No artigo anterior sobre cultivo de banana, foram apresentados os principais insetos-
pragas que atacam a cultura. Agora, neste conteúdo, será abordado especificamente as características do Moleque-da-bananeira (Cosmopolites sordidus), bem como os sintomas de seu ataque e suas formas opções de controle. Confira:
Moleque-da-bananeira
O Moleque-da-bananeira ou Broca-da-bananeira é um besouro da família Curculionidae. Este coleóptero se distribui de maneira ampla em praticamente todas as regiões produtoras de banana, no Brasil e no mundo. A primeira observação dessa praga no Brasil foi feita em 1915 no estado do Rio de Janeiro.
Moleque-da-bananeira: Características
Uma característica dos insetos pertencentes à família Curculionidae, é o fato de possuírem uma espécie de “tromba”, que é um prolongamento do rostro (primeira parte da cabeça), isso os auxilia na alimentação por sucção. Também é possível observar a presença de estrias distribuídas longitudinalmente em suas asas anteriores, que recebem o nome de élitros. Os indivíduos da família Cosmopolites sordidus são de coloração parda-escura muito, quase pretas, e são insetos relativamente pequenos: medindo cerca de 1cm. Essa broca possui hábito noturno e durante o dia segue abrigada em proximidade ao solo, em restos vegetais e no rizoma, ou na bainha das folhas de bananeira. Os indivíduos podem chegar a viver por dois anos.
Ciclo de vida
O ciclo de vida é o período compreendido entre a oviposição dos ovos e a aquisição da forma adulta, e no caso de Cosmopolites sordidus ele dura de 27 a 40 dias.
Os ovos postos pelas fêmeas ficam alojados em cavidades dos rizomas que elas conseguem abrir utilizando suas mandíbulas. A quantidade de ovos normalmente varia de 10 a 50, porém existem registros da oviposição de até 100 ovos por essa espécie. Os ovos em médias ficam incubados de 5 a 8 dias, e deles eclodem as larvas. Elas são caracterizadas por serem ápodas (sem estruturas locomotoras), de corpo esbranquiçado com enrugamentos e cabeça de cor marrom-avermelhada, medindo pouco mais de 1 cm. As larvas são classificadas como curculioniformes por possuírem um abdomem curvado e intumescido, que se afila próximo a cabeça. A fase larval dura entre 12 e 22 dias na maioria das vezes, porém dependendo das condições climáticas e das espécies hospedeiras, esse período pode se estender por 4 meses.
O pupamento (período em que a larva sofre metamorfose e adquire a forma adulta) ocorre em galerias próximas ao rizoma e dura uma semana. Nessa fase, o inseto chamado de pupa possui coloração branca e tem medidas maiores que a do besouro adulto.
Prejuízos
As partes da bananeira diretamente atingidas são a base do pseudocaule e o rizoma, por conta das galerias abertas, isso pode levar a perda de peso dos cachos, secamento das folhas e a morte da planta. Também existem os prejuízos indiretos que consistem em deixar a bananeira vulnerável ao ataque de agentes patogênicos e ao tombamento pelo vento.
Medidas Preventivas
As variedades mais resistentes ao ataque da praga são as popularmente conhecidas como ‘Nanica’ e ‘Nanicão’. No momento da implantação do bananal é necessário providenciar alguns cuidados como: utilizar mudas sadias ou promover a limpeza destas mergulhando-as em uma solução 0,4% do produto Carbofuran 350 SC por cinco minutos. Durante a condução da cultura é fazer desbaste e limpeza dos restos culturais também auxilia na prevenção de futuros ataques.
Monitoramento
Uma maneira eficaz de se monitorar a população de besouros é por meio de iscas. É recomendável que seja feito mensalmente um preparo de 20 a 30 iscas por hectare. Dois tipos de iscas podem ser preparados, “tipo queijo” ou “telha”. A primeira consiste em cortar uma fatia do pseudocaule, de 5 a 10 cm de altura, e recolocar sobre o pseudocaule original junto à touceira. Na isca do tipo “telha”, os pedaços são maiores, cerca de 50cm e cortados de maneira longitudinal, e são colocados com a parte cortada voltada para o solo. Essas iscas são capazes de atrair os besouros por até 15 dias. Após o período de atratividade o agricultor ou técnico irá fazer a contagem de quantos besouros têm na isca, se tiver mais que 5 adultos por isca em um mês, demonstra que a população atingiu o nível de controle, e deve ser feita uma intervenção para diminuir a incidência da praga.
Opções de controle
Captura massal: consiste em colocar 100 iscas de um dos tipos explicados anteriormente a cada hectare em associação com inseticidas químicos.
Controle biológico: Beauveria bassiana é um tipo de fungo entomopatógeno que apresenta eficácia no controle da praga e pode ser empregado caso o bananicultor opte por não fazer intervenção química.
Se você se interessou por esse assunto, então continue acessando o nosso blog que nos próximos artigos traremos informações sobre mais uma praga danosa a cultura da banana. Obrigada pela leitura.
Taísa da Silva
Agronomia- Universidade Federal de Lavras
Colaboradora 3rLab.
REFERÊNCIAS
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SILVA, Bruna Abrahão. CULTIVO PROTEGIDO Em busca de mais eficiência produtiva!. Capa, [S. l.], 5 mar. 2014. HORTIFRUTI BRASIL, p. 10-18.
GALLO, D., NAKANO, O., SILVEIRA NETO, S., CARVALHO, R.P.L., BAPTISTA, G.C., BERTI FILHO, E., PARRA, J.R.P., ZUCCHI, R.A., ALVES, S.B., VENDRAMIM, J.D., MARCHINI, L.C., LOPES, J.R.S., OMOTO, C. Entomologia Agrícola. Piracicaba: Fealq, 2002. 920p.