Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab.
Por lei, os suínos machos produzidos para o abate no Brasil devem ser castrados, pois isto evita que a carne contenha fortes odores causados pelo androsterona e escatol presente no macho inteiro. O objetivo principal prevenir o odor sexual, além de produzir animais mais adequados às práticas de manejo convencionais e aceitação maior no comércio. Porém a castração também tem suas desvantagens como a diminuição da produção de hormônios anabolizantes naturais e em consequência a maior deposição do tecido adiposo em detrimento da síntese de proteínas e a baixa no desempenho produtiva de animais castrados em relação a inteiros e fêmeas. Os machos inteiros possuem vantagens apresentando maior eficiência alimentar, maior velocidade de crescimento em condições de restrição alimentar, produção de carcaças mais magras, a gordura de machos inteiros contém maior proporção de ácidos graxos insaturados do que machos castrados e igual ou maior do que a gordura de fêmeas, sendo assim, a carne destes mais recomendável para consumo humano , maior conversão alimentar. A principal desvantagem de machos inteira é o odor sexual na carcaça.
As substâncias responsáveis pelo odor é o androstenona e o escatol. O androstenona é sintetizada nos testículos e transportada para corrente sanguínea até as glândulas salivares. Nas glândulas salivares atua no comportamento sexual como ferormônio, porém se acumula no tecido adiposo por ser hidrofóbica, causando o odor semelhante à urina quando aquecido. O escatol é produzido pela degradação bacteriana de triptofano no intestino grosso, sendo absorvida na corrente sanguínea e também transportada para o tecido adiposo. O escatol possui gosto amargo e odor desagradável percebido por consumidores.
Castração cirúrgica
Dentre as técnicas disponíveis para castração de suínos machos, o método da castração cirúrgica é um procedimento com ação direta nos testículos, assim impedindo a produção de espermatozoides, e limita odor na carcaça, provocando a redução no comportamento sexual e agressividade, facilitando o manejo destes animais (THUN et al., 2006). Obrigatoriamente, pelo menos 45 dias antes do abate os machos devem ser castrados. O recomendado que os machos sejam castrados até os 12 dias de idade, pois quanto mais novo o animal, menos traumático e de fácil cicatrização será o processo, e a possibilidade de que ocorram hemorragias são menores, devido ao baixo calibre dos vasos sanguíneos e mais fáceis de estancar a hemorragia (figura – 1).
Figura 1 – A castração cirúrgica quanto mais novo o animal, menos traumático e de fácil cicatrização será o processo.
Na castração escrotal (figura – 2), a mais praticada na produção suinícola, é feita uma incisão sobre cada testículo através da qual se exterioriza os mesmos. (SOBESTIANSKY et al., 2003). As incisões no escroto tem aproximadamente 2 cm de comprimento, dependendo do tamanho do testículo. É realizada uma separação adicional dos tecidos para liberar cada testículo do tecido que o envolve especialmente o gubernáculo. Recomenda-se fazer incisão o mais baixo possível no escroto para facilitar a drenagem de fluidos provenientes das feridas, reduzindo o risco de infecções. Os testículos são extraídos e removidos tanto por corte quanto puxando o cordão espermático, de forma que este rompa. O corte é feito com um bisturi seguido de raspagem do cordão para remoção dos testículos com o mínimo de hemorragia. Um anti-séptico é aplicado no local da ferida (PRUNIER et al., 2006).
Outra castração cirúrgica realizada é a inguinal, neste caso, a incisão é feita entre o último par de tetos (na linha média), onde, introduz-se o dedo indicador, e traciona-se o cordão espermático, expondo-o os testículos envoltos na túnica vaginalis, com o bisturi raspam-se os cordões para uma ruptura mais branda (SOBESTIANSKY et al., 2003). Entretanto, por ser um fator estressante aos animais, causando dor e ferimentos que podem levar á deficiências crônicas no desempenho dos animais, tornou-se um procedimento questionável, e até mesmo em processo de banimento em alguns países.
Figura 2: Castração escrotal, é feita uma incisão sobre cada testículo através da qual se exterioriza os mesmos.
Imunocastração
A imunocastração (figura – 3)consiste na aplicação de vacina injetável, que contém uma forma modificada do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) conjugada à uma proteína, que estimula o sistema imunológico do animal a produzir anticorpos direcionados contra o GnRH. O protocolo de vacinação inclui dose de 2 mL via subcutânea, na área do pescoço, logo atrás da orelha, sendo a 1ª dose realizada com 18 semanas de vida ou seja, entre a 8ª e 9ª semana pré-abate e a segunda dose de quatro a cinco semanas antes do abate. Dentro de duas semanas após a realização da segunda dose a produção testicular de testosterona declina em 90% ou mais, o peso dos testículos diminui em aproximadamente 50% e há uma redução de duas a três vezes no tamanho dos testículos.
A principal vantagem da castração imunológica está relacionada ao efeito anabólico dos hormônios sexuais, que permitem que os animais apresentem maior ganho de peso em relação aos animais castrados, uma vez que a castração cirúrgica ocorre na fase anterior à puberdade, interrompendo o efeito anabólico da testosterona. Como desvantagens destacam-se: dificuldade de promover a segunda vacinação e problemas com auto-injeção pelos operadores.
Figura -3: Imunocastração.
Legislação
Atualmente o abate generalizado de suínos machos inteiros é proibido pela legislação brasileira, conforme consta no artigo 121 do RIISPOA, Decreto 30.691 de 29.03.1952, alterado pelo Decreto 1255 de 25.06.1962. A permissão de abate de machos inteiros no Brasil é restrita às granjas que desenvolvem programas de melhoramento genético credenciadas pelas Associações de Criadores.
2 Comments
Prezados, Peço por gentileza que não envie mais mensagens para este email. Desde já agradeço pela atenção! Att., Flávio Augusto Pereira Alvarenga Doutorando em Produção de Ruminantes – UFMGMestre em Nutrição e Produção de Ruminantes – UFLA Zootecnista – UFVJM Técnico Agrícola – EAFM (61) 0488225149
ola gostaria de saber como fazer a castraçao em porco femea se posivel um video muito obrigado