GABRIELLA LIMA ANDRADE DE SOUSA
Universidade Federal de Lavras | 3rlab
O arroz (Oryza sativa) é um dos três cereais mais produzidos e consumidos no mundo, ficando atrás apenas do trigo e do milho e integra a dieta básica de, aproximadamente, 50% da população mundial, podendo ser considerado o mais importante para a alimentação humana. No Brasil, encontra-se amplamente difundida em praticamente todos os Estados da Federação. Durante todo o seu ciclo, é afetado por doenças que reduzem a produtividade e a qualidade dos grãos. A intensidade das doenças depende da ocorrência do patógeno virulento, do ambiente favorável e da suscetibilidade da cultivar. A mancha parda ocorre em arroz irrigado e arroz de sequeiro em todas as regiões do Brasil.
A mancha parda, causada pelo fungo Bipolaris oryzae é uma doença comum no Brasil, e assume grande importância econômica em arroz. Este fungo é um dos principais patógenos que causa a mancha-de-grãos. As sementes infectadas e os restos culturais são considerados inoculo inicial da doença. A disseminação de conídios pelo ar é responsável pela infecção secundária. O fungo pode sobreviver nas sementes infectadas de 1 a 4 anos, dependendo das condições de armazenamento. O principal fator que influencia a incidência da mancha parda no cultivo irrigado é a baixa fertilidade do solo, com baixos níveis de adubação, especialmente em potássio, manganês, magnésio, silício, ferro e cálcio. O estresse hídrico aumenta a suscetibilidade da planta. As plantas tornam-se mais sensíveis a B. oryzae em solos com baixa fertilidade e em plantios com doses de nitrogênio muito altas ou muito baixas. A temperatura ótima para infecção varia entre 20 e 30°C, umidade relativa superior a 89% e é favorecida pelo molhamento das folhas.
O sintoma desta doença ocorre mais nas folhas e glumas, mas pode ser encontrada no caules e sementes. Nas folhas, os sintomas caracterizam-se pelo aparecimento de manchas na forma oval, de coloração marrom-escura, com bordos lisos e nunca dentados (figura 1). Com o envelhecimento, as manchas tornam-se mais claras no centro, podendo ser observadas com o auxílio de uma lupa de bolso, as formações negras do fungo (figura 2). Quando o ataque é muito intenso, pode ocorrer a coalescência das manchas.
Figura 1: Sintomas iniciais de mancha parda
Figura 2: Sintomas mais tardios, as manchas tornam-se mais claras no centro
A doença afeta a emergência das plântulas nas lavouras semeadas em outubro, logo no início do período chuvoso, e as plantas adultas próximas da maturação. As sementes infectadas apresentam redução na germinação e, em geral, os grãos manchados causam perdas no rendimento de grãos no beneficiamento. Na fase da emergência das plântulas, o fungo causa lesões no coleóptilo de cor marrons e formatos circulares ou ovais. Quando se manifesta logo após a emissão das panículas, a infecção provoca a esterilidade das espiguetas.
Para o controle da mancha parda recomenda-se a utilização de cultivares resistentes ou práticas culturais, como preparo adequado do solo, nivelamento, adubação equilibrada e um bom manejo de solo. Sementes oriundas de lavouras infectadas devem ser tratadas com fungicidas.
Diante do artigo apresentado, foi possível observar que a mancha parda do arroz pode causar muitos prejuízos a lavoura. O conhecimento da dinâmica das doenças no campo e a interferências dos fatores climáticos em seu desenvolvimento é de grande importância para um manejo fitopatológico adequado das plantas.