Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O cancro cítrico é uma das mais sérias doenças dos citros, afetando todos os tipos de plantas cítricas de importância econômica. A Ásia é considerada o centro de origem da doença, provavelmente no sul da China, Indonésia e Índia. No Brasil, a doença foi constatada pela primeira vez em 1957 em São Paulo, de onde se disseminou para outros estados.
A doença é causada pela bactéria Xanthomonas axonopodis pv. citri que sobrevive em lesões produzidas em folhas, ramos e frutos infectados, sendo que no solo, em plantas invasoras e restos culturais essa sobrevivência é pequena. Durante o período chuvoso, a bactéria exsuda das lesões e, através dos respingos de água, atinge os tecidos jovens e os penetra através de aberturas naturais ou ferimentos. Em tecidos maduros, a penetração ocorre somente em tecidos maduros.
O cancro cítrico é mais severo em áreas onde o período chuvoso coincide com a alta temperatura. A disseminação ocorre pela ação da chuva, vento, insetos, além de mudas, frutos contaminados, material de colheita, máquinas e implementos agrícolas e também os próprios trabalhadores rurais.
Sintomas
Os primeiros sintomas de cancro cítrico normalmente surgem na face inferior das folhas, na forma de pequenos pontos salientes de coloração marrom clara. Com o progresso da doença, estas lesões tornam-se maiores e mais escuras com aspecto semelhante a verrugas.
Figura 1: Lesões do cancro cítrico em folhas e hastes
Geralmente, as lesões são visíveis nos dois lados da folha e apresentam halo amarelado, porém, é possível ocorrer lesões sem a presença do halo e que sejam evidentes em apenas uma das faces foliares. Quando a doença está em estágio mais avançado, as lesões podem apresentar ainda halo de coloração escura e rachaduras no centro, resultado da morte do tecido foliar.
As lesões de cancro cítrico podem ocorrer também em frutos e, de maneira menos frequente, em ramos. De modo geral, estas lesões apresentam as mesmas características observadas nas folhas. Em estágio avançado, as lesões em frutos podem apresentar a formação de anéis concêntricos e rachaduras na casca, resultado do crescimento da lesão e da necrose do tecido afetado. Embora menos frequente, dependendo da suscetibilidade da variedade, as lesões em ramos também podem resultar em rachaduras e morte.
Figura 2: Lesões de cancro cítrico no fruto de laranja
Manejo
Em áreas produtoras livres do cancro cítrico, medidas de quarentena são aplicadas no sentido de impedir a entrada do patógeno. Assim, somente mudas sadias, comprovadamente livres do patógeno devem ser utilizadas.
Quando o cancro cítrico é detectado em uma nova área, todos os esforços são concentrados no sentido de se erradicá-lo através da eliminação das plantas contaminadas. A legislação atualmente em vigor permite a adoção de métodos alternativos de erradicação, como a desfolha química. Contudo, plantas comprovadamente infectadas devem ser eliminadas do pomar. Quando a doença é endêmica, admite-se a eliminação somente de órgãos da planta que apresentam sintomas, por meio de poda, e sua imediata remoção do pomar e destruição. Posteriormente, deve ser feita a pulverização com fungicidas cúpricos em plantas remanescentes.
Diante das informações apresentadas, fica claro os danos e prejuízos que o cancro cítrico pode causar em um pomar. É importante ressaltar que medidas preventivas podem ser adotadas pelos produtores, como evitar a instalação dos pomares em áreas sujeitas a ventos fortes, ou então a implantação de quebra-ventos. Deve-se inspecionar o cultivo mensalmente visando a constatação de possíveis focos de contaminação para realizar um imediato controle.