Cecília Donata Silva de Oliveira
É evidente que a produção de aves no Brasil é constante e exponencial. Porém, com o aumento da produção, surge também questões com os impactos ambientais que os resíduos gerados por essa atividade pode exercer sob o meio ambiente.
As excretas das aves são ricas em nitrogênio (N), fósforo (P) e microminerais. Com isso houve a necessidade de instaurar normas que estabeleçam um limite para emissão destes poluentes no ambiente. Um grande aliado para controlar a emissão de tais resíduos no ambiente é a nutrição, através dela é possível modular o que será expelido no meio ambiente.
O que são programas de alimentação
Atualmente há uma prática amplamente difundida na produção animal, que é agrupar os animais em lotes, tal agrupamento pode ser realizado de diversas formas conforme a idade do animal e produção. Organizar os animais desta maneira permite uma formulação assertiva com a necessidade nutricional das aves naquela determinada fase, dado que a necessidade nutricional de animais agrupados de animais tende a ser mais homogênea.
Em cada fase de vida do animal ele possui necessidades nutricionais diferentes, portanto a ração deve ser formulada de modo a atender as exigências de cada lote. Fornecer uma dieta específica para lotes distintos é conhecido como programas de alimentação.
Na avicultura brasileira é difundido principalmente os programas abaixo:
- Programa de três fases (inicial, crescimento e terminação);
- Programa de quatro fases (pré-inicial, inicial, crescimento e terminação);
- Programa de cinco fases (pré-inicial, inicial, crescimento 1, crescimento 2 e terminação).
De fato quanto mais lotes é formado em uma granja avícola, ocorre também a formulação de dietas mais precisas, porém formar muitos lotes pode-se tornar inviável, pois aumenta o trabalho, requerendo mais mão-de-obra.
Tabela 1. Desempenho de frangos de corte machos e fêmeas alimentados com programas alimentares de 4 ou 14 fases para o período de 1 a 42 dias de idade.
Variáveis | Sexo | Programa alimentar | ||
Macho | Fêmea | 4 Fases | 14 Fases | |
Peso vivo, g | 3060,5 | 2479,9 | 2722,2 | 2810,1 |
Consumo de ração, g/d | 117,9 | 103,4 | 109,3 | 111,9 |
Ganho de peso, g/d | 72 | 57,5 | 63,3 | 64,6 |
Conversão alimentar | 1,631 | 1,765 | 1,701 | 1,695 |
Eficiência produtiva | 434,3 | 318,1 | 373,8 | 378,6 |
Nutrição in ovo
A idade ao abate de frangos está cada vez menor, com isso o período de incubação torna-se extremamente relevante, pois representa cerca de 35% da vida do animal. Permitir que o embrião tenha acesso ao nutriente ainda na fase embrionária oferece melhorias ao desempenho dos animais. O ato de suplementar, nutrientes nesta fase é denominado nutrição in ovo, esta pode ser feita no 17º dia, quando o embrião já desenvolve habilidades de ingerir o líquido aminiótico e os nutrientes ali presentes.
A suplementação pode ser feita através de uma solução que contenha nutrientes como:
- Carboidratos;
- Vitaminas;
- Minerais;
- Soluções salinas.
Tabela 2 – Efeito da inoculação de soluções nutritivas in ovo sobre o ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA), e rendimento do filé de peito de frangos aos 21 dias de idade.
Incubação in ovo¹ | Desempenho | Filé de peito | ||
GP (g) | CA | g/ave | % do PV | |
Controle (-) | 673,50 | 1,53 | 110,60 | 15,22 |
Solução salina (0,5%) | 682,60 | 1,54 | 110,10 | 15,10 |
Glicose (2,5%) + Sacarose (3,0%) | 702,90 | 1,44 | 116,60 | 15,62 |
Solução de Vitaminas | 691,90 | 1,49 | 113,10 | 15,30 |
Solução de Minerais quelatados | 690,30 | 1,50 | 112,00 | 15,20 |
Para formular uma ração adequada para cada lote de animais é muito importante conhecer os animais e conhecer os alimentos que vão compor a dieta através de uma análise química dos alimentos. A nutrição in ovo favorece o desempenho animais, levando as granjas a alcançarem um bom retorno econômico.
Referências:
BUENO. CAMILA. F. D. COMPARAÇÃO DE PROGRAMAS DE ALIMENTAÇÃO PARA FRANGOS DE CORTE: 4 E 14 FASES. Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, 2014.
Gabriel Borges Sandt Pessôa1; Fernando de Castro Tavernari2; Rodolfo Alves Vieira1; Luiz Fernando Texeira Albino1. NOVOS CONCEITOS EM NUTRIÇÃO DE AVES. Rev. bras. saúde prod. anim. vol.13 no.3 Salvador July/Sept. 2012 Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1519-99402012000300015