Pontos importantes para produzir uma boa silagem de milho: recomendações do Dr. Mike Hutjens
Marcelo Hentz Ramos, PhD – Diretor 3rlab
Durante o mês de abril de 2015 Dr. Mike Hutjens, um dos mais renomados nutricionistas da atualidade, apresentou alguns pontos que ele considera de extrema importância na preparação de silagem de milho. Iremos discutir alguns pontos neste espaço.
Dr. Hutjen considera que além do híbrido vários fatores são responsáveis para produzir uma silagem de boa qualidade: estágio de maturidade da planta, perdas na colheita, fertilidade solo, temperatura, chuvas, quantidade de sol, etc. Ele coloca especial atenção na qualidade da fibra (FDN) da silagem de milho sobre alguns parâmetros importantes: “uma unidade de aumento na digestibilidade do FDN equivale a 120 g de aumento de consumo de matéria seca (CMS) e 210 g de leite corrigido por gordura”. Certamente dois pontos que todo nutricionista deve ser preocupar em uma fazenda: CMS e produção de leite.
Um dos conceitos discutidos no webinar foi a utilização do FDN que não é disponível para vaca (FDNi). Este conceito esta sendo utilizado como um marcador e ajuda a colocar uma meta de CMS na fazenda. Dr. Hutjens considera que entre 2.7 kg a 2.9 kg de FDNi é o consumo máximo de uma vaca. Como exemplo, uma dieta com 33% de FDN, CMS de 23 kg e 35% de FDNi, este rebanho deve ser capaz de consumir 2.6 kg de FDNi. Se o rebanho estiver consumindo menos certamente existem pontos na fazenda que podemos melhorar.
Com relação ao enchimento de silo, Dr. Hutjens recomenda:
- enchimento rápido
-
focar em densidade
-
15 cm a 20 cm espessura da camada
-
minimizar sujeira no pneu do trator
-
utilizar tratores pesados
Um ponto importante discutido no seminário foi a necessidade da utilização de inoculantes. Na tabela 1 podemos observar o impacto do inoculante na silagem. Podemos observar melhoras em parâmetros importantes do silo (recuperação de matéria seca, digestibilidade da matéria seca e produção de leite). A conclusão do estudo é que o custo/benefício é de 1:6, ou seja, para cada R$1 real investido o produtor deve ser capaz de recuperar R$6.
Certamente um fator de extrema importância discutido pelo Dr. Hutjens é o processamento do grão da silagem de milho. Não estamos falando do tamanho de partícula, mas sim do grão presente na silagem. Podemos observar na figura 1 o impacto do processamento na produção de leite. Para cada unidade de variação no processamento existe uma variação de 1 kg de leite ou 1 kg de milho. Em adição podemos observar na figura 2 uma planta sendo colhida com grãos mau processados, estes grãos estarão presentes na silagem (figura 3) e não irão contribuir para produção de leite na fazenda.
A educação continuada é de extrema importância para o aumento da eficiência nas nossas fazendas comerciais. Desta maneira o 3rlab desenvolveu o webinar e o ciclo de palestras. O webinar é um programa mensal de palestras gratuito com os mais renomados professores e técnicos (https://www.3rlab.com.br/palestra-do-mes/) com o objetivo de fornecer o que existe de mais avançado aos nutricionistas brasileiros via web. O ciclo de palestras tem o objetivo de levar um professor americano reconhecido aos grandes centros produtores de leite e apresentar novidades que podem ser implementadas em nossas fazendas comerciais (https://www.youtube.com/watch?v=9g42rVdIEs8). A ciência continua entregando resultados, precisamos aplica-los em nossas fazendas.
Tabela 1 – Resultado de avaliação de 18 trabalhos publicados na em revistas científicas sobre o impacto da aplicação de inoculantes (I) versus controle (C).
C | I | |
pH | 3.9 | 3.8 |
Ácido lático, % | 5.1 | 5.2 |
Ácido acético, % | 1.6 | 1.5 |
Recuperação de MS, % | 86 | 90 |
Digestibilidade da MS, % | 67 | 69 |
Leite, kg | 32.1 | 32.7 |
Figura 1 – Impacto do grau de processamento do grão de milho na produção de leite. Kernel processing score = Grau de processamento do grão de milho. Poor = ruim. Adequate = adequado. Excellent = excelente. Cada unidade de variação equivale a 1 quilo de leite ou 1 quilo de milho.
Figura 2 – Exemplo de material mau processado (grão) durante a colheita.
Figura 3 – O mesmo milho mau processado na colheita estará presente na silagem.