Gabriel Castillo
Universidade Federal de Lavras-3rlab
O bicho mineiro é considerado a principal praga na cultura do café. É uma praga minadora de folhas e pode devastar sua lavoura gerando enormes prejuízos à produção, principalmente nas lavouras jovens e em regiões com altas temperaturas e menor disponibilidade hídrica. Dessa maneira, quando ocorre um veranico durante os meses da chuva é importante atentar-se. Estudos realizados nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo apresentaram uma redução de 37% até 80% da capacidade produtiva do cafeeiro. Esta redução varia de acordo com a intensidade, duração e época de ocorrência.
O bicho mineiro (Leucoptera Coffeella) é a lagarta de pequenas mariposas. A fêmea adulta deposita seus ovos na face superior das folhas da planta. Ao nascerem, as lagartas penetram no interior das folhas, onde se alimentam do tecido existente entre as duas faces (epiderme), formando pequenas câmaras salientes e quebradiças, manifestando assim as infestações. Na superfície da folha, o local por onde a lagarta penetra se torna seco e adquire cor de ferrugem que cede ao ser apertada (figura 1).
De maneira geral, os danos causados ao processo produtivo do cafeeiro é a diminuição da área foliar fotossintética (ativa), e principalmente pela queda de folhas. Sendo assim, refletirá na produção de maneira significativa e geralmente se demonstra na safra seguinte.
Figura 1- Lesão na superfície foliar causada pela largada do bicho mineiro.
A ocorrência dessa praga está relacionada a diversos fatores, sendo estes relacionados as condições climáticas e a presença de inimigos naturais. Sabe-se que as precipitações pluviais e a alta umidade relativa do ar diminuem a infestação do bicho mineiro (figura 2), pois nessas condições são emersos poucos adultos. Já o período seco associado a maior luminosidade, altas temperaturas, déficit hídrico e maior desfolha da planta são causas para o agravamento do ataque dessa praga. O desequilíbrio de inimigos naturais, seja presença ou ausência de parasitoides, predadores e patógenos afetam positivamente ou negativamente a ocorrência de ataques e também o maior espaçamento na lavoura favorece maiores infestações.
Figura 2- Gráfico relacionando a ocorrência de bicho mineiro e período chuvoso.
Controle e Monitoramento
Atualmente, tem sido estudado e está em estágio experimental o cultivar Siriema AS1 como tolerante ao bicho mineiro, bem como à seca quando comparado aos demais. Diante disso, ainda sem a disponibilidade de um cultivar tolerante à praga, a chave para o sucesso no controle desta é o monitoramento.
Sabe-se que cada lavoura deve ser monitorada. Dessa maneira, o controle deve-se iniciar quando em amostragens foliares realizadas quinzenalmente ou até mesmo mensalmente, for encontrado de 15 a 30% de folhas minadas (com sintomas) nos terços médio e superior. Já em lavouras novas, com no máximo três anos, o controle deve ser iniciado sem a necessidade de determinar a porcentagem de infestação. Sendo assim, quando encontrada as primeiras minas ou lesões nas lavouras novas deve-se tomar a decisão de qual método de controle adotar.
O controle químico do bicho mineiro é viável e econômico, entretanto não tem eficiência completa, sendo necessário várias pulverizações o que pode gerar maiores custos de produção. Dessa maneira, o uso de cultivares com resistência seria importante para reduzir os custos e facilitar o controle nas regiões nas quais o controle químico é dificultado, tais como regiões montanhosas e em pequenas propriedades.
O controle químico que tem apresentado melhor eficiência são os inseticidas granulados sistêmicos com aplicação via solo associados a pulverizações foliares, especialmente nas regiões onde ocorre alta incidência da praga. Os resultados são melhores quando utilizado os inseticidas dos grupos: carbamatos, fosforados, piretróides e os neonicotinóides, estes que são aplicados via solo. Recomenda-se que seja feita a aplicação priorizando os talhões da lavoura onde há maior infestação, nas lavouras novas e para aquelas com carga alta.
Uma maneira interessante de atingir melhores resultados no controle do bicho mineiro é a utilização em conjunto dos métodos de controle. Existem os método de controle biológico, este que ocorre pela ação de parasitóides (micro-himenópteros e vespas predadoras). Estes que procuram nas minas ou lesões das folhas as lagartas do bicho mineiro para parasitar ou predar. Sabe-se que as vespas constroem seus ninhos o mais próximo possível da lavoura ou até mesmo no próprio cafeeiro. A eficiência dos predadores é algo em torno de 70% e dos parasitóides em torno de 20%.
Fica evidente os grandes prejuízos econômicos causados pelo bicho mineiro na cultura cafeeira e a importância de ser controlado de forma que se mantenha abaixo do nível de dano econômico produtivo. Sendo assim, é importante alcançar um bom manejo da lavoura, propiciando o bom desenvolvimento da cultura associado ao uso das diversas formas de controle da praga para que se possa obter alta lucratividade no sistema de produção.