Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Nos últimos anos, as doenças têm se tornado uma grande preocupação por parte de técnicos e produtores envolvidos no agronegócio do milho. Perdas na produtividade devido ao ataque de patógenos são frequentes nas principais regiões produtoras do país.
A mancha branca, também denominada de pinta branca, é uma mancha foliar do milho causada pelo fungo Phaeosphaeria maydis, ocorrendo no Brasil de forma generalizada há muitos anos, estando presente em praticamente todas as regiões de plantio. É ainda relatada na Índia, em alguns países da África e das Américas. Embora antiga no Brasil, ocorria apenas no final do ciclo das plantas e só pôde ser observada em plantas mais jovens, acarretando redução da produtividade da cultura, a partir do final da década de 80.
Atualmente, as perdas na produção ocasionadas pela doença podem ser superiores a 60% em situações de ambiente favorável e de uso de cultivares suscetíveis. A mancha branca é favorecida por temperaturas amenas (cerca de 15 a 20°C), elevada umidade relativa do ar (mais de 60%) e elevada precipitação. Os plantios tardios propiciam uma maior severidade da doença devido à ocorrência dessas condições climáticas durante o florescimento, quando as plantas são mais sensíveis ao ataque do patógeno.
Os sintomas da mancha foliar de Phaeosphaeria maydis do milho são, inicialmente: pequenas áreas de coloração verde clara ou cloróticas, as quais crescem e passam a ser esbranquiçada, com aspecto seco e bordos escuros. Essas manchas apresentam formato arredondado a oblongo, com o diâmetro variando de 0,3 a 2 centímetros. Geralmente, são encontradas dispersas sobre a superfície do limbo foliar, mas iniciam-se na ponta da folha progredindo para a base, podendo coalescer (figura 1).
Figura 1: Sintomas da mancha branca (Phaeosphaeria maydis) no milho
Em geral, os sintomas aparecem inicialmente nas folhas inferiores, progredindo rapidamente para as superiores, sendo mais severos após o pendoamento, podendo ser observados também na palha da espiga. A disseminação do patógeno ocorre pelo vento e por respingos de chuva. Na figura 2, pode-se observar a escala diagramática para a severidade da doença.
Figura 2: Escala diagramática para severidade da mancha-branca do milho
A principal medida recomendada para o manejo da mancha branca é o uso de cultivares resistentes. Outra medida adotada é a escolha da época de plantio: deve-se optar por épocas de semeadura cujas condições climáticas que favoreçam a doença não coincidam com a fase de florescimento da cultura. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, os plantios tardios realizados a partir da segunda quinzena de novembro até o final de dezembro favorecem a ocorrência da doença em elevadas severidades. Portanto, recomenda-se antecipar a época do plantio, sempre que possível, para a segunda quinzena de outubro ou o início de novembro. O controle químico para o tratamento da cultura suscetível é uma medida viável, porém deve ser realizada conforme orientação técnica registrados para a cultura.
Por todo o exposto, fica claro que essas medidas além de trazerem benefício ao produtor, contribuem para uma maior durabilidade das cultivares, por reduzirem a possibilidade de disseminação do patógeno. A mais atrativa estratégia de manejo da doença é a utilização de cultivares geneticamente resistentes, já que seu uso não exige nenhum custo adicional ao produtor, não causa impactos negativos ao meio ambiente e é, muitas vezes, suficiente para o controle da doença.