Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A agricultura brasileira se destaca não só pela produção de grãos, mas também pela fruticultura, um setor de grande importância para o país. No ranking dos países que mais produzem frutas no mundo, o Brasil se encontra na terceira colocação, atrás apenas da China e da Índia. O país produz uma grande variedade de frutas, como: laranja, banana, limão, mamão, uva, entre outras. Os estados de maior destaque na fruticultura são: Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia, São Paulo, Pernambuco, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, esses estados responderam por 96% da exportação de frutas em 2014.
O controle de pragas é um dos desafios da fruticultura e uma das pragas de maior expressão econômica é a mosca das frutas, inseto da ordem Diptera que pertence à família Tephritidae. Existem dois gêneros mais importantes: Anastrepha e Ceratitis capitata.
O adulto de Ceratitis capitata mede cerca de 5 mm de comprimento; possui coloração amarelo escuro, olhos castanho-violáceos, tórax preto na face superior, com desenhos simétricos na cor branca; abdome amarelado com duas listras transversais acinzentadas (figura 1).
Figura 1 Inseto adulto do gênero Ceratitis capitata. Fonte: USDA
O gênero Anastrepha mede aproximadamente 6,5 mm de comprimento, possui coloração amarela, tórax marrom e asas com uma faixa sombreada em forma de “S”, que vai desde a base até a extremidade e outra em forma de “V” invertido na borda posterior (figura 2).
Figura 2 Inseto adulto do gênero Anastrepha. Fonte: USDA
Três fases compõe o ciclo de vida desses insetos: adulta, fase em que a mosca vive entre a vegetação, larva que se estabelece em um fruto e pupa que se encontra instalada no solo. Frutos atacados pela mosca das frutas apresentam amolecimento e podridão da polpa devido a alimentação e deslocamento das larvas do insetos no interior do fruto (figura 3).
Figura 3 Amolecimento da polpa causado pelas larvas. Fonte: Embrapa
Os frutos atacados podem chegar a cair da planta e ficar mais suscetíveis ao ataque de outros patógenos. Devido ao dano causado pela praga, o fruto perde qualidade para consumo e para processos de industrialização, como por exemplo a fabricação de sucos. A fêmea da mosca pode causar lesões no tecido do fruto pelas puncturas de prova que realiza com objetivo de testar a qualidade do fruto para depois realizar a postura dos ovos, causando manchas escurecidas de aproximadamente 0,5 mm devido a morte do tecido do fruto (Figura 4).
Figura 4 Lesões externa causada pela fêmea da mosca
Para controle químico é recomendado a utilização de isca tóxica (atrativo alimentar mais inseticida) para minimizar o impacto sobre os inimigos naturais. A pulverização é feita com bico do tipo leque direcionado para a copa das árvores e deve ser feita em ruas alternadas.
Como método de controle cultural é importante que seja feita a coleta dos frutos maduros na planta e a catação dos caídos no chão, para impedir a emergência de adultos da mosca. Esses frutos devem ser depositados em uma vala de 50 a 70 cm de profundidade.
A utilização de parasitóides e predadores não é satisfatória para controlar a população das moscas das frutas, devido ao uso indiscriminado de aplicações de inseticidas que acaba afetando também a população dos inimigos naturais.
Outra forma de se controlar a mosca é por meio de radiação gama, que possibilita esterilizar os machos de moscas das frutas e utiliza-los para serem liberados na área de produção. Os machos esterilizados irão competir com os machos selvagens, reduzindo consequentemente, os acasalamentos férteis e a população da praga a cada geração.