GUIA RÁPIDO– SOBRE ESSA PRÁTICA ESSENCIAL À AGRICULTURA.
Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
O processo de análises de solos é talvez uma das práticas mais importantes e fundamentais para a agricultura atual. Conhecer o solo que será cultivado, suas necessidades e suas características é peça-chave para se obter sucesso na produção de qualquer cultura, independente da região ou da espécie de planta que será cultivada.
É a partir da realização desse processo que o produtor será capaz de conhecer as limitações de sua área e também mapear suas subáreas mais férteis. Poder corrigir e intensificar as adubações em determinado ponto e também redistribuir e repensar a forma como tem conduzido suas lavouras, afim de se produzir de maneira inteligente, rentável e sustentável.
E tão importante quanto realizar o processo de análise, é também saber fazer de uma forma bem feita. Existem hoje, diversas recomendações e orientações para se fazer uma boa amostragem que devem ser seguidas com cuidado. Realizar no período e na frequência adequada, escolher um bom laboratório e interpretar com embasamento técnico são apenas algumas das medidas que o produtor deve seguir e que proporcionarão a ele as melhores condições de cultivo e produção para sua propriedade.
A seguir falaremos um pouco sobre a realização do processo de amostragem de solo, sua importância e quais os principais cuidados o agricultor deverá seguir.
O QUE É UMA ANÁLISE DE SOLO?
O processo de análise de solo, nada mais é do que a prática de amostrar e coletar amostras de solo (de maneira aleatória ou não) em determinados pontos de uma área e enviá-las a um laboratório para que sejam feitas as análises. Essas, por sua vez, terão o objetivo de quantificar a disponibilidade de nutrientes e a composição química/física daquele material, de forma que o resultado obtido, seja uma representação de toda aquela área de onde a amostra foi coletada.
Para que esse processo seja realmente representativo e consiga expressar com fidelidade as características gerais do local onde foi retirada a amostra, é necessário primeiro, que o responsável pelas amostragens conheça o processo que está realizando e que retire todas as amostras seguindo um padrão de coleta. De modo que diminua o máximo possível as variações entre uma amostra e outra.
Além disso, parâmetros como por exemplo a profundidade de onde a amostra será retirada devem ser seguidos à risca. Geralmente, o mais comum de se coletar amostras são nas profundidades de 0-10cm, 10-20cm, 20-40cm, tudo isso irá depender de qual será o intuito do produtor na utilização daquela área e qual espécie de planta será cultivada.
Espécies perenes como por exemplo o café, que continuam o seu ciclo de crescimento e produção ano após ano, podem crescer e expandir muito o seu sistema radicular abaixo da superfície do solo, podendo chegar a até mais de um metro de profundidade. Por outro lado, espécies anuais como por exemplo o milho e a soja, não chegam a profundidades tão grandes assim e por isso é necessário que o produtor tenha um planejamento prévio sobre qual é o objetivo da sua área para que possa analisá-la da melhor maneira possível.
Dentro do processo de análise de solo, existem duas principais análises que o produtor pode optar por fazer, sendo elas: análise química e análise física.
ANÁLISE QUÍMICA DO SOLO
A análise química do solo, é aquela em que se analisa e se quantifica os elementos e nutrientes disponíveis no solo de determinada área, que são os chamados macros e micronutrientes. Esses são extremamente importantes e fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das plantas e, por esse motivo, conhecendo a disponibilidade em que estão no solo, o produtor consegue também interpretar se existe a quantidade suficiente para o desenvolvimento e produção de suas lavouras, podendo através desses dados, calcular adubações e correções necessárias afim de se otimizar a produção.
Os macros e micronutrientes, são os elementos essenciais para que a planta consiga crescer, se desenvolver e produzir seus frutos e sem eles ela não consegue sobreviver e finalizar o seu ciclo. Os macronutrientes são aqueles que a planta necessita em maior quantidade, sendo eles: nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre. Os micronutrientes por sua vez, são aqueles que também são necessários, mas que exigidos pela planta em uma quantidade menor, que são: boro, cloro, zinco, cobre, manganês, molibdênio.
A maioria dos laboratórios costumam oferecer dois tipos de pacotes de análise química do solo, que são eles: análise básica e análise completa.
– ANÁLISE BÁSICA = A análise básica, ou também chamada análise de rotina, é aquela análise em que são quantificados apenas os macronutrientes da amostra.
– ANÁLISE COMPLETA = A análise completa é caracterizada como sendo uma análise que se quantifica tanto os macros, quanto os micronutrientes de determinada amostra, podendo ainda englobar outras análises de outros parâmetros do solo.
