Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab.
A puberdade na espécie suína ocorre entre 5 a 6 meses de idade. Para realizarmos um manejo adequado dos animais devemos separá-los, formando lotes do mesmo sexo, aos quatro meses de idade. Os suinocultores que realizam a reposição de suas matrizes (consideradas velhas, com mais de seis partos ou impróprias á reprodução) com marrãs retiradas do próprio rebanho, devem proceder a reposição mediante a seleção e escolha das marrãs que se posicionarem nos 25% das melhores e maiores leitegadas produzidas na granja.
Na suinocultura tecnificada, normalmente a reposição de matrizes ou varrões é feita mediante a aquisição desses animais de empresas especializadas em melhoramento genético, as quais tem impulsionado, significativamente, a eficiência reprodutiva do rebanho nacional.
O manejo das marrãs adquiridas na fase inicial ou fase de recebimento das mesmas na granja deve ser acompanhado de alguns cuidados especiais devido às marrãs recém-adquiridas não estarem adaptadas à sua “nova casa”, ou seja, ao novo ambiente com o qual irá conviver. Para adquirir imunidade ou resistência aos microrganismos presentes no novo ambiente alguns cuidados deverão ser tomados, como:
- Ao serem adquiridas as marrãs, deverão ser colocadas em baias coletivas (no máximo seis marrãs por baia). Baias que já deverão estar limpas e desinfetadas (figura 1).
Figura 1: Marrãs selecionadas em baias coletivas.
- Não misturar as marrãs recém-adquiridas numa mesma baia com animais já existentes na granja.
- Procurar adquirir animais de uma única fonte, visando evitar a presença de diferentes agentes patogênicos.
- Colocar um cachaço ou varrão ao lado das baias onde ficarão as marrãs recém-adquiridas, visando uma melhor manifestação do cio das mesmas. Caso não seja possível, fazer o varrão caminhar pelo corredor de passagem pela manhã e à tarde. È importante estimular o cio das marrãs quando pensamos em melhorar a produtividade.
- Ao chegar à granja, as marrãs adquiridas deverão receber nas próximas 48 horas 1,800 kg de “ração de recria” por marrã por dia (ração seca). Dar metade da ração pela manhã e metade à tarde. Junto a essa ração, fornecer um anti-stress para melhorar a adaptação da marrã ao novo ambiente.
- Geralmente, na semana que os animais recém-adquiridos chegam ao novo ambiente (5 a 8 dias) manifestam o cio, o qual denominou de “cio do transporte”. Este não deve ser aproveitado, pois sua manifestação deve-se ao “stress” da viagem e, os animais não estando ainda adaptados ao novo ambiente poderão ter uma taxa de fertilização e/ou gestação deficientes. Outro problema que poderia advir seria o comprometimento do desenvolvimento corporal das marrãs, causado por uma cobertura precoce.
- A partir do terceiro dia, após a chegada das marrãs à granja, deve-se aumentar a quantidade de “ração de recria” (ração seca) para 3,000 kg a 3,200 kg por dia, por marrã (figura 2).
Figura 2: Porcas transferidas para gaiola individual e fornecimento de ração duas vezes ao dia.
Seguindo esses cuidados especiais para as marrãs adquiridas, segue as seguintes práticas para aquelas que foram selecionados do próprio plantel:
- Observar o “estado de carne” das marrãs, procurando oferecer uma maior quantidade de “ração de recria” (ração seca) para aquelas menos desenvolvidas.
- Separar as marrãs em lotes de seis fêmeas no máximo; colocá-las em baias coletivas procurando fazer lotes homogêneos.
- Fornecer 3,000 kg a 3,200 kg de “ração de recria” por dia, por marrã até a manifestação do segundo cio, quando a mesma, atingindo a idade e peso necessário, será coberta por um varrão de linhagem racial e peso adequado.
- O primeiro cio da marrã não deve ser aproveitado.
- As marrãs deverão ser cobertas no segundo cio com peso em torno de 110 kg de peso vivo e com aproximadamente 210 dias de idade.
- Para a primeira cobertura, utilizar um varrão já “experiente” em cobertura, porém mais jovem e de menor peso. A manifestação do cio deve ser verificada duas vezes ao dia, pela manhã e à tarde. Havendo dúvida sobre a manifestação do cio, procurar levar a marrã até a baia do varrão para proceder à verificação, ou seja, se a marrã aceita ou não a cobertura.
- Assistir e auxiliar o varrão a fazer a cobertura corretamente; a cobrição deve ser feita levando a marrã à baia do varrão. A marrã deve ser coberta três vezes após o aparecimento do cio, com intervalo de 12 horas entre cada cobrição.
- Após a cobertura, fornecera “ração de gestação” na quantidade de 3,000 kg por marrã, por dia, até aos oitenta dias de gestação. Dar a metade da ração pela manhã e metade à tarde (ração seca).
- Após os oitenta dias de gestação (nas baias coletivas) as marrãs deverão ser conduzidas para as gaiolas individuais de gestação, visando uma melhor adaptação das mesmas quando forem transferidas para as gaiolas individuais na maternidade. Estando as marrãs nas gaiolas de gestação, é importante que o tratador faça-as levantar três vezes ao dia, pois os animais gestantes, nas gaiolas de gestação, tendem a ficar deitado por longos períodos, o que dificulta a eliminação da urina, predispondo o animal às infecções do aparelho urinário (pielonefrite e cistite).
- De 80 a 112 dias de gestação as marrãs deverão passar a receber “ração de lactação” na quantidade de 3,000 kg a 3,500 kg de ração por dia, por marrã. Fornecer metade da ração pela manhã e metade à tarde. Nesta fase, as marrãs deverão receber a ração umedecida, bastando para isto, diminuir o volume de água do cocho e colocar a ração sobre a água.