Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Na agricultura, utilizar adubo é uma das maneiras de acelerar a produção de nutrientes, recuperar a terra, e manter a produtividade do solo para as plantações. Em residências, essa pode ser uma alternativa para aumentar a fertilidade de hortas e canteiros e ter plantas mais bonitas e saudáveis, especialmente se utilizar adubos naturais. A compostagem é uma das principais técnicas para obter esses fertilizantes e ainda resolve dois problemas de uma vez só, pois combate uma das principais questões do mundo contemporâneo: o desperdício de alimentos.
Um terço dos alimentos do mundo vai para o lixo. Só no Brasil, são 40 mil toneladas todos os dias. Embora nem todo esse montante seja útil para a compostagem caseira (alimentos já cozidos têm gorduras que dificultam a ação dos microrganismos e carnes provocam mal cheiro) muitos restos de materiais orgânicos como cascas, talos e restos de salada ou o que sobra de uma poda podem virar composto de qualidade.
A compostagem é um processo biológico em que os microrganismos, como bactérias e fungos, se alimentam de matéria orgânica e deixam para trás o húmus (material orgânico semidecomposto completo nutricionalmente) que ajuda na retenção de água e melhora as características do solo, além de gerar redução de herbicidas e pesticidas devido a presença de fungicidas naturais
O processo segue alguns passos. Primeiramente deve-se construir a composteira com tambores, baldes, cercados de madeira ou o que mais tiver disponível, mas também existem várias opções à venda no mercado. É recomendado utilizar as que tenham furos na parte inferior ou um sistema que permita que o chorume (líquido que se forma durante a decomposição) escorra e seja retirado (figura 1). A composteira deve ficar em um lugar bem ventilado, pois as bactérias aeróbicas precisam de oxigênio, além disso, a umidade e temperatura devem ser equilibradas.
Figura 1: Esquema de um exemplo de composteira, com sistema que permite que o chorume seja retirado
Para absorver a umidade do húmus e facilitar a aeração, deve-se cobrir o fundo da composteira com terra seca (figura 2) e, em seguida, depositar os resíduos orgânicos que serão decompostos (figura 3). É possível também que se adicione minhocas (figura 4) ou, caso o ambiente permita, um pouco de esterco. As minhocas se alimentam da matéria orgânica e liberam milhares de bactérias em seus excrementos, fazendo com que acelere muito a compostagem (vermicompostagem). O esterco é outra opção para o mesmo fim: fornecer microrganismos para a decomposição.
Figura 2: Terra seca para forrar o fundo da composteira
Figura 3: Resíduos orgânicos que serão decompostos, logo acima da terra seca
Figura 4: Utilização de minhocas no processo de compostagem
A tampa da composteira deve permanecer fechada. A cada 2 ou 3 dias, o composto é revirado para difundir os microrganismos e suas ações. Se o mal cheiro aparecer, além de retirar o chorume, pode se acrescentar borra de café em cima da mistura.
Por fim, uma observação importante: o processo é lento, e deve-se esperar pelo menos 2 meses para obter um adubo rico em nutrientes e retirar o conteúdo da composteira. E não é interessante cortar caminho. Colocar muito lixo diretamente sobre a terra, no pé das plantas, provoca queimaduras nos vegetais por conta da intensidade do trabalho dos microrganismos.
Diante do artigo apresentado, foi possível observar o quão prático é a realização da compostagem. Além disso, com a transformação das características dos resíduos em material rico em nutrientes, a compostagem promove a valorização de resíduos, antes sem relevância e que seriam destinados a aterros sanitários, em adubos e fertilizantes orgânicos compostos, exercendo papel importante na preservação do meio ambiente.