Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O trigo (Triticum aestivum L.) é uma gramínea de ciclo anual, cultivada durante o inverno, podendo ser irrigado ou não, consumido em forma de farinha ou ração animal. No Brasil, a produção anual varia entre 5 e 6 milhões de toneladas, nas regiões Sul (RS, SC e PR), Sudeste (MG e SP) e Centro-Oeste (MG, GO e DF), onde cerca de 90% está concentrada no Sul do Brasil.
O solo da área a ser cultivada deve ter boa fertilidade, ser livre de acidez, pragas e doenças e não deve sofrer inundações para que não haja decréscimo de rendimento. É importante ressaltar que os restos culturais devem ser depositados em uma faixa equivalente à largura da plataforma de corte da colhedora, independentemente de serem ou não triturados. Já a escolha da cultivar adequada a ser instalada é uma decisão do produtor e/ou técnico, devendo-se levar em conta todas as suas próprias características e da área.
A densidade de semeadura a ser adotada deverá considerar a indicação para a cultivar desejada e para a região produtora, conforme indicação técnica das instituições de pesquisa e/ou dos obtentores das cultivares, variando aproximadamente entre 60 e 80 sementes por metro ou de 200 a 400 sementes viáveis por metro quadrado, independente de ser semeadura em linha ou a lanço. A distância entre linhas normalmente indicada para o trigo varia de 17 a 20 cm. A profundidade de semeadura deve ficar em torno de 2 a 5 cm.
O potencial produtivo de uma cultivar depende do seu estabelecimento e desenvolvimento inicial. Por esta razão, é fundamental o controle das doenças e das pragas da cultura do trigo, levando em consideração a sanidade das sementes e da área a ser cultivada. As sementes podem estar infectadas por patógenos, mesmo sem apresentarem sintomas externos. Para evitar a reintrodução de fungos na lavoura, como por exemplo Stagonospora nodorum, Bipolaris sorokiniana e Drechslera tritici-repentis(figura 1), recomenda-se o tratamento de sementes para o plantio em lavouras, com rotação de culturas de inverno ou em áreas novas.
Figura 1: Sintomas de Stagonospora nodorum (A), Bipolaris sorokiniana (B) e Drechslera tritici-repentis (C)
Por definição, a rotação de culturas consiste em alternar espécies vegetais, no decorrer do tempo, numa mesma área agrícola. Com isso, para o sucesso da lavoura, a prática de rotação de culturas é um fator fundamental, por favorecer o manejo integrado de pragas, doenças e plantas infestantes. Além disso, promove a cobertura permanente do solo, aumentando a sua fertilidade. A semeadura anual de trigo na mesma área é considerada a principal causa da ocorrência de doenças. Culturas como a aveia, o nabo forrageiro, a canola e as leguminosas em geral, constituem as melhores opções num sistema de rotação, visando o controle de doenças nos órgãos aéreos (como manchas foliares, oídio, ferrugem da folha e do colmo, giberela e brusone) e das demais doenças do sistema radicular do trigo.
Para garantir a produtividade da lavoura e para assegurar a qualidade final do grão, o processo de colheita do trigo também é considerado de extrema importância (figura 2). O momento ideal para sua realização é quando os grãos apresentam teor de umidade apropriado (na prática, aproximadamente 13%), para que as perdas sejam evitadas. Para escapar das chuvas na maturação final, as lavouras de trigo podem ser colhidas antecipadamente, mesmo com umidade superior a 13%, evitando-se as perdas de qualidade e produtividade de grãos. Nesse caso, os grãos de trigo devem ser submetidos ao processo de secagem. É necessário também tomar alguns cuidados com relação à regulagem das colhedoras, para evitar perdas durante a operação de colheita, como por exemplo, a perfeita regulagem do equipamento com antecedência. Uma das recomendações é seguir as instruções do manual do fabricante.
Figura 2: Colheita do trigo mecanizada
Diante do artigo apresentado, nota-se que o uso de boas práticas agrícolas associadas ao manejo correto na implantação e condução da lavoura de trigo, contribui para que o agricultor mantenha e estimule o potencial produtivo da cultura, resultando em uma maior produtividade e um aumento da qualidade final do produto. Com isso, o triticultor obtém uma boa rentabilidade, podendo fornecer um produto de alta qualidade no final da safra.