Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A cultura do café está sujeita ao ataque de pragas, que de conformidade com as condições climáticas, sistema de cultivo ou desequilíbrio biológico, podem causar danos consideráveis, prejudicando o desenvolvimento e produção das plantas.
A broca-do-café Hypothenemus hampei (Coleoptera: Scolytidae) é uma das pragas que provoca maiores prejuízos à cafeicultura, pois, atacando os frutos, afeta diretamente a produção. Dependendo do nível de infestação, os prejuízos podem chegar a 21%, somente pela perda de peso. Além disso, a qualidade do café fica prejudicada, uma vez que as porcentagens de grãos brocados e quebrados aumentam proporcionalmente ao aumento da infestação da praga, resultando num produto de tipo e valor comercial inferiores, pois, para cada cinco grãos brocados e/ou quebrados encontrados na amostra, o lote de café correspondente é penalizado com um defeito no sistema de classificação.
O correto controle da broca é em sua “época de trânsito”, ou seja, quando seus adultos fêmeas abandonam os frutos secos não colhidos, nos cafeeiros e no chão, onde se criaram e se multiplicaram na entressafra, e procuram frutos chumbões verdes para perfurá-los na região da coroa (figura 1).
Figura 1: Fruto perfurado pela broca na região da coroa
Nesses frutos, que apresentam 86% de umidade, inclusive suas sementes, a broca fêmea adulta apenas os perfura, sem colocar ovos, portanto, sem causar prejuízos, já que sementes aquosas não são alimento ideal para as suas larvas, só o fazendo posteriormente, quando os frutos apresentam menor umidade, de 70 a 80%, e sementes já com certa consistência, aí sim, alimento ideal para as suas larvas. Assim, os prejuízos são causados pelas larvas da broca, que comem as sementes, danificando-as. Os adultos, não se alimentam, já que dispõem de energia acumulada em seu corpo. Sua única função é reprodutiva.
Após a sua “época de trânsito”, a partir do mês de março, as fêmeas adultas da broca perfuram frutos verdes chumbões, verdes cana, cerejas, passas e secos, logo ovipositando neles (figura 2). Assim, o controle químico da broca deve ser realizado em sua “época de trânsito”, visando matá-la nos frutos verdes chumbões aquosos, por ela perfurados, para evitar que ovipositem posteriormente e causem prejuízos pela ocorrência de seus ciclos evolutivos (figura 3).
Figura 2: Oviposição da broca nos frutos de café
Figura 3: Ciclo evolutivo da broca-do-café com suas fases
O monitoramento é uma ferramenta que ajuda o cafeicultor a identificar as áreas infestadas pela broca para o uso racional de inseticida. As pesquisas mostram que o controle químico não é necessário em toda a lavoura porque o ataque da praga é desuniforme. Em geral, somente 35% do total da lavoura requer controle químico. As lavouras novas, nas primeiras safras, não apresentam infestação da broca por isso não requerem controle químico. O cafezal deve ser dividido em talhões, agrupamentos de plantas numerados e separados por espaços necessários para a passagem de máquinas e equipamentos. Em cada talhão devem ser escolhidos, aleatoriamente, 30 cafeeiros para o levantamento de dados.
Diante o artigo apresentado, pode-se observar os grandes prejuízos que a broca-do-café causa nas lavouras cafeeiras. O controle da broca na cafeicultura brasileira é simples e eficiente através do monitoramento. Assim, torna-se importante o produtor conhecê-la em detalhes para controlá-la com eficiência e racionalmente, já que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café, sendo que os nossos compradores rejeitam cafés broqueados.