Cecília Donata Silva de Oliveira
Cenários do sistema de terminação de Bovinos de corte
O sistema de terminação de bovinos de corte baseado em confinamentos vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Dentre os principais atrativos deste sistema, estão a melhoria da eficiência de produção e melhoria na qualidade da carcaça dos animais, refletindo de forma positiva sobre o retorno econômico ao criador.
Uso de co-produtos para bovinos confinados
Normalmente, na nutrição animal, os principais ingredientes inclusos na dieta como fonte de energia são o milho e sorgo, alimentos estes que podem encarecer a dieta devido ao seu alto custo. Frente a isso, atualmente tem sido avaliada a utilização de coprodutos agroindustrias na alimentação animal com o objetivo de reduzir custos da arroba produzida, visto que a nutrição dos animais representa o maior custo de produção.
No Brasil são produzidos diversos coprodutos que estão aptos a serem utilizados na alimentação animal; a inclusão na dieta dos animais vária conforme a disponibilidade do produto em cada região. Já a inclusão de coprodutos na dieta dos animais apresenta diversas vantagens, porém a composição química destes alimentos é bastante variável, exigindo atenção do nutricionista no momento de formular a dieta e também realizar análises bromatológicas periodicamente, a fim de ter conhecimento a respeito da composição química dos alimentos utilizados na formulação.
Milho
O milho constitui a principal fonte energética para bovinos confinados. O grão de milho é rico em amido, portanto fornecer dietas com alto nível de grãos para bovinos confinados tem como benefício a redução dos custos por unidade de energia destes quando comparados a forragens conservadas.
O processamento do milho pode oferecer benefícios quanto à digestibilidade dos grãos, eliminar micotoxinas e melhorar características da mistura da ração, resultando em aumento no desempenho animal.
Polpa cítrica
A polpa cítrica é um coproduto oriundo de resíduos da fabricação do suco de laranja, sendo composta por cascas, sementes e bagaços. A polpa consiste em um alimento energético e possui características peculiares quanto ao local onde ocorre a sua fermentação ruminal. Seus preços podem ser inferiores ao do milho, justificando, assim, a sua inclusão na nutrição animal.
No processo para obtenção da polpa cítrica, divide-se em duas prensagens, onde seus valores de umidade são reduzidos até atingir 90% de matéria seca, momento no qual ela se encontra apta para ser peletizada.
O valor nutricional da polpa cítrica pode variar de acordo com a cultivar, inclusão ou não das sementes e com o tipo de processamento. De maneira geral, pode-se destacar que a polpa cítrica apresenta valores satisfatórios de cálcio, pectina e possui fibra de alta digestão, sendo obtidos como produtos da sua fermentação ruminal principalmente o acetato e ácido graxo, este que possui menor propensão de distúrbios metabólicos como a acidose ruminal.
Outro fato que torna a polpa cítrica um alimento em potêncial a ser utilizado na nutrição animal, é que a sua safra ocorre no momento da entressafa dos grãos cereais, além de coincidir com a época de maior concentração de bovinos de corte em sistema de confinamentos no Brasil.
Tabela 1: Peso inicial, peso final, ingestão de matéria seca (IMS), ganho de peso diário (GPD) e eficiência alimentar (EA) de bovinos cruzados em terminação, alimentados com rações contendo polpa cítrica e farelo úmido de glúten de milho em substituição parcial ou total ao milho moído fino.
Conclusões
De fato, o uso de coprodutos da industria, como a polpa cítrica, pode representar um alimento em potêncial para reduzir os custos da dieta, mantendo o desempenho animal.
O uso de coprodutos também é uma alternativa sustentável de destino aos resíduos gerados pela indústria de alimentos, oferecendo bom aporte de nutrientes aos animais e um destino consciente aos resíduos. Cuidados devem ser tomados ao se formular a dieta dos animais em relação à variação na composição nutricional que estes podem apresentar, bem como os níveis que serão inclusos na dieta dos animais.
Referências:
MOSCARDINI. MIRELLA. C. SUBSTITUIÇÃO DO MILHO MOÍDO FINO POR POLPA CÍTRICA E/OU FARELO DE GLÚTEN DE MILHO EM RAÇÕES PARA BOVINOS TERMINADOS EM CONFINAMENTO. Dissertação Mestrado – Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz, Piracicaba 2008.