Lucas Machado – Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A soja é um dos ingredientes fundamentais na fabricação de ração animal e seu uso na alimentação humana tem crescido consideravelmente. A cultura corresponde a 49% da área plantada em grãos do Brasil, se destacando como a cultura que mais cresceu.
O nutriente requerido em maior quantidade pela cultura da soja é o nitrogênio e existem duas fontes disponíveis desse nutriente para a planta: fertilizantes nitrogenados e a fixação biológica do nitrogênio. A fixação biológica do nitrogênio (FBN) é um processo que capta o nitrogênio do ar e o disponibiliza para as plantas, ou seja, um processo natural.
A FBN acontece entre o contato de bactérias do gênero Bradyrhizobium e as raízes das plantas. As bactérias provocam uma infecção por meio dos pêlos radiculares, e essa infecção se manifesta na forma de nódulos (figura 1), exercendo uma relação de mutualismo: as bactérias sobrevivem nas raízes da planta, e em troca fixam o nitrogênio. Desta forma a planta aproveita o nitrogênio para sua nutrição.
Figura 1 – Nódulos na raiz da soja
Pesquisas mostram que aumentos obtidos em produtividade na cultura da soja podem chegar a 15% com o uso de inoculantes, até mesmo em áreas onde já houve a utilização dos mesmos. Existem duas formas de inoculantes no mercado atualmente: líquidos e turfosos, sendo o líquido o mais utilizado, por sua praticidade de aplicação. A população mínima de células/semente que um inoculante deve apresentar é de 600.000 células /semente.
Para garantir a eficiência da inoculação e ter maior segurança quanto ao investimento em inoculantes, ao adquirir o mesmo é importante verificar na embalagem o número de registro do Ministério da Agricultura, o prazo de validade e se este tem pelo menos, 600.000 células/semente.
Quanto à aplicação dos inoculantes turfosos, deve-se umedecer as sementes com uma solução adesiva ou açucarada para cobrir toda a sua superfície de maneira uniforme. Para isso são utilizados equipamentos como: tambores e betoneiras (figura 2). Após misturar, recomenda-se deixar as sementes secarem à sombra, protegidas do calor e em seguida iniciar o plantio. Esse procedimento é o mesmo utilizado para os inoculantes líquidos.
Figura 2 – Tambor para inoculação
Outra maneira de utilizar o inoculante é realizar a aplicação diretamente no sulco de plantio. Esse método é utilizado principalmente por quem faz tratamento de sementes utilizando fungicidas e micronutrientes, porque esses tratamentos reduzem a nodulação e a FBN. Neste caso a dose do inoculante deve ser 6 vezes maior que a normal, independente se o solo já foi inoculado ou não.
O cobalto e molibdênio são indispensáveis para a eficiência da FBN, e sua aplicação junto com fungicidas antes da inoculação, reduz a nodulação como já mencionado anteriormente. Assim, é recomendado como alternativa realizar uma pulverização foliar entre os estádios V3 e V5.
O sucesso da lavoura depende de um conjunto de atividades, práticas, processos e metodologias que devem ser seguidas, não basta apenas o inoculante ser bom, armazená-lo de forma adequada, realizar a prática da inoculação corretamente, não semear em solo seco, misturar o inoculante uniformemente, corrigir e adubar o solo com base em resultados de análise de solo, utilizar defensivos recomendados para a cultura e plantar com menos de 24 horas após a inoculação, essas são medidas que ajudarão alcançar as metas de produtividade e o sucesso da lavoura.