Cecília Donata Silva de Oliveira
Imagem de 贺新 陈 por Pixabay
Aumento do peso ao abate e produção de carne magra
É notório o aumento na produção de carne suína nos últimos anos,.tais aumentos só foram possíveis graças a pesquisas desenvolvidas em genética, nutrição, manejo, sanidade e ambiência dos animais. O aumento do peso ao abate dos animais tem sido preconizado em muitos frigoríficos pela possibilidade de se obter uma diversidade de cortes da carcaça e produtos processados.
Com o aumento do peso ao abate dos animais, pode-se aumentar a quantidade de gordura na carcaça dos mesmos, ,o que vai contra a preferência do consumidor, que tem optado pela carne magra, causando pressão sob os suinocultores. Mediante a este fato, foi implementado o sistema de tipificação de carcaça que visa bonificar ou penalizar, em função do peso e percentil de carne magra.
Como ocorre a deposição de gordura e proteína pelo animal?
Em síntese, o corpo de um suíno possui cerca de 20% de proteína e 8% de gordura. Durante o processo de digestão, absorção de nutrientes oriundos da dieta uma grama de proteína depositada pode representar 3,2 gramas de tecido magro formado já uma grama de lipídeo depositado corresponde a 1 grama de tecido adiposo formado., cConclui-se que a formação de gordura gera um maior gasto de energia para o metabolismo do animal.
A deposição proteica diária geralmente é crescente, decrescendo após o animal atingir 120 kg, já deposição de gordura ocorre quando a ingestão de energia ultrapassa a necessidade de mantença e produção de carne.
Observa-se que o consumo de suínos aumenta com o avanço do seu peso, se ocorrer a ingestão de energia em excesso resulta em maior deposição de gordura.
Restrição do consumo de energia
Uma estratégia que pode ser utilizada para evitar a deposição de gordura, permitindo que os animais aumentem a porcentagem de carne magra é a restrição de energia. Consiste em restringir a quantidade de ração fornecida aos animais, A redução quantitativa pode ocorrer entre 10 a 25% de energia, para suínos entre 95 a 120 kg. Tal prática poderia levar os animais a comportamentos atípicos e redução do bem-estar animal.
A restrição alimentar também pode ocorrer de forma qualitativa, com redução da energia da ração, pode-se incluir na dieta dos animais alimentos com baixo teor de energia, geralmente fonte de fibras.
Tabela 1 – Valores médios e coeficientes de variação (CV) de características de carcaça de suínos, em função dos níveis de restrição qualitativa.
Característica | Restrição qualitativa, % | ||||
0 | 5 | 10 | 15 | 20 | |
Peso final, kg | 127,70 | 127,90 | 127,40 | 128,00 | 127,80 |
Rendimento de carcaça, % | 83,30 | 83,80 | 84,00 | 83,80 | 83,90 |
Área de olho de lombo, cm² | 48,20 | 46,20 | 48,30 | 50,40 | 50,10 |
Carne magra na carcaça, kg | 51,80 | 52,00 | 52,40 | 53,50 | 53,70 |
Carne magra na carcaça, % | 55,70 | 55,20 | 56,60 | 58,00 | 57,40 |
Índice de bonificação, % | 111,00 | 110,40 | 112,00 | 113,80 | 113,20 |
Ganho diário em carne, g | 349 | 370 | 344 | 354 | 351 |
Adaptado de Fraga 2005. |
Ferramentas necessárias para manipular a dieta
Para aplicar a metodologia de restrição alimentar em uma granja, pontos importantes devem ser considerados tais como, :
- disponibilidade de alimentos que será necessário para reduzir o teor de energia da dieta,
- composição bromatológica dos ingredientes, a fim de realizar o ajuste preciso dos ingredientes acasalando com as demandas de proteína energia e fibra dos animais,
- precisão dos funcionários que irão realizar a batida das rações para pesagem correta dos ingredientes da ração formulada.
Referências
Fraga. Alessandro L. RESTRIÇÃO ALIMENTAR QUALITATIVA PARA SUÍNOS COM ELEVADO PESO DE ABATE. Tese apresentada à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – Unesp, Câmpus de Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do título de Doutor em Zootecnia (Nutrição e Alimentação Animal). JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL Outubro de 2005