Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O tema nutrição de aminoácidos para leitões é bastante amplo, pois inclui desde o conhecimento da fisiologia e metabolismo de leitões, e a interferência do meio ambiente, particularmente durante o desmame, até a avaliação da composição nutricional das matérias-primas, as determinações das exigências nutricionais dos aminoácidos essenciais, o manejo da alimentação e, em ultima instância, a formulação de rações que permitam que os leitões tenham um desempenho zootécnico adequado de acordo com fatores de produtivos, como genética, sanidade e mão-de-obra entre outros.
Os aminoácidos, unidades básicas que formam as proteínas corporais, podem ser encontrados em todas as matérias primas que contenham proteína. Com isso, diferentemente dos vegetais, os animais não podem sintetizar todos os aminoácidos para satisfazer suas exigências na ração, seja pelas matérias-primas convencionais, como o milho e o farelo de soja, seja pelos aminoácidos industriais, uma vez que se tornam limitantes para o desempenho animal (figura 1).
Figura 1: Diferentemente dos vegetais, os animais não podem sintetizar todos os aminoácidos para satisfazer suas exigências na ração.
Existem cerca de 20 aminoácidos importantes para nutrição animal, dos quais 10 são considerados essenciais para suínos: lisina (Lys), treonina (Thr), metionina (Met), triptofano (Trp), valina (Val), isoleucina (Ile), leucina (Leu), histidina (His), fenilalanina (Phe) e tirosina (Tyr) e, outros como a glutamina e a arginina, que foram tradicionalmente considerados como não essenciais, são atualmente referidos com condicionalmente essenciais para leitões, porque a produção endógena não é capaz de atender às suas necessidades nutricionais para aquela fase especifica, como no período de desmame ou de maior desafio sanitário. É possível que para os aminoácidos condicionalmente essenciais não se possa estabelecer uma exigência nutricional fixa porque estas devem variar de acordo com a intensidade dos fatores que influenciam sua demanda.
Quando um aminoácido é classificado como essencial, significa que o organismo não é capaz de sintetizá-lo em quantidade suficiente para manter o balanço de nitrogênio necessário para uma ótima taxa de crescimento, e esse aminoácido necessariamente deve ser fornecido na ração. Mas essa habilidade está sujeita a algumas condições, o que significa que o mesmo aminoácido pode ser essencial e não essencial para um mesmo animal, dependendo de sua condição. Por exemplo, a arginina é considerada um aminoácido essencial para quase todos os neonatos mamíferos, mas é não essencial para adultos (as exceções são os mamíferos estritamente carnívoros, como os gatos e os furões). O oposto é verdadeiro, e a habilidade de manter a saúde, por exemplo, significa que alguns aminoácidos são não essenciais em um corpo saudável e se tornam essenciais em certas condições fisiológicas ou patológicas. Assim, esses aminoácidos são considerados condicionalmente essenciais.
Então, compreendendo que os aminoácidos essenciais e os condicionalmente essenciais devem ser fornecidos pela alimentação, as rações devem atender às exigências nutricionais individuais já estabelecidas e conter aqueles condicionalmente essenciais em quantidades compatíveis com aquelas requeridas pelo leitão (figura -2).
Figura 2: As rações devem atender às exigências nutricionais individuais.
Nutrição de Precisão
Em nutrição de aminoácidos para leitões, o conceito de nutrição de precisão significa a adequação (redução) do nível de proteína bruta das rações para atender às exigências dos aminoácidos essenciais com exatidão e reduzir os custos de formulação utilizando toda tecnologia disponível. Os aminoácidos industriais L-lisina, L-treonina, L-triptofano e L-valina são as ferramentas que tornam possível a aplicação desta técnica, pois quando suplementados, possibilitam o balanceamento das rações com menor inclusão de ingredientes proteicos, resultando assim na diminuição do nível de proteína.