Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Percevejos são insetos sugadores com enorme potencial de ocasionar prejuízos na cultura da soja. Embora estejam presentes desde o período vegetativo da cultura, é no período reprodutivo que ocorrem os prejuízos. De todos eles, a espécie que merece destaque nas práticas de manejo da lavoura é o percevejo marrom Euschistus heros (figura 1), por ser considerado o mais abundante nas lavouras de soja do Brasil.
Figura 1: Adulto de Euschistus heros
O percevejo marrom é um inseto sugador pertencente à família Pentatomidae. A soja é a principal planta hospedeira desta praga e após sua colheita ela pode sobreviver, alimentando-se de outras plantas hospedeiras (daninhas ou cultivadas). Além disso, nos períodos mais frios ocorre a redução do crescimento e do desenvolvimento de insetos e outros animais até o início da nova safra.
O ciclo biológico desse inseto compreende a colocação dos ovos em forma de colunas, geralmente 2 a 3, de cor amarela, possuindo de 6 a 15 ovos (figura 2). Logo esses ovos passam a adquirir cor bege e por fim ficam róseas. As ninfas na fase inicial possuem cor marrom-clara ou amarelada e tornam-se acinzentadas ou esverdeadas. No total, o percevejo marrom passa por cinco instares até chegar na fase adulta.
Figura 2: Postura do percevejo marrom
Na fase adulta o inseto desenvolve expansões laterais, com formato de espinhos pontiagudos. Essa praga possui o hábito de se esconder nos períodos mais quentes do dia e sai para se alimentar nos períodos mais frescos, ao amanhecer ou entardecer, ficando assim, mais exposto ao controle químico. Os percevejos podem atacar ramos e hastes, porém, o maior prejuízo ocorre quando atacam vagens em formação, ocasionando má formação de grãos, “grãos chochos”, ou ainda a sua ausência. Quando grãos são destinados para sementes, esses poderão ter sua qualidade fisiológica muito afetada. A fase de maior susceptibilidade da cultura da soja ocorre em R4 (final de desenvolvimento de vagens). Por isso, o correto levantamento populacional e identificação do instar do percevejo nos períodos que antecedem essa fase são essenciais para realizar um bom controle e, assim, evitar possíveis prejuízos.
O controle químico é uma das principais estratégias para evitar ou reduzir os danos causados pelos percevejos. A correta identificação dos mesmos é muito importante para determinar os níveis de infestação e, assim, definir a época e a prática mais adequadas para o controle. O controle deve ser realizado na fase reprodutiva da soja, sempre que a população for maior ou igual a 2 percevejos por pano de batida. O monitoramento deve ser iniciado no início da fase reprodutiva, pois poderá ser necessária uma antecipação das aplicações, caso seja identificado uma população muito elevada no período que antecede a fase R4.
Diante do artigo apresentado, foi possível conhecer melhor o percevejo marrom, uma das pragas mais importantes na cultura da soja. O sucesso do controle dessa praga está no monitoramento populacional adequado, aliado à correta identificação do instar de desenvolvimento e à fase crítica de danos na cultura da soja. É importante lembrar que o agricultor deve monitorar a lavoura frequentemente, com práticas de manejo de resistência dos insetos, como rotação de ativos.