Rafael Achilles Marcelino
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
A produção leiteira, bem como outras atividades relacionadas à produção de alimentos, deve procurar constantemente a eficiência. A pressão crescente dos custos leva os produtores à busca pelos ganhos de escala, tanto com relação à produção em geral como também com relação a cada um dos fatores de produção.
Verifica-se que os produtores, principalmente os grandes, estão cada vez mais tecnificando suas propriedades e aumentando suas participações no mercado. Prova disto é que os 100 maioresprodutores brasileiros em 2014 produzíram, em media; 5,25% mais do que os 100 maiores de 2015.
Em paralelo, estes produtores buscam também o aumento de produtividade como, por exemplo. por unidade de área, por custos de instalações, por empregado e por animal. Desta forma, os custos fixos são diluídos e diminuem sua partícipação no custo final do litro de leite.
Glândula mamária
A glândula mamária é uma glândula multicelular epitelial cuja função primordial é a transferência de nutrientes e imunidade para o neonato, sendo assim fundamental para a estratégia reprodutiva dos mamíferos. Vale ressaltar que a intensa seleção genética sobrecarregou esta estrutura que além de cumprir com sua função primordial, produz leite excedente, que serve de alimento para o homem.
Estrutura anatômica
O úbere da vaca é formado por tecido conjuntivo (estroma) e tecido glandular (parênquima). São quatro quartos funcionalmente separados compostos por glândulas mamárias distintas, drenadas por seus respectivos tetos, totalmente independentes. As do lado esquerdo são separadas do direito pelo ligamento suspensório medial. Já as do mesmo lado são separadas pela membrana delgada (Figura 01).
Figura 1 – Estrutura anatômica do úbere
Os quartos anteriores, normalmente, pesam cerca de dois terços dos quartos posteriores, o que significa maior produção e capacidade de armazenamento nestes. O parênquima é formado pelas células epiteliais secretoras de leite. Este tecido secretor é representado pelos alvéolos (Figura 02). Cada conjunto de alvéolos drena para um único ducto menor, e é circundado por tecido conjuntivo, formando um lóbulo. O agrupamento de vários lóbulos forma um lobo, que é drenado por um ducto maior que se comunica com a cisterna da glândula.
Figura 2 – Alvéolo mamário
Transporte de nutrientes
Grande quantidade de nutrientes é requerida para a síntese de leite. O sistema vascular arterial é o responsável por suprir a glândula mamária com os precursores para a síntese do leite. Estima-se a passagem de, aproximadamente, 500 litros de sangue pela glândula mamária para produzir cada litro de leite.
As células secretoras captam os precursores do leite do sangue, através das membranas basal e lateral, e os componentes do leite são secretados via membrana apical para o lúmen do alvéolo, principalmente a lactose. Ocorre também a migração de água do sangue para o alvéolo mantendo a pressão osmótica estável.
Mecanismo fisiológico
A síntese e a secreção do leite são processos complicados, que refletem a complexidade da estrutura do tecido secretor. O leite é secretado continuamente pelas células epiteliais para o lúmen alveolar e para o sistema de ductos. Uma vaca com alta produção pode produzir e armazenar aproximadamente 20 kg ou mais de leite entre cada ordenha. Cerca de 80% do leite secretado fica armazenado dentro do alvéolo, que é circundado por células mioepiteliais. Quando ocorre a contração destas células, sob o estímulo da ocitocina, o leite é expulso para os ductos maiores, e, daí, para as cisternas da glândula e do teto.
A produção de leite está condicionada a uma série de fatores vinculados à nutrição, à reprodução, à saúde, à ambiência e, em última análise, ao número de células ativas no epitélio mamário e sua atividade metabólica.
Foi-se avaliado o desenvolvimento da glândula mamária durante a lactação, e as implicações para o aumento da produção. A população de células secretoras mamárias é determinada pelo equilíbrio entre proliferação celular e a apoptose. Segundo a pesquisa, a frequência de ordenhas reduz as perdas de células secretoras. O estudo das fases de desenvolvimento mamário permitiu a observação da importância da amamentação ou da ordenha no início da lactação. É nesta fase que ocorre a diferenciação e proliferação das células secretoras. Se a remoção do leite não ocorre, o crescimento é impedido. De acordo com Dahl (2005), duas explicaçöes fisiológicas justificam a influencia da remoção frequente do leite sobre a produção: a pressão intra mamária (PIM) e a proteína reguladora da secreção do leite (PRSL). O leite acumulado aumenta a PIM que comprime as células secretoras reduzindo o metabolismo celular e a síntese do leite. A PRSL, acumulada na glândula maImagemmária, contribui para a supressão da produção de leite. Ambas, PIM e PRSL podem ser diminuídas com o aumento da frequência de ordenhas, aumentando, assim, a produção de leite. Da mesma forma, verificou-se que a secreção de prolactina é estimulada, e o aumento deste hormônio, no início da lactação também estimula o aumento do número de células secretoras na glândula mamária. A ordenha extra no início da lactação conffasta com os outros métodos de indução do aumento na produtividade, uma vez que o efeito permanece após o termino do tratamento.
No próximo artigos vamos discutir sobre a frequência e o intervalo de ordenhas, não perca!