Cristiane Andrade Pinto
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Ainda que a qualidade da semente escolhida seja essencial para o sucesso da lavoura, no Brasil há um longo caminho a se percorrer para conscientizar todo o setor agropecuário. De toda a safra de soja plantada, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) estima que quase metade (45%) seja originada de sementes piratas. Isso porque o produtor ainda acredita estar fazendo economia ao adquirir esse tipo de semente, o que não é real, já que geralmente o material sem certificação perde em qualidade e produtividade.
José Américo Pierre Rodrigues, presidente da Abrasem – Associação brasileira de sementes e mudas, informa que a região sul, principalmente o Rio grande do Sul, e alguns pontos da região centro-oeste, são os principais problemas. “Nota-se uma crescente incidência de doenças (mofo branco, nematoides, cancros, etc.), e uma baixa produtividade”, pontua.
Para Carlos Ernesto Augustin, presidente da Aprosmat- Associação dos produtores de sementes do estado de Mato Grosso, “ o Sul está à frente da pirataria pela facilidade de produzir sementes em clima frio. Há um volume de sementes salvas e/ou piratas maior do que a região centro-oeste em função da facilidade de fazer a produção com pouco equipamento”, justifica.
Os principais prejuízos deixados pelas sementes piratas são fitossanitários (doenças), além de sementes com baixa germinação e vigor, gerando baixas produtividades. Para Carlos Augustin, a semente pirata tem menos controle de qualidade, e com ela o agricultor comete uma série de irregularidades: prejudica a agricultura e pode contaminar fitossanitariamente uma região, além de partir para o lado criminoso, sujeito a sofrer processos judiciais.
Além dos problemas de baixa qualidade das sementes e outros já mencionados, outro prejuízo importante ressaltado por Jose Américo é a não remuneração da pesquisa. Sem o recolhimento de royalties sobre as sementes certificadas (tabela 1), as empresas têm sua capacidade de investimento em pesquisa muito reduzida, o que pode ocasionar uma diminuição no lançamento de novas cultivares e tecnologias, afetando o desempenho do nosso agronegócio. Além disso, a questão da sonegação de impostos também é importante.
Tabela 1: padrões para sementes certificadas
Arroz(%) | Soja(%) | Azevém(%) | |
Germinação mínima | 80 | 80 | 70 |
Pureza mínima | 99 | 98 | 97 |
Ao adquirir sementes certificadas, além da garantia de ter um produto de altíssima tecnologia, sem incidência de doenças e de elevada produtividade, o agricultor tem a garantia de ter adquirido sementes legalmente estabelecidas. Caso ocorra qualquer tipo de problema com elas, há a quem recorrer. Além disso, as empresas de sementes oferecem assistência técnica e levam informações sobre as mais diversas cultivares disponíveis no mercado, novos produtos e tecnologias.