Pedro Felipe Martins da Silva
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A doença conhecida como mofo-branco ou podridão branca de esclerotinia é causada pelo fungo Sclerotinia sclerotiorum que tem a capacidade de infectar mais de 408 espécies diferentes de plantas e pode comprometer boa parte da produção de grandes culturas de interesse econômico como por exemplo o feijão, girassol, ervilha, tomate, algodão, soja, nabo forrageiro dentre outras espécies de grande interesse econômico.
Inicialmente os primeiros surtos da doença tendem a aparecer em reboleiras produzindo nessas áreas estruturas de resistência denominas escleródios (figura 1) que retornam ao solo junto com restos culturais, sendo assim a principal forma de sobrevivência desses patógenos. Com o clima favorável e com a presença de hospedeiros em campo, esses escleródios presentes no solo germinam e produzem o micélio que por sua vez infecta diretamente o tecido da planta. Outro grande problema em relação aos escleródios produzidos pelo fungo é que tais estruturas de resistência permanecem viáveis no campo por mais de 5 anos sem germinar, somente esperando um certo momento em que todas as condições estejam favoráveis.
Figura 1- Estruturas de resistência (escleródios) do fungo causador do mofo branco.
Como o determinado fungo tem a capacidade de infectar uma diversa gama de hospedeiros, ocorrem diferentes tipos de sintomas em relação à infecção causada pela Sclerotinia sclerotiorum, porém existem alguns sintomas que são comuns a grande maioria das espécies atacadas, que assim pode auxiliar no diagnóstico em campo. Os sintomas mais comumente encontrados em lavouras atacadas por mofo branco são a formação de micélio cotonoso de coloração branca, com a presença de micélios de coloração negra e lesões aquosas em todos os tecidos das plantas.
- Estratégias de controle
Em razão de o patógeno produzir estruturas de resistência durante seu ciclo, o controle do fungo em uma determinada área se torna complicado após a incidência do mesmo na lavoura, em razão dessa realidade todos os esforços devem ser direcionados no sentido de que se evite a ocorrência inicial da doença na área de produção. Dentre as inúmeras práticas que ajudam a impedir o aparecimento do mofo branco na lavoura, destacamos o uso de sementes sadias, constante limpeza de maquinários e implementos, rotação de cultura adequada, controle eficiente da irrigação, boa calagem e adubação. Vale a pena ressaltar que existem inúmeras práticas de controle desse determinado patógeno, porém nesse artigo iremos abordar somente as que foram mencionadas acima.
O uso de sementes contaminadas é a principal via de entrada do mofo branco na lavoura, através do uso de sementes certificadas, o produtor terá mais segurança que não levará o patógeno na sua área de plantio. Na ocasião da semeadura o produtor deve realizar o tratamento de sementes com fungicidas a fim de tentar eliminar algum possível inóculo presentes no lote, em casos que o produtor for utilizar sementes de uma lavoura do ano anterior, o mesmo deve rebeneficiar tais sementes e proceder com o tratamento de sementes.
A constante lavagem de maquinários e implementos é de vital importância quando desejamos evitar a disseminação de escleródios de uma área para outra. Em locais com histórico dessa doença devem ser colhidos por último para que se reduzam os riscos de contaminação.
Dentre as demais praticas culturais, destacamos a rotação de cultura como forma de manejo do mofo branco, devemos nos planejar em planejar rotações com culturas da família das Poaceae, pois as mesmas não são sensíveis ao ataque desse fungo e por sua vez diminuem o inóculo presente na área. Como forma de rotação destacamos a rotação com milho, brachiaria, sorgo e milheto.
O uso consciente da irrigação é fator determinante no controle da doença, tendo em vista que o fungo é totalmente dependente da umidade do solo para conseguir germinar. A infecção pode ser controlada mantendo a superfície do solo mais seca quando possível, principalmente na ocasião do enchimento e maturação de vagens. Também segundo alguns pesquisadores irrigações mais intensas e menos frequentes ajudam a diminuir a severidade dos ataques. Recomenda-se o uso de tensiômetros (figura 2) para que a irrigação seja controlada de acordo com a umidade no solo.
O uso com critério de adubos e corretivos tem sido considerado uma forma de controle do patógeno, em virtude do cálcio presente nos calcários ser responsável por estimular os mecanismos de defesa da planta e consequentemente aumentando a tolerância da lavoura ao ataque.
Figura 2- Tensiômetro empregado no manejo da irrigação.
Para o efetivo sucesso no controle do mofo branco nas áreas de produção agrícola, é necessário que toda a equipe empreenda esforços em evitar a entrada do fungo na área de produção, é recomendado que sempre tenha em mãos o histórico da área de cultivo a fim de detectar algum problema relacionado ao aparecimento da doença e que possa a vir a ser uma fonte de disseminação para toda área.