Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A ferrugem da soja foi relatada pela primeira vez em 1902 no Japão. No Brasil, foi relatada pela primeira vez em 1947, em Minas Gerais, ficando, contudo, restrita a pequenas áreas. No ano de 2001, foi observada no Paraguai e em Mato Grosso. Devido à facilidade de disseminação do fungo pelo vento, a doença ocorre em praticamente todas as regiões produtoras de soja do país.
O agente patogênico da ferrugem da soja é o fungo Phakopsora pachyrhizi e seus principais sinais e sintomas são observados nas folhas. Geralmente, a doença se inicia pelas folhas localizadas nas partes baixas da planta. Os primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos escuros (no máximo 1 milímetro de diâmetro), no tecido sadio da folha, com coloração esverdeada à cinza-esverdeada (figura 1), observados mais facilmente contra um fundo claro. Essas lesões, provenientes da fase inicial da infecção, correspondem a formação de protuberância, chamadas urédias (estruturas de reprodução do fungo), que se apresentam como pequenas saliências na lesão (figura 2). São essas saliências que diferenciam a ferrugem das outras doenças sendo sua observação facilitada com auxílio de uma lupa com capacidade de aumentar de 10 a 20 vezes.
Figura 1 – Sintomas iniciais de ferrugem asiática na face abaxial da folha de soja.
Figura 2 – Pústulas de Phakopsora pahyrhizi na face inferior da folha de soja.
A ferrugem pode ocorrer em qualquer estádio fenológico da cultura da soja, sendo considerada uma das doenças mais severas. Plantas infectadas apresentam desfolha precoce, comprometendo a formação e o enchimento de vagens, reduzindo o peso final dos grãos. Em ataques severos, as plantas ficam semelhantes a lavouras dessecadas com herbicidas (figura 3), sofrendo abortamento de flores e vagens e deficiência na granação. Quanto mais cedo ocorrer a desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, consequentemente, maior a redução do rendimento e da qualidade.
Figura 3 – Danos decorrentes da infecção de Phakopsora pachyrhizi
A presença de água na superfície da folha é um fator essencial para o início do processo de infecção pelo fungo. É necessário pelo menos um mínimo de 6 horas de molhamento foliar, sendo ideal para o fungo, molhamento acima de 10 horas. Esse “molhamento foliar” pode ser ocasionado tanto pelo orvalho como pela chuva.
Para que se identifique logo no início a ocorrência da ferrugem, é importante o monitoramento semanal da lavoura pelos produtores e técnicos. Se a ferrugem for identificada em alguma propriedade da região, o ideal é fazer a aplicação antes que o fungo se espalhe pelo vento.
A obtenção de cultivares resistentes para a ferrugem da soja é um processo muito difícil, devido à alta variabilidade do fungo (existem inúmeras raças de P. pachyrhizi). Com isso, um cultivar descrito como resistente pode ter essa resistência quebrada facilmente. O controle químico tem-se mostrado a medida mais eficiente de controle da doença. No auxílio dessa prática de controle devem-se evitar o plantio em épocas favoráveis a doença, o uso de cultivares precoces, para que o fungo não ataque plantas muito jovens, aumentando assim a severidade, e fazendo o diagnóstico mais precoce possível da ocorrência da doença na lavoura.
Por todo o exposto, fica claro as implicações que a ferrugem causa na cultura da soja. Deve-se ressaltar a importância do monitorando a lavoura, pois ao perceber os sintomas, poderá ser tarde demais, comprometendo assim a eficiência dos produtos, aumentando os custos de produção.