Giane Lima Nepomuceno
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O processo de formação de pastagem pode ser efetuado manualmente ou com a utilização de maquinário.
Limpeza da área
No processo inteiramente manual, a limpeza é feita com o corte da vegetação. No processo mecanizado, as áreas destinadas ao plantio da pastagem são limpas com a lâmina de trator (tombamento e destoca). Os resíduos podem ser reunidos em montes ou leiras.
Preparo do solo
Com a área limpa mecanicamente. Consta de uma aradura (figura 1) seguida de uma ou mais gradagens , para revolver, destorroar e nivelar o solo para o plantio.
Figura 1- Aração para o preparo do solo.
Adubação
Em sistemas extensivos, normalmente o solo não é adubado na formação da pastagem, principalmente quando a área passou por um pousio e recuperou parcialmente a sua fertilidade, devem ser feito análise do solo e com ajuda de um técnico fornecer o necessário para uma adubação adequada (figura 2).
O adubo pode ser aplicado a lanço sobre o solo preparado ou na linha de plantio, quando essa operação for feita com máquina. No plantio de ramas e perfilhos, o adubo pode ser colocado no fundo da própria cova.
Figura 2- Adubação.
Plantio
Plantio em monocultivo – A qualidade da semente é crítica no estabelecimento de pastagem, pois dela depende todo o investimento feito no preparo da área. Os baixos índices de germinação e pureza das sementes de forrageira podem ser compensados pelo aumento na taxa de semeadura. Em áreas limpas manualmente e, por conseguinte, sem preparo do solo, o plantio pode ser feito com plantadeira tico-tico ou matraca, no espaçamento de 0,5 x 1 m ou 1 x 1 m, o que requer menos semente. Quando o solo foi preparado, o plantio pode ser feito juntamente com a adubação, em linhas afastadas de até 0,8 m, utilizando a plantadeira-adubadeira. Em qualquer caso, o plantio pode ser feito a lanço, desde que se cubram as sementes com uma camada fina de terra, passando-se sobre a área plantada ramos de arbustos. Isso diminui o risco de arraste das sementes pela chuva e de ataque de pássaros. Por serem geralmente pequenas, as sementes devem ser plantadas superficialmente (no máximo 1 cm de profundidade), especialmente em solos arenosos, por causa do risco de dessecação. O plantio, utilizando ramas ou perfilhos com raiz pode ser feito em covas com profundidade de até 15 cm, no espaçamento de 1 x 1 m, 1 x 0,5 m ou em sulcos afastados de 1 m. Nesse caso, o tempo de formação é menor do que quando se utilizam sementes, entretanto, requer mais mão-de-obra. O tempo de formação, ou seja do plantio até o início do pastejo regular, varia de 4 a 6 meses, desde que seja feita pelo menos uma limpeza das plantas invasoras.
Plantio com cultura associada – Antes do plantio da pastagem, alguns produtores aproveitam o preparo da área para plantar arroz ou milho, como cultivo associado, diminuindo os custos da formação da pastagem. A pastagem pode ser plantada após 2 a 4 semanas do plantio daquelas culturas. Nesse caso, o plantio da forrageira é feito com plantadeira tico-tico ou matraca. Obviamente, dessa forma, a pastagem demora um pouco mais a se estabelecer.
Controle das plantas invasoras – A competição de invasoras, após a germinação, é um dos principais entraves para a formação da pastagem. O controle dessas plantas é mais eficaz no fim da época seca, para facilitar o crescimento da pastagem no início das chuvas.
Início do pastejo
O tempo para o primeiro pastejo e sua intensidade vai depender do desenvolvimento da pastagem em formação. Em condições ideais de chuva e sendo baixa a infestação de plantas invasoras, um pastejo leve (com baixa quantidade de animais por hectare) pode ser antecipado no final das chuvas subsequentes, 4 a 5 meses após o plantio. De qualquer forma, não se deve submeter às pastagens recém-formadas a pastejo pesado (com elevada quantidade de animais por hectare), por períodos prolongados, no 1º ano de formação.
Controle das plantas invasoras
Geralmente é feito com a limpeza periódica das plantas invasoras de pastagem, comumente chamadas de juquira, uma vez a cada 2 ou 3 anos. Essa operação é mais eficaz no fim da época seca para beneficiar o crescimento da pastagem no início das chuvas. Em geral, essa operação é feita manualmente, porém em áreas destocadas, a roçadeira é mais eficiente. Embora à primeira vista haja certa vantagem do fogo no controle das plantas invasoras, em hipótese alguma se recomenda a sua utilização, pois prejudica o solo e contribui para a degradação da pastagem em longo prazo.
Adubação de manutenção
Em sistemas menos intensivos, normalmente as adubações de manutenção só são efetuadas quando a pastagem apresentar sinais de declínio, geralmente a cada 3 anos, ou mais completamente, conforme a análise de solo. O modo de aplicação é a lanço sobre a pastagem, após uma limpeza e no início das chuvas, de uma ou de duas vezes. Em sistema de pastejo rotacionado intensivo, com pastagem de alta produtividade e alta lotação animal, nesse caso, a adubação dos piquetes é necessariamente parcelada, logo após cada pastejo ou cada dois pastejo.
Degradação de pastagem
O principal problema das pastagens cultivadas na região é a sua degradação. Uma pastagem é considerada degradada quando maior parte da sua superfície é representada por plantas invasoras ou solo descoberto. As causas dessa degradação incluem um ou mais dos seguintes fatores: formação deficiente, falta de manutenção (limpeza e adubação de manutenção), surto severo de pragas e doenças e deficiente manejo de pastagem ou de pastejo (alta lotação falta de rotação de pastagem e/ou de descanso suficiente).
Recuperação de pastagem
Nos sistemas com baixa capacidade de investimento e quando houver condições de rebrota e ressemeio da pastagem, a recuperação é feita, geralmente, limpando-se e vedando-se a pastagem pelo tempo necessário. Também, o replantio de áreas falhas é recomendável. Quando é possível investir, os procedimentos incluem a eliminação da vegetação (derrubada, destoca e enleiramento, quando necessário), preparo do solo (aradura e gradagem), adubação (ver adubação de manutenção) e plantio de semente de alta qualidade. Tanto nessa como em qualquer tecnologia que envolva investimentos, é muito importante uma análise de custo/benefício, antes da adoção na prática.