Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A cultura da banana tem grande relevância para o Brasil, se destacando sendo um dos países que mais produzem essa fruta. Uma das principais doenças dessa cultura é a sigatoka-amarela, conhecida desde 1902 quando foram registrados os primeiros danos econômicos nas Ilhas fiji no vale de Sigatoka e hoje está presente em todo o mundo. Considerada uma doença de distribuição endêmica, presente em todo o país, causando perdas que reduzem em média, 50% da produção.
A Sigatoka-amarela é causada por Mycosphaerella musicola, Leach (forma teliomórfica) e Pseudocercospora musae (forma anamórfica). As diferenças de comportamento, entre eles, podem se refletir na epidemiologia da doença, que é fortemente influenciada pelas condições climáticas. Três elementos associados ao clima – chuva, orvalho e temperatura – são fundamentais às fases de infecção, produção e disseminação do inóculo. Para que ocorra a doença basta o contato do esporo com uma folha de planta suscetível. Se houver presença de umidade, ocorrerá a germinação do esporo e em seguida a penetração do fungo através do estômato. As folhas mais suscetíveis à infecção, em ordem decrescente, vão da vela à terceira folha do ápice para baixo. Onde as estações do ano são bem definidas, a produção diária de inóculo pode ser relacionada com a presença de água sobre a folha (água de chuva e/ou orvalho) e com níveis mínimos de temperatura (temperatura ótima é de 25°C).
A doença se manifesta como uma leve descoloração em forma de ponto entre as nervuras secundárias da segunda à quarta folha. Com o aumento da descoloração, ocorre a formação de estrias de tonalidade amarela, que passam para coloração marrom e posteriormente, para manchas pretas, necróticas, circundadas por um halo amarelo, adquirindo a forma elíptica-alongada (figura 1).
Figura 1 Folha de bananeira apresentando sintomas da doença. Fonte: Agrolink.
O desenvolvimento dessa lesão passa por vários estádios, são eles: estádio I – é a fase inicial de ponto ou risca de no máximo 1 mm de comprimento com leve descoloração; estádio II – é uma estria já maior em comprimento, com um processo de descoloração mais intenso; estádio III – a estria começa a alargar, aumenta de tamanho e evidencia coloração vermelho-amarronzada próximo ao centro; estádio IV – mancha nova, apresentando forma oval-alongada e coloração parda, de contornos mal definidos; estádio V – ocorre a paralisação de crescimento do micélio, aparecimento de um halo amarelo em volta da mancha e início de esporulação do patógeno; estádio VI – fase final de mancha, de forma oval-alongada, com 12 a 15 mm de comprimento por 2 a 5 mm de largura, centro deprimido, de tecido seco e coloração cinza com bordos pretos e halo amarelado (figura 2).
Figura 2: Folha apresentando sintoma da sigatoka-amarela (a) e uma lesão no estádio final, estádio VI (b). Fonte: Embrapa.
A união das lesões, forma áreas maiores e necróticas, ocorrendo geralmente em estádios mais avançados da doença, com a presença da alta frequência de lesões. A morte das folhas é o maior dano provocado pela sigatoka-amarela, devido a redução da área foliar fotossintetizante e consequentemente diminuição na produção.
Pode ocorrer uma redução de aproximadamente 50% da produção, devido esses danos, entretanto em regiões onde o microclima é favorável à doença, esses prejuízos podem atingir até 100%, já que os frutos quando produzidos sem controle da doença, não têm valor comercial. Os distúrbios mais característicos observados em plantações doentes são: redução do número de pencas por cacho; diminuição do tamanho dos frutos; maturação precoce dos frutos no campo, podendo provocar também a maturação dos frutos durante o processo de logística, que no caso de exportação, provocaria a perda total. O enfraquecimento do rizoma é outro sintoma, deixando de acumular reservas a planta perde vigor e o perfilhamento se torna lento.