Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O mal-do-Panamá é também conhecido como murcha de Fusarium ou fusariose da bananeira. Os primeiros prejuízos importantes foram relatados no Panamá, em 1904, sendo esta a provável razão do nome mal-do-Panamá. Há relatos de que, num período de 50 anos, mais de 40 mil hectares de terras cultivadas com banana foram abandonadas devido à fusariose, em toda a América Central e do Sul. Por esta razão, é considerada a doença mais devastadora, afetando plantações comerciais de banana no hemisfério ocidental entre os anos 1900 e 1960. No Brasil, a doença foi constatada pela primeira vez em 1930, no estado de São Paulo, sobre a variedade Maçã.
A doença é causada por Fusarium oxysporum f. sp. cubense. É um fungo de solo, onde apresenta alta capacidade de sobrevivência mesmo na ausência do hospedeiro, fato que provavelmente se deve à formação de estruturas de resistência denominadas clamidósporos.
Pouco se conhece a respeito da influência de parâmetros climáticos como luz, temperatura e umidade no desenvolvimento de sintomas do mal-do-Panamá na bananeira. Sabe-se, porém, que o solo influi fortemente na incidência da doença, a ponto de se considerar tal influência comparável à do próprio hospedeiro.
As principais formas de disseminação da doença são o contato dos sistemas radiculares de plantas sadias com esporos liberados por plantas doentes e, em muitas áreas, o uso de material de plantio contaminado. O fungo também é disseminado por água de irrigação, de drenagem, de inundação, assim como pelo homem, por animais e equipamentos.
As plantas infectadas por F. oxysporum f.sp. cubense exibem um amarelecimento progressivo das folhas mais velhas para as mais novas, começando pelos bordos do limbo foliar e evoluindo no sentido da nervura principal. Posteriormente, as folhas murcham, secam e se quebram junto ao pseudocaule. Em consequência, ficam pendentes, o que dá à planta a aparência de um guarda-chuva fechado (figura 1). É comum constatar-se que as folhas centrais das bananeiras permanecem eretas mesmo após a morte das mais velhas. Além disso, pode-se observar ainda em plantas infectadas: estreitamento do limbo das folhas mais novas, engrossamento das nervuras e, eventualmente, necrose do cartucho. Observa-se também, próximo ao solo, rachaduras do feixe de bainhas, cuja extensão varia com a área afetada no rizoma (figura 2).
Figura 1: Sintoma do mal-do-Panamá, que dá à planta a aparência de um guarda-chuva fechado
Figura 2: A rachadura no pseudocaule próximo ao solo
Internamente, através de corte transversal ou longitudinal do pseudocaule, observa-se uma descoloração pardo-avermelhada provocada pela presença do patógeno nos vasos (figura 3). A vista de topo mostra a presença de pontos descoloridos ou uma área periférica das bainhas manchada, com centro sem sintomas.
Figura 3: Descoloração pardo-avermelhada provocada pela presença do patógeno nos vasos
Até o momento, os esforços no sentido de controlar o mal-do-Panamá por via química, inundação ou práticas culturais não produziram os resultados esperados. As recomendações têm-se orientado, por conseguinte, para o uso de variedades resistentes, tendo várias opções varietais para resistência ao patógeno e, por conseguinte, oferecendo várias opções de cultivares para atendimento ao mercado.
Nos bananais já estabelecidos e que a doença começa a se manifestar, recomenda-se a erradicação das plantas doentes como medida de controle, para evitar a propagação do inoculo na área de cultivo. Na área erradicada, aplicar calcário ou cal hidratada.
Diante do artigo apresentado, nota-se os grandes danos causados pelo mal-do-Panamá às bananeiras. É importante estar ciente de que as práticas recomendadas não garantem o controle da doença, porém são importantes na redução da incidência. Não há nenhuma outra prática de controle que supere o uso de variedades resistentes.