Rafael Achilles Marcelino
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
Entre os anos de 1974 e 2009, foi delieado a evolução do rebanho bovino e das áreas de pastagens destiadas a pecuária (gráfico 1).
Gráfico 1- Evolução do rebanho e da pastagem
O gráfico revela o ganho de produtividade da pecuária brasileira nas últimas décadas devido ao aumento da taxa de lotação das pastagens quanto na produção de carne. Em 1974 era cerca de 91 milhões de cabeça em aproximadamente 163 milhões de hectares de pastagem, e em 2009 atingiu a marca de 195 milhões de cabeças em aproximadamente 171 milhões de hectares de pastagem, isto é, a taxa de lotação aumentou de 0,55 cabeça/hectare em 1974 para 1,14 cabeça/hectare em 2009.
Entre os anos de 1974 e 2009, a área de pastagem brasileira passou de 163 milhões para 171 milhões de hectares. Um crescimento de apenas 4,9% em 35 anos. Outro fato marcante é que se pode observar é a redução da área de pastagem a partir do ano de 1985. Tais dados mostram houve expansão das áreas destinadas a atividade da pecuária nos últimos anos, mas não nessa velocidade alarmante divulgada diariamente nos mais diversos meios de comunicação na qual o boi é tratado como vilão e o fazendeiro como bandido da natureza.
Também, entre 1974 e 2009, o rebanho bovino brasileiro teve um salto fantástico em seu efetivo. O número de animais passou de 91 milhões para 171 milhões de cabeças. Um crescimento de 88% no rebanho.
Porém, o destaque maior acontece na produção de carne. Entre 1975 e 2008, segundo estudo do MAPA, a produtividade aumentou de cerca de 270% no peso total de carcaças nesse período, isto é, houve importante elevação da produtividade de 1.790.855 para 6.619.010 toneladas. São dados importantíssimos para a prática e estudo da pecuária sustentável porque está se produz cada vez mais numa área cada vez mais restrita.
A tabela 1 elucida a atual situação da pecuária bovina brasileira. Da tabela 1 percebe-se o quanto a taxa de desfrute brasileira ainda tem a melhorar e chegar a valores próximos e até mesmo mais eficientes que Argentina, Austrália e Estados Unidos, cujas taxas de desfrute são 26, 32 e 37%, respectivamente. Potencial o Brasil tem, entretanto deve saber explorá-lo. Assim, a IATE aliada ao manejo, a nutrição, a sanidade e a genética, é a ferramenta reprodutiva que permite melhorar os índices produtivos e potencializar melhores retornos econômicos.
Tabela 1 – Situação da pecuária bovina em 2008
Taxa de desfrute | 22,50% |
Taxa de ocupação | 0,8 a 1 u.a. |
47 kg de carne/ha | |
Abate SIF Total | 22 milhões de cabeças |
51% do total | |
Abate SIF (associados) | 16 milhões de cabeças |
73% dos abates por SIF | |
Abate sem SIF | 20 milhões de cabeças |
Produção carne (2009) | 9,2 milhões de Ton Eq C |
Produção Industrial | 390 estabelecimentos |
Desempenho reprodutivo
A rentabilidade econômica de uma empresa agropecuária, principalmente aquelas que exploram a bovinocultura de corte, está altamente relacionada com a reprodução. Economicamente, o mérito reprodutivo é considerado 5 vezes mais importante que o ganho de peso e 10 vezes mais importante que a qualidade final do produto. No Brasil, essa relação é maior do que 300 vezes para os sistemas de produçäo de bovinos de corte em regime exclusivo de pastagens. Isto significa que a fertilidade e a sobrevivência dos bezerros são mais importantes do que qualquer outra característica na determinação da rentabilidade da produção de bovinos de corte. Logo, a adoçÃo de estratégias de manejo reprodutivo, que possibilitem alcançar índices adequados, é vital para o sucesso econômico da pecuária brasileira.
Os índices reprodutivos também são valiosas ferramentas para verificação do impacto que o melhoramento genético tem sobre a eficiência reprodutiva, principalmente no que diz respeito as características ligadas ao crescimento e a qualidade da carcaça.
No que se refere à eficiência reprodutiva em bovinos de corte, principalmente sobre regime de criação extensiva típica do Brasil, a Inseminação Artificial em Tempo Fixo é a biotecnologia reprodutiva que mais impacto têm sobre seus índices econômicos.
Impacto da Iseminação Artificial (IA) na sustentabilidade produtiva
As vantagens da IA são: melhoramento genético, controle de doenças, cruzamento entre raças, prevenção de acidentes com a vaca durante sua cobertura por um touro muito pesado, redução da dificuldade em partos, aumento do número de descendentes de um reprodutor, controle zootécnico do rebanho e padronização do rebanho.