ANÁLISE FÍSICA DO SOLO
Além da grande importância de se realizar a análise química do solo, conhecer a estrutura física e a composição das partículas que compõe o solo de determinada área é extremamente importante. E é exatamente esse o papel de uma análise física, ou também chamada análise de textura/textural, que tem como finalidade analisar o tamanho das partículas que formam um solo, sendo classificadas em: areia, silte e argila.
Conhecer o tamanho das partículas e fazer a classificação física de um solo, é tão importante quanto conhecer os elementos disponíveis e presentes nele. É através dessa análise que o produtor terá o conhecimento necessário para saber como manejar o seu solo, qual o melhor maquinário e equipamento para utilizar, como ele irá reagir aos adubos, corretivos e diversos outros fatores que colaboram com uma melhor condução das lavouras e mais sustentabilidade no cultivo.
COMO REALIZAR A AMOSTRAGEM?
Assim como mencionado anteriormente, o processo de amostragem e coleta de solo irá depender e variar muito de qual será o objetivo daquela área que o produtor irá utilizar. Cada cultura terá sua particularidade e além disso, existem outras variáveis que o agricultor deve analisar como por exemplo o tamanho da área, os recursos financeiros disponíveis, se ele irá utilizar técnicas de agricultura de precisão ou não e vários outros fatores.
Vale ressaltar também que essa etapa (coleta do solo), é talvez uma das mais importantes e que mais requer planejamento do produtor, pois é nesse momento que ele deverá selecionar pontos estratégicos que representem sua área como um todo. Além disso durante a retirada do solo em profundidade, é recomendado fazer uma pequena limpeza na superfície para retirar impurezas ou outros elementos que possam interferir e prejudicar o resultado da análise.
Geralmente, o mais comum e mais utilizado modo para se realizar a coleta de solo, é a divisão da área total em diversas glebas/talhões menores que tenham características semelhantes, como por exemplo o relevo, a cor, o histórico de utilização, adubação, etc.
Dentro dessas glebas, o produtor pode ainda realizar a coleta de diversas amostras simples, que depois serão unidas e formarão uma única amostra composta que representará aquele talhão como um todo.
Após coletado todos os pontos, é importante que cada amostra seja identificada e armazenada da maneira correta, evitando que uma se misture com a outra, ou tenham também contato com algum produto que possa contaminá-las.
ÉPOCA DE ANÁLISE E FREQUÊNCIA
A época e a frequência com que o produtor deverá realizar as análises de solo de sua propriedade, irá variar muito com a disponibilidade recursos financeiros e também a forma como ele conduz suas lavouras.
O mais habitual é que as amostras químicas sejam feitas uma vez ao ano, para que o produtor possa conhecer e interpretar os resultados de suas adubações e correções, podendo por outro lado, realizar as análises físicas de dois em dois anos, sendo que essas não possuem resultados que variam muito de um ano para o outro.
ESCOLHA DO LABORATÓRIO
Após realizado todo o processo de planejamento, coleta e amostragem do solo, chegamos agora a uma das etapas fundamentais e que mais podem interferir nos resultados obtidos pelo produtor, que é a escolha do laboratório para se enviar as amostras.
Essa é uma etapa importantíssima e é ela que irá definir como o produtor irá manejar sua lavoura, comprar seus adubos e fertilizantes, corretivos e várias outras, por isso é de suma importância escolher um laboratório de qualidade e seriedade em seus serviços, que possa analisar e entregar resultados que realmente representem com certeza a composição físico/química daquela área amostrada.
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Ao término do processo de análise laboratorial, o laboratório responsável irá emitir um laudo com os resultados encontrados para cada uma das amostras enviadas pelo produtor. Com esse resultado em mãos, é também muito importante que sejam analisados e interpretados com o auxílio de um profissional qualificado e responsável, por isso o produtor deve se atentar e procurar uma assistência técnica para lhe orientar nessa etapa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O processo de análise de solo é fundamental e crucial na condução de qualquer lavoura independente da cultura utilizada. Conhecer os nutrientes disponíveis, as propriedades físicas e químicas são de suma importância e são através desses resultados que o produtor terá a possibilidade de otimizark seus manejos, sua produtividade e sua rentabilidade. O custo para se realizar análises de solo correspondem a um valor quase imperceptível no custo de produção das lavouras e por isso é um investimento altamente recomendado para todos os produtores que desejam aumentar a produção e a qualidade do material que produzem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
O GUIA DA INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO – GRESSA CHINELATO – DISPONÍVEL EM https://blog.aegro.com.br/interpretacao-de-analise-de-solo/ ACESSO EM 13/08/2020
2 Comments
Excelente
Excelente matéria, parabéns e muito obrigado