Rafael Achilles Marcelino
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O Brasil é o terceiro país com o maior potencial de crescimento na produção de carnes nos próximos anos, sendo atualmente o 4° maior produtor de carne suína do mundo, representado por 3,1% da produção Mundial em 2010 (gráfico – 1). Para atender essa crescente demanda, se faz necessário combater as enfermidades que comprometem o desempenho na produção. Os desafios respiratórios se destacam como uma das principais causas de perdas econômicas relacionadas à sanidade dentro de uma unidade de produção de suínos. Estas perdas são representadas por morte, a necessidade de eutanásia de animais doentes, a redução na taxa de crescimento, aumento da conversão alimentar (CA), aumento do custo de produção por necessidade de um maior uso de medicamentos, além de possíveis condenações de carcaças nos frigoríficos.
Gráfico 1 – Ranking mundial de produção de carne suína em 2010
As doenças respiratórias estão entre as mais prevalentes na produção de suínos e são causadas por fatores infecciosos, ambientais, sanitários e de manejo. Um estudo brasileiro realizado em 2002 aponta que 69,3% dos animais no País apresentam lesões pulmonares no momento do abate. O impacto econômico relacionado aos problemas respiratórios é bastante sério, mesmo quando os animais não apresentam sintomas, e recai sobre os produtores. Para se ter uma ideia, a pneumonia suína, por exemplo, pode provocar entre 3% e 8% de queda de desempenho no ganho de peso por animal produzido no Brasil.
E os prejuízos não param por aí: estima-se que 0,5% dos suínos abatidos no País tenham suas carcaças desviadas da linha de abate por causas respiratórias. De acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), foram abatidos 29.072.584 de suínos no Brasil em 2010, ou seja, mais de 145 mil animais teriam tido suas carcaças desviadas por conta das doenças respiratórias.
O estabelecimento de um programa eficiente de prevenção e a agilidade na tomada de ações para controle dos surtos aliada à escolha de medicamentos que permitam o tratamento global do lote ajudam a evitar mortes no plantel e diminuir as perdas relacionadas aos problemas respiratórios em suínos.
O principal agente causador e porta de entrada das doenças respiratórias em suínos é o Mycoplasma hyopneumoniae. Esse patógeno modula o sistema imune e altera os mecanismos de defesa dos pulmões, facilitando a instalação de infecções por outras bactérias. Os animais têm sinais de tosse, dispneia (dificuldade respiratória), corrimento nasal, febre, falta de apetite e perda de peso. Na fase inicial, a tosse é seca, mas os sintomas evoluem de acordo com o quadro clínico que se estabelece. É preciso lembrar que, mesmo antes dos sinais clínicos dos problemas respiratórios aparecerem, há uma demanda de nutrientes no organismo dos suínos para produzir a resposta imune.
Sintomas – Os animais têm sinais de tosse, dispneia (dificuldade respiratória), corrimento nasal, febre, falta de apetite e perda de peso. Na fase inicial, a tosse é seca, mas os sintomas evoluem de acordo com o quadro clínico que se estabelece e a gravidade das lesões. Manifestações subclínicas (sem sintomas) também causam prejuízos de conversão alimentar e pioram o ganho de peso dos suínos.
Consequências – Interferência no desenvolvimento corporal dos animais afetados, mortalidade e condenação de carcaças. Ocorrências como essas acabam demandando gastos maiores com tratamento dos animais que, se não forem medicados adequadamente, disseminam os agentes para o resto do plantel – reduzindo o rendimento e, muitas vezes, inviabilizando a continuidade da produção.
Prevenção e tratamento – A prevenção tanto por meio da vacinação (figura – 1) quanto por meio da metafilaxia com antibiótico é a medida ideal para evitar o aparecimento das doenças respiratórias em forma de surto nos suínos. É importante que os leitões sejam protegidos ainda nas maternidades. Também devem ser mantidos bons níveis de biossegurança e sanidade nas granjas, além de condições de alimentação e temperatura adequadas para os animais O tratamento destas enfermidades é feito pela administração de antibióticos
Figura 1 – Vacinação suinos
O prejuízo das manifestações subclínicas não é fácil de ser mensurado no campo, mas existem dados de pesquisa que estimam essas perdas. Toda vez que o animal precisa acionar o sistema imune, o desenvolvimento é prejudicado. Não deixar o suíno adoecer, impedir que o sistema imune seja minimamente ativado traz um importante benefício de ganho de peso. A metafilaxia, forma de tratamento que permite tratar os que estão doentes e prevenir as doenças nos animais sadios que tiveram contato com suínos já clinicamente doentes, é uma boa estratégia nesse sentido.
No inverno as doenças respiratórias nos suínos agravam, principalmente no sul do País, pois as instalações dos plantéis são mantidas fechadas. As reincidências também se mostram um desafio constante para o controle destas doenças. Para controlar as doenças respiratórias, é preciso trabalhar o ciclo corno um todo. Os leitões são colonizados ainda na maternidade, pela própria matriz, para todos os agentes respiratórios relevantes. E, se um lote tem problemas clínicos nas creches, o risco de reincidência é muito maior nas terminações. As doenças respiratórias precisam ser tratadas de maneira preventiva para se evitar que aconteçam na forma de surto. Caso contrário, os prejuízos passam a ser muito grandes.