De todas essas vantagens, o grande benefício da IA refere-se às consequências do ganho genético proporcionadas ao rebanho. O uso do sêmen de reprodutores comprovadamente superiores para a produção de carne permite a obtenção de bezerros mais pesados à desmama, com melhor capacidade de ganho de peso e com melhor acabamento de carcaça. Isto é, consegue-se atingir o peso de abate no menor tempo possível e com melhor qualidade do produto final, a carne. Portanto, permite com que se reduza o tempo de permanência dos animais na fazenda por meio da redução da idade ao abate, ou seja, eleva-se a taxa de desfrute da fazenda.
Impacto da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) na sustentabilidade produtiva
Apesar de possuir esse importante papel no melhoramento genético, a IA não resolve o grande problema da eficiência reprodutiva, a falha na identificação e reconhecimento do cio, e o anestro pós-parto. As perdas de cio aumentam o número de dias improdutivos dos animais, elevam o intervalo entre partos e diminuem o número de bezerros nascidos. Ao observarem esses efeitos, muitos fazendeiros interrompem seus programas de inseminação artificial. Dessa forma, programas de inseminação em tempo fixo, sem a necessidade de detecção de cio, colaboram para o aumento da eficiência e do emprego da técnica de IA.
Apenas 7% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas no Brasil. E desse total, estima-se que cerca de 20% das inseminações são realizadas pela técnica de tempo fixo. Assim, a IATF tem se mostrado uma forte tendência para o desenvolvimento da pecuária do Nacional, e já está sendo largamente utilizada por simplificar o uso da inseminação artificial (IA) em criações extensivas.
No sistema extensivo de criação de bovinos de corte utilizado no Brasil, observa-se que aproximadamente 50% das vacas estão em anestro por ocasião do início da estaçào de acasalamento, principalmente devido a deficiências nutricionais e à baixa condição de saúde dos ventres. Essas vacas tendem a apreentar baixas taxas de concepção quando submetidas à IATF. Desse modo, as vacas destinadas a programas de ATF devem preencher alguns pré-requisitos, principalmente no que se refere à condição corporal (mínimo 2,5 em uma escala de 1 a 5). A tabela 2, demonstra os efeitos do período de serviço e tempo decorrido entre o parto e o primeiro cio fértil, sobre a eficiência reprodutiva de um rebanho.
Tabela 2 – Efeito do período de serviço e gestação sobre itervalos entre partos e taxa de nascimento
Período de serviço
(meses) |
Gestação
(meses) |
Intervalo entre partos (meses) | Taxa de nascimento
(%) |
14,5 | 9,5 | 24 | 50 |
10,5 | 9,5 | 20 | 60 |
8,5 | 9,5 | 18 | 65 |
7,5 | 9,5 | 17 | 70 |
6,5 | 9,5 | 16 | 75 |
5,5 | 9,5 | 15 | 80 |
4,5 | 9,5 | 14 | 86 |
3,5 | 9,5 | 13 | 90 |
2,5 | 9,5 | 12 | 100 |
A Taxa de Prenhez (TP) é a relação entre o número de fêmeas que ficaram prenhes por ocasião da estação de monta, e o número de fêmeas introduzidas no programa reprodutivo. Refere-se à interação entre a Taxa de Concepção (número de fêmeas prenhes/número de fêmeas inseminadas expressa em porcentagem) e a Taxa de Serviço (número de fêmeas inseminadas ou cobertas/número de remeas aptas a reprodução).
A Taxa de Serviço (TS) depende do número de fêmeas que estão ciclando e da eficiência com que os estros estão sendo detectados. Já a Taxa de Concepção (TC) é influenciada pela fertilidade das vacas e dos touros ou pela qualidade do sêmen, pela eficiência da detecção dos estros e da técnica de inseminação. Logo, o emprego da IATF incide tanto na TS quanto na TC uma vez que elimina a necessidade de detecção do cio e induz a ciclicidade em vacas em anestro elevando a taxa de prenhez. Todavia, um dos índices mais importantes na atividade de cria é a taxa de desmama. Este índice representa a relação entre o número de bezerros nascidos vivos e o número de vacas aptas à cobertura expressa em porcentagem. Por tanto, a fazenda que esteja com seu manejo, nutrição e controle sanitário controlados, ao investir em genética e reprodução, conseguirá boas taxas de desmame, com bezerros mais pesados e com menor idade ao abate.
Conclusão
Assim, pode-se concluir que o emprego da IATF é de fundamental importância para o desenvolvimento da pecuária e da economia brasileira. Sua correta utilização resulta em melhorias das taxas de serviço e de concepção e, conseguentemente, no aumento da taxa de prenhez, o que proporciona ao rebanho uma redução do intervalo entre partos, redução do período de serviço, aumento na taxa de lotação e a elevação taxa de desfrute da faenda, ou seja, permite ao produtor que se intesifique a produção de carne hectare/ano, alavancando melhores retornos econômicos sem necessidade de ampliação das fronteiras agrícolas. Ou seja, haverá maior e melhor produção de carne numa área cada vez menor, tornando a atividade mais rentável e sustentável.