Marcus Vinícius Santa Brigida Cardoso ¹
Cecília Donata Silva de Oliveira ²
A criação de animais de confinamento é amplamente adotado na produção pecuária no Brasil. Esse sistema consiste na criação de uma maior quantidade de animais por área, por menos tempo dentro da propriedade, recebendo alimentação no cocho. Diferentes de outros tipos de sistemas, animais de corte confinados recebem uma dieta rica em energia (amido), compreendendo mais de 50% da relação volumoso: concentrado e mais de 70% de amido na dieta, advinda da presença do concentrado ou outras fontes de amido, como silagem de grãos (úmido, reconstituído e espigas).
No Brasil, a raça predominante nos mais diversos confinamentos é a Nelore. Estes animais ao entrarem no sistema são fortemente desafiados pelo tipo de dieta utilizada na sua alimentação.
De modo geral, animais ruminantes antes de serem confinados recebiam algum tipo de dieta diferente daquela que será estabelecida durante o confinamento (e.g. dietas menos energéticas), logo, estes animais precisam se adaptar à nova alimentação que irão ser submetidos. Um dos problemas mais comuns que acometem esses animais é a acidose, um quadro de distúrbio metabólico ocasionado pela dieta altamente energética, e que pode apresentar sinais nos primeiros dias do confinamento, caso não ocorra uma adaptação adequada dos animais à dieta.
Período de adaptação
O período de adaptação de uma dieta pode ser entendido como o tempo mínimo necessário que o animal leva para transitar de uma dieta para outra, sem comprometer seu desempenho durante o período do confinamento. De modo geral, a adaptação ocorre com uma maior quantidade de volumoso na dieta e sendo substituído pelo concentrado ao longo do confinamento, ou seja, diminui a relação volumoso:concentrado da dieta. Garantir que o animal consiga consumir a alimentação fornecida depende do tempo em que essa adaptação ocorre, visto que esse período precisa ser suficiente para que a flora ruminal se estabeleça de acordo com a nova dieta, bem como a formação das papilas ruminais, trazendo benefícios ao desempenho animal durante o confinamento (Tabela 1).
Tabela 1 – Peso inicial e final, ganho de peso, ingestão de massa seca, eficiência alimentar e custo por animal, em animais confinados com 9 ou 14 dias de adaptação.
Item Período de adaptação
9 dias | 14 dias | |
Peso inicial (kg) | 387,17 | 394,85 |
Peso final (kg) | 521,95 | 527,62 |
Ganho de peso diário (kg) | 1,29 | 1,43 |
Ganho de peso total (kg) | 79,89 | 85,64 |
Ingestão de massa seca (kg) | 9,01 | 9,56 |
Ingestão de massa seca (%PV) | 2,11 | 2,11 |
Eficiência alimentar (kg/kg) | 0,142 | 0,150 |
Custo / kg do PV (R$) | 5,58 | 5,08 |
Fonte: Adaptado de Estevam (2016).
De fato, um período de adaptação considerado apropriado (e.g. 14 dias) tornam o animal mais, apresentando um epitélio ruminal mais desenvolvido, melhor digestão da fibra e absorção de energia pela parede do rúmen, tornando-os animais mais eficientes no final do sistema em comparação à animais com períodos de adaptação mais curtos (e.g. 9 dias).
Referências
ESTEVAM. Daniela D. PERÍODOS DE ADAPTAÇÃO DE BOVINOS NELORE CONFINADOS A DIETAS DE ALTO TEOR DE CONCENTRADO. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, B