas linhas de plantio por canteiro, com distância entre plantas na linha de plantio de 40 a 60 cm. O espaçamento de 40 cm na linha de plantio proporciona um ambiente mais aerado, maior facilidade nos tratos culturais e menos riscos de disseminação de doenças. Vale a pena ressaltar que o tomateiro nesse sistema é conduzido com somente uma haste. Em espaçamentos de 60 cm entre plantas o tomateiro é mantido com 2 hastes, nesse sistema proporciona ao produtor o potencial de obtenção de altas produtividades, porém como o sistema fica mais adensado deve-se atentar ao aparecimento mais frequente de ataque de patógenos.
O tutoramento das plantas é feito através de fitilhos (figura 1), que são fixados na parte superior da estufa e são enrolados na haste do tomateiro. A operação de enrolamento das hastes deve ser feita semanalmente. Outro aspecto que merece atenção em relação ao tomateiro é a altura máxima de plantas, na maioria dos casos a planta é conduzida até 2,5m, com o intuito de facilitar os tratos culturais e colheita.
Figura 1- Sistema de condução por fitilhos.
Tratos culturais
Os principais tratos culturais no tomateiro são: colocação de cobertura morta, desbrota, capação e raleio dos frutos.
A cobertura morta será depositada sob o solo no momento do plantio. A função desse material será proteger o solo contra alguma diversidade climática, garantir uma boa manutenção da umidade do solo e evitar a ocorrência de plantas invasoras dentro da estufa. As desbrotas são operações que visam a eliminação da brotação lateral a fim de favorecer a haste escolhida para a produção, tal operação deve ser realizada semanalmente. A capação ou a eliminação da ponteira do tomateiro deve ser realizada quando a haste atingir seu tamanho máximo, a capação irá restringir a altura do tomateiro.
O raleio dos frutos deve ser realizado quando produtor deseja melhorar o aspecto dos frutos produzidos. Nessa determinada operação pretende-se descartar os frutos pequenos (sem valor comercial) e frutos atacados por pragas ou patógenos.
No próximo artigo iremos abordar os temas referentes a rotação de culturas, pragas e doenças, distúrbios fisiológicos e produtividade.