Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A presença de insetos nas lavouras é extremamente comum em qualquer sistema de produção. Sabe-se que na cultura do trigo o número de insetos que causam danos é pequeno, sendo apenas pulgões, lagartas e corós.
As espécies de pulgões que ocorrem na cultura do trigo são várias. Entretanto, as mais comuns são o pulgão verde dos cereais, o pulgão da aveia, o pulgão do colmo do trigo, o pulgão da folha do trigo e o pulgão da espiga do trigo. Esses insetos que atacam a planta do trigo ao se alimentarem desta causa danos diretos e indiretos. Diretamente, ao sugar a seiva da planta e indiretamente pela transmissão de doenças e pela injeção de toxinas.
A invasão desses pulgões no Brasil ocorreu devido a grande expansão da área cultivada da cultura do trigo. Além disso, o inseto proveniente da Europa e Ásia chegou ao país livre de inimigos naturais. Sendo assim, a soma desses fatores contribuiu de maneira positiva para que o pulgão se tornasse uma das principais pragas na cultura.
Os pulgões são pequenos insetos (1,5 a 3 mm), possuem corpo mole e antenas longas. Seu aparelho bucal é do tipo picador-sugador, possuem alta taxa de reprodução. Eles vivem sobre a planta, em forma de colônias compostas com adultos e ninfas e ambos se alimentam da seiva (figura 1). Apresentam ciclo de vida curto e desenvolvem-se em temperaturas amenas (18 a 25º C) e em períodos de pouca chuva.
Figura 1- Colônia de pulgões sobre a planta do trigo.
Prejuízo e sintomas
Como já foi mencionado acima, tanto as ninfas quanto os adultos alimentam-se da seiva. Os prejuízos causados ao trigo vão desde a emergência das plantas até a formação completa dos grãos. Como os pulgões se alimentam da seiva, por meio da sucção a consequência direta é no rendimento de grãos, uma vez que estes apresentarão diminuição de tamanho, número e peso. Indiretamente, ocorre a transmissão de um agente fitopatogênico capaz de reduzir significativamente a produção do trigo, esse agente é o Vírus do Nanismo Amarelo da Cevada (VNAC). A transmissão ocorre por meio da saliva do vetor.
Na cultura do trigo os sintomas são: nanismo das plantas e folhas com coloração amarelada com bordas arroxeadas, mais curtas e eretas (figura 2). Além disso, a planta pode apresentar manchas cloróticas nos locais picados pelo pulgão que podem evoluir para necrose do tecido, secamento das folhas e morte das plântulas, isso ocorre devido a toxidez da saliva do inseto.
Figura 2- Os principais sintomas causados pelo VNAC na cultura do trigo.
Controle
Sabe-se que com as primeiras altas infestações de pulgão generalizou-se o uso do controle químico, o que gerou desequilíbrio biológico. Sendo assim, o controle era realizado por uma única aplicação de inseticida no ano e esse número foi só aumentando, sendo necessárias duas aplicações de inseticidas no ano e posteriormente sendo necessário de três a quatro aplicações de inseticidas no mesmo ano para o controle de pulgões. Dessa maneira, foi aplicado um enorme volume de inseticidas, causando enormes problemas ambientais.
Diante disso, é recomendado que se utilize de um manejo integrado para melhor controle da praga, bem como menor agressão ao ambiente. Sendo assim, se torna interessante a utilização do controle químico associado ao biológico. Este que ocorre por espécies de himenópteros parasitóides (Aphelinus asychis, Aphidius ervi, A. rhopalosiphi, A. uzbeckistanicus, Ephedrus plagiator, Praon gallicum, P. volucre e Lysiphlebus testaceipes) e joaninhas predadoras de pulgões.
Esses insetos que parasitam os pulgões realizam a postura no interior do corpo destes, local onde eclodem as larvas. Em aproximadamente sete dias os parasitóides causam a morte dos pulgões, momento em que ocorre a fase de pupa no interior do corpo do hospedeiro (pulgão) e posteriormente dará origem a uma nova vespa. Além disso, as joaninhas são consideradas os principais inimigos naturais dos pulgões e durante sua vida podem predar até 1000 pulgões.
Dessa maneira, é interessante buscar informações sobre práticas culturais que estimulam ou conservam a presença destes inimigos naturais dentro da lavoura além e realizar a rotação de culturas para menor incidência de pragas. E casos os danos causados pelos pulgões não sejam evitados com o controle biológico é recomendado o controle químico. Entretanto, este deve ser usado apenas com produtos registrados, seletivos e de baixo efeito tóxico.