Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
O feijão é um alimento de extrema importância na alimentação do brasileiro, junto ao arroz formam a base da dieta. Os estados que mais produzem o grão são: Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso, Bahia e São Paulo. Esses estados produzem em média uma tonelada por hectare.
O Brasil é responsável por mais de 10% da produção mundial, ocupando o segundo lugar no ranking dos maiores produtores mundiais de feijão, sendo superado apenas pela Índia. Dessa maneira, é possível observar a importância do grão para a economia do país.
Sabe-se que são vários os fatores dificultam o potencial produtivo do feijoeiro, entre estes estão às pragas e doenças que podem atacar a cultura tanto em campo quanto em pós colheita. A principal praga que ataca a cultura é a mosca branca (figura 1), transmitindo ao feijoeiro o mosaico dourado.
Figura 1- Mosca branca, transmissora do vírus causador do mosaico dourado.
O ataque da mosca branca (Bemisia argentifolii) resulta em grandes perdas na produção, o inseto atua: retirando seiva elaborada da planta, abrindo porta para fungos oportunistas e transmitindo o vírus do mosaico dourado. Ocasionando em falhas no enchimento das vagens, perdas na quantidade e qualidade dos grãos, bem como no crescimento da planta. As perdas podem variar dependendo da época do ano, estádio da planta, incidência do inseto e entre outros.
Sintomas
A mosca transmite o vírus com enorme eficiência, podendo levar poucas semanas para que 100% da lavoura esteja infectada. Ao se alimentar de uma planta infectada, o inseto pode adquirir o vírus do mosaico dourado. O inseto infectado, ao se alimentar de uma planta sadia, inocula o vírus e algumas toxinas no sistema vascular do feijão.
Após a infecção, começa o desenvolvimento da doença no feijoeiro. Os sintomas tornam-se evidentes quando as plantas apresentam de duas a quatro folhas trifoliadas. Estas que manifestam um intenso amarelecimento do limbo foliar, delimitado pela coloração verde das nervuras, dando um aspecto de mosaico (figura 2). Nos cultivares suscetíveis, as folhas jovens apresentam-se totalmente deformadas e caso ocorra a infecção na fase de plântula, pode ocorrer redução dos internódios e consequentemente do tamanho da planta. As vagens infectadas podem apresentar-se deformadas e manchadas. Os sintomas causam redução da área fotossintética das folhas, alterações no crescimento da planta e floração reduzida, consequentemente gerando perdas na produtividade.
Figura 2- Sintomas do mosaico dourado na folha do feijoeiro.
Inicialmente, a doença se expressa por meio de pequenas pontuações verde-amareladas. Posteriormente tais pontuações crescem em formato e extensão e cobrem toda a superfície do limbo foliar, deixando os folíolos com coloração amarelo-dourado.
Controle
Diante do que foi apresentado acima, fica evidente a necessidade de realizar um monitoramento do desenvolvimento e incidência da praga para que se possa tomar medidas que visam controlar a população da mosca branca, evitando assim que esta cause danos econômicos ao feijoeiro.
Não existe uma única maneira de eficiência absoluta no controle do mosaico dourado do feijoeiro. Dessa maneira, é necessário realizar alguns métodos e recomendações em conjunto, ou seja, um manejo integrado de pragas (MIP). Uma das principais medidas é a utilização de cultivares com alguma resistência, como por exemplo: cultivares BR 10 – Piauí, BR 14 – Mulato e BR 17 – Gurguéia, além do GM 5.1 desenvolvida pela EMBRAPA altamente resistente ao vírus do mosaico dourado.
Além do uso de cultivares resistentes, recomendam-se outras medidas para a redução da infestação nas lavouras. Tais como: escolha de épocas adequadas de plantio, plantio de área de refúgio, adoção de períodos de vazio sanitário, não semear a cultura nos períodos de alta incidência e infestação da mosca branca e a adoção do sistema de rotação de culturas.
É recomendado também o uso adequado de inseticidas (neonicotinóides: imidacloprid, acetamiprid e thiamethoxam), além de reguladores de crescimento (buprofezim e pyriproxyfen). No controle químico é extremamente importante realizar a alternância de produtos pertencentes a diversos grupos químicos, objetivando evitar a indução de resistência da praga a determinado princípio ativo. Atualmente, existem diversos produtos químicos registrados para o controle da praga. Entretanto, o controle químico é dificultado pela enorme capacidade do inseto em desenvolver resistência às moléculas e, principalmente, ao fato da ninfa da mosca branca, durante seu desenvolvimento, fixar-se na parte abaxial das folhas do feijoeiro.
No controle biológico recomenda-se a utilização de parasitóides dos gêneros Eretmocerus, Amitus e Encarsia. No uso de entomopatógenos, os fungos Verticillium lecanii, Paecilomyces fumosoroseus, Aschersonia aleyrodis, Trichoderma spp. Beauveria bassiana apresentaram ação significante sobre a mosca branca. Entretanto, a aplicação desses agentes deve ser realizada em condições ambientais que favorecem o desenvolvimento dos fungos. Além disso, devem ser aplicados na dose correta e que condiz com a realidade do campo.