Cecília Donata Silva de Oliveira
Consumo de alimentos
A quantidade de matéria seca que o animal pode consumir de maneira volutaria é denominado consumo voluntário de alimentos, o consumo de matéria seca (CMS) é um fator muito importante, dado que o princípio da nutrição animal se dá a partir da ingestão de alimentos. Inúmeras variáveis são mensuradas e controladas na produção de ruminantes, porém conhecer o consumo e os fatores que o afetam como características do alimento, animal, ambiente forma de manejo é essencial na nutrição animal e possui ligação com o custo de produção. Outro ponto importante é que os nutrientes que serão absorvidos depende de fatores como a taxa de digestão e taxa de passagem, a digestibilidade dos alimentos pode reduzir com o aumento do consumo visto que ocorre o aumento da taxa de passagem e este alimento é submetido ao um menor tempo de exposição aos microorganismos que são responsáveis pela digestão.
Figura 1. Controle do consumo de alimentos e fatores que o afetam.
Figura 2- Fonte: ROSELER (1998). Disponível em: https://repositorio.ufu.br/bitstream/123456789/24175/1/ConsumoObservadoPredito.pdf
Os fatores descritos acima interagem entre si, e prevê como será a ingestão de alimentos pelo animal em uma determinada situação.
Mecânismos de regulação de consumo
Físico – Os mecanismos de regulação física de consumo está associado com a digestibilidade e o fluxo com que o alimento passa pelo rúmen e outras partes do tratogastrointestinal (TGI). Cenários onde a dieta que os ruminantes estão recebendo é rica em fibra e pobre em energia, o animal irá realizar a ingestão de alimento para atender a sua exigência até o ponto em que o consumo será limitado, devido a capacidade de distensão ruminal ter sido atingida, portanto, fornecer a concentração de energia abaixo da necessária pode prejudicar o desempenho animal.
Fornecer aos animais uma dieta de alta digestibilidade tende a reduzir o consumo, quanto maior for a digestibilidade do alimento, pois o animal precisará ingerir pequenas quantidades para atender a sua exigência. Já dietas de baixa digestibilidade o consumo será maior quanto maior for a digestibilidade do alimento.
O teor de fibra em detergente neutro (FDN) da dieta possui correlação com o enchimento físico do rúmen, pois a FDN é um dos principais fatores relacionados a dieta que pode promover a regulação física de consumo. Animais que possuem elevadas exigências nutricionais quando consomem uma dieta fibrosa, ele necessita ingerir um excesso de nutrientes para atender as suas exigências e mesmo assim não consegue, devido à capacidade volumétrica do rúmen já ter sido alcançada.
A ingestão de FDN de baixa digestibilidade limita o consumo, pois fibra de baixa digestibilidade possui menor taxa de passagem pelo trato digestivo. Os compartimentos do rúmen (rúmen-retículo e o abomaso) tem receptores que regulam o consumo de acordo ao volume, peso dos alimentos ali retidos, fibra de baixa digestibilidade tendem a ficar mais tempo retido causando a sensação de saciedade e enchimento (regulação física de consumo).
Vale ressaltar a importância da avaliação do FDN forrageiras, visto que este pode ser um importante limitador de consumo, avaliar a FDN permite verificar o nível de inclusão da forragem na dieta para que o consumo seja maximizado e a saúde ruminal não, seja prejudicada.
Fisiológico – Neste caso a regulação de consumo é através da exigência do animal (mantença, produção, reprodução entre outras), onde o CMS tende a ser similar aos requerimentos nutricionais do anima, desde que a dieta esteja formulada com o teor de nutrientes adequados e que restrições físicas não exerçam controle sob a regulação de consumo.
O manejo nutricional de ruminantes exerce grande impacto sob o desempenho dos animais, e comparada a outras variáveis a nutrição representa boa parte dos custos do sistema de produção. Fornecer fibra aos animais ruminantes é importante para auxiliar na saúde ruminal e pode reduzir gastos com alimentos concentrados a depender da forragem utilizada e dos métodos de conservação, contudo atenção deve ser dada a digestibilidade do FDN desta forrageira que deve ser avaliado, bem como avaliação química dos demais componentes da dieta.
Referências:
FERREIRA. ALINE M. S. CONSUMO OBSERVADO E PREDITO PELOS SISTEMAS NUTRICIONAIS EM BOVINOS DE CORTE CONFINADOS. Dissertação apresentada à coordenação do curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito parcial a obtenção do título de Mestre. UBERL NDIA – MG 2019.
SERGIO F. FERREIRA. ET AL. FATORES QUE AFETAM O CONSUMO ALIMENTAR DE BOVINOS/FACTORS AFFECTING FOOD CONSUMPTION OF CATTLE. ISSN: 2238-9970 Arquivos de Pesquisa Animal, v.2, n.1, p.9 – 19, 2013.