Na cultura do café podemos encontrar três tipos de ácaros que são considerados pragas e que em grandes populações podem vim a causar grandes problemas em relação a desfolha excessiva, queda da taxa fotossintética, transmissão de doenças viróticas e queda acentuada de produtividade. As três espécies de ácaros de mais causam danos aos cafezais são: ácaro vermelho (Oligonychus ilicis), ácaro plano (Brevipalpus phoenicis) e o ácaro branco (Polyphagotarsonemus latus).
Ácaro vermelho
O ácaro vermelho, é encontrado nas partes adaxiais da folha e com o auxílio de uma lente de aumento é possível identifica-lo. As fêmeas são maiores que os machos e têm a coloração vermelho-escura no terço anterior do corpo e nos terços posteriores apresentam a coloração pardo-escura. A cada postura são ovopositados de 10 a 15 ovos que ficam na parte de cima das folhas, os respectivos ovos têm a coloração que varia de vermelho-escuro a róseo brilhante e tem o formato arredondado.
Esses aracnídeos se alimentam do conteúdo intracelular, o líquido contido no interior das células quando em contato com os raios solares sofre uma espécie de queimadura, dando um aspecto de bronzeamento às folhas atacadas pelo ácaro vermelho, que se constitui o sintoma típico do ataque dessa praga (figura 1). As “folhas bronzeadas” não conseguem realizar a fotossíntese ou quando conseguem tem baixa eficiência fotossintética, de acordo com esse fato observa-se em áreas com grande ocorrência desse aracnídeo desfolhas intensas e como consequência principal há acentuada queda de produtividade.
A principal forma de disseminação é através do vento, esses ácaros produzem uma espécie de teia que quando em presença de ventos são dispersas para outros talhões, dessa forma em lavouras que não apresentarem um bom monitoramento da população de pragas, estarão sujeitas ao ataque generalizado do ácaro-vermelho. Além da ocorrência de ventos, o clima seco favorece seu aparecimento principalmente em invernos secos com temperaturas acima das normais, locais ensolarados e lavouras que usam inseticidas a base de piretróide são mais propícias ao ataque dessas pragas. Os piretróides eliminam todos os inimigos naturais dos ácaros (tripes, joaninhas e percevejos) e de acordo com estudos tal inseticida, estimula a fêmea ovopositar em maior intensidade.
A principal forma de controle e a mais eficiente é promover o aparecimento de ácaros e coleópteros predadores, através da manutenção do mato na entre linha. O plantio de árvores nos carreadores demonstra ser uma prática importante quando pensamos em evitar a disseminação. Depois de empregado todos os métodos culturais e ainda o problema persistir, podemos utilizar o controle químico com produtos à base de enxofre como, por exemplo, a calda sulfocálcica a 2%, acaricidas específicos ou inseticidas que controlam tanto o Bicho-mineiro, quanto o ácaro vermelho.
Figura 1– Aspecto de plantas e folhas atacadas pelo ácaro vermelho.
Ácaro plano
O ácaro plano ou também conhecido como ácaro da leprose, é um importante transmissor da leprose que se caracteriza por ser uma doença virótica que ataca a cultura do café e também de citrus. Os sintomas mais vistos quando falamos do ácaro plano associado a leprose são lesões translúcidas e circulares em alguns casos acompanham as nervuras e nos frutos podem ocorrer lesões deprimidas de cor ferrugem quando verdes e em frutos maduros ocorre o aparecimento de descolorações da casca de forma circular. Nos últimos anos têm sido observadas pequenas lesões nos frutos em grande número que ao passar do tempo secam o fruto do café (figura 2), observa-se também a secagem de ramos laterais quase sempre associados a fungos oportunistas secundários, como é o caso do Colletotrichum.
O controle é bem parecido com o controle do ácaro- vermelho no mercado já se encontra disponível para o produtor acaricida específico para o ácaro plano, enfatizamos que os métodos de controle cultural são a melhor maneira de controlar essas pragas na lavoura.
Figura 2– Aspecto de frutos atacados pelo ácaro da leprose.
Ácaro Branco
Dentre todas as espécies de ácaros consideradas pragas no cafeeiro, o ácaro branco é o menos problemático, sua maior incidência está restrita em casas de vegetações e em viveiros onde é necessário o constante monitoramento. Esse determinado ácaro fica localizado na parte abaxial das folhas e pode ser visto com o auxílio de uma lupa de aumento. As folhas mais novas são as preferencialmente atacadas e os sintomas de infestação do ácaro são ranhuras de cor castanha na parte de baixo das folhas atacadas e as nervuras ficam mais proeminentes (figura 3), podendo ser confundidas com deficiência de boro.
A forma de controle que mais têm sido empregadas para o controle do ácaro branco quando incidente em determinado viveiro é o método químico com aplicação de acaricidas ou produtos à base de cobre.
De acordo com as informações contidas nesse trabalho, podemos dizer que o problema do aparecimento recorrente de ácaros na cafeicultura brasileira é um problema resultante da falta de critério na aplicação de inseticidas que em muitos casos acabam por eliminar os predadores dessa determinada praga. As práticas culturais devem ser priorizadas para o efetivo controle, pois são procedimentos que não geram impactos ao meio ambiente e são eficientes.
Figura 3– Folha atacada por ácaro branco com nervuras proeminentes.