Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
A antracnose foliar do milho (figura 1) causada pelo fungo Colletotrichum graminicola, está entre as principais doenças na cultura do milho. Sabe-se que esta não ataca somente a folha, incidindo também sobre outras partes da planta, como por exemplo no caule, onde causa a “podridão”.
No Brasil, a doença ocorre em todas as regiões produtoras do milho e sua incidência tem sido favorecida nos locais em que se utilizam do sistema de plantio direto somado a não utilização da rotação de culturas e o aumento das áreas de plantio do milho na safra e na safrinha. Dessa maneira, a doença pode gerar um impacto negativo na produção de até 40% em cultivares suscetíveis sob as condições favoráveis do ambiente, sendo estas basicamente alta umidade e temperatura elevada.
Figura 1- Antracnose foliar em uma folha do milho
Sintomas
A antracnose é uma doença foliar facilmente detectada no campo e diferentemente dos outros tipos de podridão pode ocorrer em qualquer fase de desenvolvimento da planta e seus sintomas podem ocorrer em qualquer parte da planta. Os sintomas no limbo foliar podem alcançar até 1,5 cm de comprimento e são caracterizados por lesões de coloração marrom escura e formato oval a irregular,normalmente forma-se um halo amarelado ao redor da área doente das folhas. Em determinadas condições, ditas favoráveis, as lesões podem se agravar causando necrose em parte do limbo foliar e dentro destas se encontram pontuações escuras que são as estruturas de frutificação do patógeno, chamadas de acérvulos.
Nas nervuras as lesões caracterizadas por coloração marrom avermelhada resultam em uma necrose foliar em formato de V invertido, sendo muitas vezes confundido com deficiência de nitrogênio.Já no colmo, os sintomas na casca (figura 2) surgem bem após a polinização, são caracterizados por lesões mais estreitas inicialmente de coloração pardo avermelhadas, tornando-se castanho escuras ou pretas com o passar do tempo. No interior do colmo, alguns internódios e até mesmo o colmo inteiro pode ser afetado e os tecidos internos tornam-se escuros, entrando em processo de desintegração.
Figura 2- Sintomas de antracnose no colmo da planta do milho – fonte: agrolink.com.br
Sabe-se que o índice de incidência da doença está relacionado a diversos fatores. Como já foi citado acima, as regiões em que se utilizam do sistema de plantio direto associado a não rotação de culturas está mais suscetível ao aumento na taxa de incidência do fungo. Esse aumento é resultado da quantidade inicial de inoculo presente nos restos da cultura, isto é, na palhada. Além disso, as condições ambientais, especialmente temperaturas elevadas (28 a 30o C), alta umidade relativa do ar e chuvas frequentes favorecem para o desenvolvimento e reprodução do fungo.
Entretanto, um dos maiores complicadores à ocorrência da antracnose é a inexperiência por parte da maioria dos técnicos e produtores em reconhecer os sintomas dessa doença. Sendo assim, permitem que esta ocorra em altas severidades, resultando de maneira expressiva em perdas na produção.
Métodos de controle
Na escolha dos métodos de controle, é interessante utilizar um manejo integrado bem como o estudo aprofundado da variabilidade de Colletotrichum graminicola quanto a provável ocorrência de patótipos. Sabe-se que o controle genético é atualmente o método mais eficiente de controle da doença, e também possui menor custo para o produtor. Existem diversos híbridos com resistência à fase foliar da doença, entretanto essa resistência não é associada a fase do colmo. Dessa maneira, é importante a utilização de histórico de incidência e análise das condições climáticas na fazenda para que se possa fazer a melhor escolha do cultivar a ser plantado. Somado ao uso de cultivares resistentes ao patógeno é importante realizar a rotação de culturas, adubação equilibrada e evitar plantios sucessivos para que se possa reduzir o potencial do inoculo desse patógeno presente nos restos culturais.
Sabe-se que o fungo pode sobreviver em restos culturais por dez meses, sendo assim a rotação deve ser feita com culturas não hospedeiras por mais de um ano. Além disso, o produtor deve estar sempre pronto para o uso de fungicidas como estratégia complementar para o controle da antracnose foliar. O controle químico tem se mostrado eficiente quando utilizado como estratégia complementar, chegando até 80% da redução da área abaixo da curva de progresso da doença (AACPD). Os fungicidas que apresentam melhor índice de eficiência no controle são os formulados a base de azoxistrobina e ciproconazo utilizados em pulverizações sequenciais.
Portanto, é essencial o técnico ou produtor buscar informações sobre a doença, principalmente no reconhecimento dos sintomas para que se possa manejar melhor os métodos de controle e obter bons índices de eficiência, evitando assim que a doença cause sérios problemas ao bolso do produtor.