Cristiane Andrade Pinto
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
As pontas de pulverização são um dos componentes mais importantes de um pulverizador, já que são responsáveis pela formação e distribuição das gotas. Antes de se escolher um modelo de ponta de pulverizador, é necessário entender qual é a gota ideal. A partir daí podemos escolher um modelo de ponta que produza um conjunto de gotas com diâmetro médio próximo àquela gota que seria considerada adequada para controle de determinado alvo biológico, sob determinadas condições de aplicação regulagem e calibragem dos equipamentos. Existe uma faixa de classificação do tamanho das gotas em função do seu diâmetro mediano volumétrico (DMV) (figura 1), que é: gotas finas, gotas médias, gotas grossas, que devem ser escolhidas em função do alvo a ser controlado.
Figura 1:DMV
Uma ponta de pulverização hidráulica (figura 2) não produz um único tamanho de gota. Em toda pulverização, seja ela classificada como fina, média ou grossa, existirão gotas pequenas, médias e grandes, variando-se apenas a proporção entre elas. Portanto, a aplicação é feita na forma de gotas, onde a calda é fragmentada comumente com a utilização da energia hidráulica, processo denominado de pulverização. Nesta modalidade de aplicação, o diâmetro das gotas varia com o modelo de ponta de pulverização, com a vazão e com a pressão de trabalho, sendo o seu conhecimento de fundamental importância para o sucesso do tratamento realizado.
Figura 2: ponta de pulverização
As pontas, por si só, não respondem à eficiência de controle de determinado alvo. Esta se dá em função da correta colocação do produto fitossanitário no alvo, na quantidade necessária para o seu controle. Esses fatores podem variar em função do modo de ação do produto (contato ou sintético) e da cobertura da calda pulverizada, que, além do modelo de ponta, é influenciada por outros fatores, como volume de calda que está sendo utilizado, condições climáticas no momento da aplicação, arquitetura e estágio de desenvolvimento da cultura, já que as folhagens no terço superior das plantas podem propiciar o chamado ”efeito guarda-chuva”, que impede a livre passagem das gotas para os terços médios e inferiores, onde se estabelecem e iniciam os ataques de doenças fúngicas, por exemplo.
Se considerarmos somente o modelo de ponta de pulverização, com o mesmo volume de aplicação, poderia haver diferença entre si quanto à eficiência, já que a mesma está diretamente relacionada com a cobertura das gotas pulverizadas e a sua capacidade de redistribuição no dossel da cultura. Gotas mais finas propiciam uma melhor cobertura, além de penetrarem mais nas partes internas das plantas, mas, ao mesmo tempo, deve-se tomar cuidado com as condições climáticas no momento da aplicação, já que sofrem deriva facilmente. São as condições internacionalmente recomendadas como limites para pulverização:
- Umidade relativa do ar: mínima de 55%;
- Velocidade do vento: 3 a 10 km/h;
- Temperatura abaixo de 30ºC
Em condições climáticas adequadas, como umidade alta, temperatura e ventos amenos, podem-se utilizar gotas menores para uma boa cobertura. A indicação de um modelo de ponta de pulverização se dá em função do alvo a ser controlado. Exemplo: em uma aplicação de herbicidas em pré-plantio incorporado seria mais adequado o uso de gotas grossas e extremamente grossas, pois a cobertura não é um fator importante nesse tipo de aplicação, mas a deriva sim.
Nesse caso, se forem utilizados pontas que produzem gotas finas, poderia ocorrer grandes perdas dessas por deriva, causando injúrias em culturas vizinhas e/ou contaminando áreas que não são alvos, além da perda do produto pela evaporação dessas gotas antes mesmo de atingirem o objetivo. Em um exemplo oposto, um alvo que necessite de uma cobertura rica, como na aplicação de fungicidas, principalmente protetores e de contato, aqueles bicos que produzem gotas finas serão mais eficientes em relação àqueles que produzem gotas grossas, já que esses últimos proporcionariam uma cobertura menor, com o mesmo volume de calda.
Existem vários tipos de classificação para os bicos, dependo da energia que utilizam para produzir gotas. Desta forma, há bicos de energia gasosa, cinética, térmica centrífuga, elétrica e hidráulica, sendo esta última a mais comum. Habitualmente, o termo “bico de pulverização” é utilizado como sinônimo de “ponta de pulverização”, entretanto, eles correspondem a estruturas diferentes. O bico é composto por todo o conjunto com suas estruturas de fixação na barra (corpo, peneira, ponta e capa), enquanto que ponta corresponde ao componente do bico responsável pela formação das gotas.
Existem diversos modelos de pontas de pulverização produzidos por várias empresas no mercado. Alguns modelos são tradicionalmente mais comercializados, como o cone vazio, o qual produz gotas finas, e o jato plano, que além de gotas finas também produz gotas médias e grossas, variando de acordo com o modelo. Alguns modelos são mais recentes no mercado, como os bicos com indução de ar, para aplicação de herbicidas, principalmente. Nesses modelos, existe um orifício de entrada de ar na ponta de pulverização, e na passagem da calda o ar é succionado, gerando então a produção de gotas om ar em seu interior. Assim, as gotas aumentam seu tamanho e peso, o eu auxilia na diminuição da deriva.