Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A mosca branca (Bemisia spp.), também conhecida como piolho-das-plantas ou piolho-farinhento, não se trata de uma mosca propriamente dita, pois é da ordem hemíptera, a mesma dos pulgões e percevejos. São hospedeiros preferenciais da mosca branca: algodão, brássicas (brócolos, couve-flor, repolho), cucurbitáceas (abobrinha, melão, chuchu, melancia, pepino), leguminosas (feijão, feijão-de-vagem, soja), solanáceas (berinjela, fumo, pimenta, tomate, pimentão), uva e algumas plantas ornamentais como o bico-de-papagaio (Euphorbia pulcherrima).
Os adultos são pequenos (1 a 2 milímetros de comprimento), possuem dois pares de asas, apresentam coloração de branca a amarelo-pálido e olhos negros (figura 1). Seu aparelho bucal é picador-sugador. Já suas formas jovens (ninfas), são translúcidas, apresentando coloração esverdeada e ficam fixadas na face inferior das partes baixeiras e medianas das plantas (figura 2).
Figura 1: Características do adulto de mosca branca (Bemisia spp.)
Figura 2: Características das ninfas de mosca branca
A longevidade do inseto depende da alimentação e da temperatura. Do estágio de ovo ao de adulto o inseto pode levar de 18 a 19 dias (com temperaturas médias de 32°C). O ovo, de coloração amarela, apresenta formato de pera e mede cerca de 0,2 a 0,3 milímetros. São depositados pelas fêmeas, de maneira irregular, na parte inferior da folha. Cada mosca pode colocar até 200 ovos e a duração dessa fase é de 6 a 15 dias, dependendo da temperatura.
Sua capacidade de voo é muito limitada, mas pode ser dispersada a grandes distâncias de maneira passiva numa corrente de ar. Períodos secos e quentes favorecem o desenvolvimento e a dispersão da praga, sendo observados maiores picos populacionais na estação seca.
A mosca branca suga a seiva das plantas, provocando alterações no desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, podendo, em infecções muito intensas, ocasionar murcha, queda de folhas e perda de frutos. Ainda assim, como os pulgões, a mosca branca libera também excreções açucaradas que favorecem o desenvolvimento de fumagina nas folhas, reduzindo o processo fotossintético. Provoca também amadurecimento irregular dos frutos causado pela injeção de toxinas durante a alimentação do inseto. No entanto, o que causa mais preocupação é o dano indireto, já que o inseto é vetor de vários tipos de vírus, infectando a planta quando se alimenta dela.
Para o controle da mosca branca, pode-se utilizar vários métodos. O controle cultural, por exemplo, consiste no emprego de práticas agrícolas rotineiras para criar um ambiente menos favorável ao desenvolvimento e à sobrevivência dos insetos. Estão entre os métodos de controle cultural: plantio de mudas sadias, utilização de barreiras vivas, eliminação de plantas daninhas hospedeiras, eliminação dos restos culturais, além do plantio de cultivares resistentes aos vírus transmitidos pela mosca branca.
O controle químico é o tipo de controle mais generalizado, embora na maioria das vezes feito de forma irracional. No cultivo de soja, por exemplo, na safra 2015/2016, a preocupação dos produtores cresceram com o aumento da incidência de mosca branca (Bemisia tabaci). Conforme cálculos do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), relativos aos estados de Mato Grosso e Goiás, o dispêndio com inseticidas foi estimada em 37% maior que na safra passada.
Uma medida para reduzir a utilização de inseticidas para o combate de mosca branca é o emprego do controle biológico. Várias espécies de inimigos naturais têm sido identificadas em associação com o complexo de espécies de mosca branca. No grupo de predadores, foram identificadas 16 espécies das ordens Hemiptera, Neuroptera, Coleoptera e Diptera. Entre os parasitoides, identificaram-se 37 espécies de micro himenópteros. Os parasitoides dos gêneros Encarsia, Eretmocerus e Amitus são os mais comumente encontrados.
Por todo o exposto, fica claro todos os danos que a mosca branca pode causar em várias espécies de plantas. Medidas de controle são importantes para redução dos prejuízos causados, desde que sejam utilizadas de forma racional. A adoção de medidas de controle adequadas, tais como práticas culturais, cultivares resistentes e uso racional de inseticidas, pode favorecer o aumento dos inimigos naturais, reduzindo os gastos para o produtor.