A cadeia leiteira brasileira tem como principal aporte nutricional pastagens tropicais, e o parâmetro nesse sistema é a produção de leite por área. Animais mais rústicos geralmente utilizados na criação à pasto são menos exigidos quanto a produção, resultando em menor incidência de doenças metabólicas assim gastando menos com medicamentos. Essa atividade tem uma grande aceitação na cadeia leiteira brasileira porque permite que o produtor permaneça no negocio sem um alto investimento inicial com instalações e tecnologias avançadas.
Porém como as análises das pastagens tropicais nos mostram que não é possível atender as exigências nutricionais de animais com produção superior a 15kg leite/dia, para otimizar a produção a pasto é necessário a suplementação desses animais com alimentos concentrados. Nesse cenário entra como o principal aporte energético o milho em suas diversas formas de inclusão na alimentação, seja ele moído, floculado, reidratado etc.
Estudos mostram a diferença entre os híbridos comumente produzidos nos EUA e Europa, com os híbridos produzidos no Brasil (figura 1). A grande diferença entre os híbridos seria a dureza do grão, fator que influencia diretamente na digestibilidade do amido, a principal fonte energética de dietas de vacas leiteiras. De acordo com a figura 1 o hibrido americano mais duro, ainda é mais “macio” que o hibrido brasileiro de maior dureza.
Figura 1 – Relação entre vitreosidade e dureza do grão.
A pergunta então a se fazer seria: “Já que os nossos híbridos não são farináceos, como proceder para aperfeiçoar a minha suplementação energética a base de milho, sem comprometer o meu sistema de produção e diminuir os custos?”
Para entender melhor porque a dureza do grão impede a utilização do amido pela vaca partiremos do seguinte princípio: os grânulos de amido presente no endosperma (parte interna do milho) são ligados por proteínas (prolaminas) que quanto mais presentes diminuem a digestibilidade do amido, impedindo que bactérias o utilizem para fazer energia. Para essa situação uma forma de otimizar a utilização do amido pelo animal é fornecer o milho moído com matéria seca ajustada, na forma de silagem de milho reidratado.
A confecção de silagem de milho reidratado é composta dos seguintes processos: 1) O silo 2) Moagem 3) Hidratação 4) Distribuição e compactação 5) desabastecimento e uso.
1) Silo – O silo deve ser projetado de acordo com a utilização diária de grão reidratado, deve se tirar pelo menos uma fatia de 15cm diariamente para diminuir a exposição ao ar. Um silo de dimensões 1x1m, com densidade de 900kg/m³ e retirada de 15cm soma 135kg de milho reidratado dia, podendo o produtor adaptar as dimensões do silo para esses números.
2) Moagem – A moagem pode ser feita de diversas formas variando de acordo com a quantidade de milho a ser moído, em silos pequenos e médios a utilização de trituradores de grão abastecidos por chupim é muito funcional, para sistemas que demandam uma grande quantidade de milho moído uma saída seria a moagem em fabricas de ração, atentando para que seja feita a moagem no menor tamanho possível, quanto menor o tamanho do grão maior a digestibilidade do amido.
3) Hidratação – A chave para uma boa silagem de milho reidratado é o ajuste de matéria seca. No ponto de armazenagem o milho tem em média 12% de MS, esse valor vai ser corrigido para no mínimo 30% de MS, a adição de agua é de extrema importância para que se obtenha uma boa fermentação e estocagem. A hidratação deve ser feita na seguinte proporção: para cada 100kg de milho 40L de água, o método para saber se a silagem está ficando nos níveis desejados de MS pode ser feito por técnicas simples utilizando micro-ondas ou fogão.
4)Distribuição e compactação – O silo deve ser abastecido em camadas inclinadas do fundo para a boca, diminuindo o contato da silagem com o ar com a compactação sendo feita continuamente durante todo o processo. O uso de inoculantes vai ajudar na fermentação e estabilização rápida do silo, além de auxiliar na diminuição da perda do alimento. Temos que atentar para que o inoculante seja distribuído de forma homogênea em toda a silagem, sua utilização deve ser feita de acordo com as instruções do fabricante. Logo após o armazenamento deve-se colocar imediatamente lonas próprias de modo que vede o máximo possível a entrada de ar. A confecção do silo tem de ser feita o mais rápido possível impedindo a exposição ao oxigênio e que ocorra fermentação indesejada, mantendo a qualidade do alimento.
5)Desabastecimento e uso – O tempo de armazenamento é indefinido, apenas tomando cuidado para que não seja exposto a entrada de água e ar, e que a retirada mínima seja de 15cm/dia.
A quantidade de umidade, em média de 35%, e o ambiente de ensilagem, vão atuar na quebra dessas proteínas assim tornando o amido mais disponível para a ação microbiana, consequentemente aumentando o aporte energético oriundo do milho para a vaca. Além de ser um alimento de alto valor nutricional, pode ser previamente planejado de acordo com as opções do produtor por exemplo a compra do milho em época de safra assim barateando custos do ano inteiro.
Essa é uma estratégia entre varias para utilização do milho para vacas a pasto diminuindo custos e otimizando manejo alimentar além da possibilidade de aumentar o leite das vacas.
3 Comments
Fantastico, temas como ese deve sair mais vezes.
Parabens
Gostaria de confirmar se está correto a afirmação de que o grão de milho no momento de ensilar está com 12% de matéria seca e hidratando ele irá aumentar o teor de ms para 30%??????
Será que o correto é o grão de milho ter umidade de 12% e com a hidratação elevar a umidade para 30%?????
O grão de milho seco está com 12%/ms e é recomendado reidratar o milho grão móido colocando 40 Lts de água para cada 100 Kg de milho moído – e vão elevar para no mínimo 30%/ms?????
Aumentar o teor de ms com inclusão de água???
Será que não é que o grão de milho tem 12%/umidade e com adição de água elevar o teor de umidade para 30%?????