Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A mancha de phoma do cafeeiro é uma doença fúngica que ocorre em vários países do mundo onde se cultiva café em áreas de altitudes mais elevadas. A doença é causada pelo fungo Phoma spp., descrito em 1961 na Colômbia causando danos aos cafezais.
O fungo ataca folhas, flores, frutos e ramos do cafeeiro, produzindo lesões bem características. Os danos causados por essa doença se fazem refletir diretamente na produção uma vez que ocorre a morte dos botões florais, das brotações novas, queda e má granação dos frutos devido à desfolha, comprometendo o desenvolvimento e a futura produção da planta.
As lesões típicas da mancha de phoma ocorrem nas folhas do primeiro ou segundo nó de ramos do terço superior da planta. Estas lesões localizam-se geralmente nas margens das folhas, impedindo o crescimento nessa área e fazendo com que a folha fique retorcida. Possui formato irregular, coloração escuro e tamanho variado, presença de anéis de 1 a 3 centímetros de diâmetro (figura 1).
Figura 1- Lesões características de Phoma spp. nas folhas
Nos ramos, o fungo penetra no local em que ocorre abscisão das folhas nos cinco primeiros nós, devido à queda da folha causada por outras doenças ou pragas ou ainda pela senescência natural das folhas. Os sintomas se iniciam por uma queima ou seca dos tecidos jovens produzindo uma morte do ramo de cima para baixo. À medida que a doença avança, as folhas começam a cair, uma vez que a necrose afeta a parte lignificada do ramo doente, a qual prossegue lentamente ocasionando uma seca total do ramo. Em função disso, pode-se observar super brotamento causado pela morte das extremidades dos ramos e formação de grande número de ramos laterais. Quando o ataque ocorre na inserção das folhas, sobre os ramos, a lesão progride e o ramo começa a secar, do ponto infectado em direção à extremidade que, às vezes, continua verde.
Nas flores, nos frutos e no seu pedúnculo, o fungo causa lesões escuras, mumificações e queda de chumbinhos (figura 2). Os frutos jovens ficam negros e mumificados, e nos frutos já formados aparecem pontuações negras, que são as frutificações do patógeno. Os frutos podem ser atacados em qualquer estádio de desenvolvimento.
Figura 2- Lesões características de Phoma spp. em frutos de café
Em condições de campo, a doença se apresenta com maior intensidade em regiões de altitudes mais elevadas (acima de 800 m) no início e final do período de inverno, quando as condições climáticas são bastante favoráveis à doença. Os períodos de maior incidência da doença ocorrem entre os meses de março/abril (final do período chuvoso) e setembro/outubro (início do período chuvoso). Vale ressaltar que, dependendo da região e das condições de clima, a doença pode evoluir também em outros meses.
De modo geral, temperaturas entre 18º C a 19º C, chuva de granizo, entrada de frentes frias, neblina, umidade relativa elevada e períodos prolongados de vento frio, são os principais fatores climáticos que favorecem a doença. Estas condições são comuns em regiões descampadas e de altitude elevada principalmente no início e final do período chuvoso.
Em anos mais frios, nos meses de abril/maio, a infecção por Phoma spp. pode ocorrer juntamente com a mancha de olho pardo nas folhas e frutos do cafeeiro. Nestas condições ocorre seca de ramos e na florada seguinte o fungo ataca flores e frutos nas fases de chumbinho causando prejuízos consideráveis.
O controle da mancha de phoma deve começar pela adoção de medidas culturais que tem como objetivo prevenir a instalação da doença e facilitar o controle químico, quando este for empregado. Sabemos que, em regiões muito favoráveis, o controle químico por si só não controla satisfatoriamente a doença.
O controle químico é oneroso, porque dependendo da região, abrange um período muito longo de proteção. Entretanto, ele é indispensável e deve ser recomendado de forma preventiva para lavouras com boas perspectivas de produção, em locais onde ocorrem chuvas contínuas e temperaturas baixas, durante o período de florescimento, e início da frutificação. Assim, devido à instabilidade climática observada nos últimos anos e à rápida evolução da doença no campo, quando as condições estão favoráveis, o controle químico tem sido muito oneroso para o produtor, pois em geral são feitas três ou quatro pulverizações com fungicidas específicos nesta época.
Por todo o exposto, nota-se a relevância de se conhecer a mancha de phoma, visto que sua importância econômica vem aumentando nos últimos anos em razão dos prejuízos que causa na produção. Utilizando-se dos controles citados e explicados, o produtor conseguirá amenizar os danos causados na sua lavoura cafeeira.