Cecília Donata Silva de Oliveira
Bovino de corte e alimentação nos sistemas de produção
Fornecer os ingredientes adequados aos animais possibilita que eles atinjam o seu máximo desempenho. A nutrição animal representa um dos maiores custos de todo o sistema de produção. Atualmente os sistemas de produção de bovino de corte, fazem grande uso de alimentos concentrados.
Oferecer alimentos concentrados a bovinos de corte, se justifica devido a diversos fatores como:
- Custo por megacaloria de energia é menor em alimentos concentrados;
- Maior energia líquida de ganho;
- Taxas de ganho de peso são alcançadas mais facilmente;
- Favorece de maneira mais rápida a deposição de gordura em carcaças.
Em contrapartida, fornecer uma dieta rica em carboidratos de rápida degradação ruminal e que não possuem capacidade de estimular atividades de motilidade do rúmen, salivação e mastigação, associado a oferta de dietas pobres em fibras, resulta em acúmulos de gases no rúmen que pode desencadear quadros de acidose, distúrbio metabólico este que é prejudicial ao desempenho e saúde do animal, resultando em efeitos negativos sob a ingestão alimentos, além de reduzir a degradação de fibra e síntese microbiana.
Os carboidratos são a maior fonte de energia para animais ruminantes, sua importância está atrelada ao fornecimento de energia para os microorganismos ruminais, além de contribuir com a saúde e funcionalidade do rúmen. As características físicas e composição química dos carboidratos podem influenciar o consumo de matéria seca (CMS), a variação entre os diferentes tipos de carboidratos também difere quanto a forma como este nutriente será digerido e posteriormente absorvido. Os carboidratos podem ser classificados como:
- Carboidrato não fibroso (CNF): representa a fração dos carboidratos que são degradados rapidamente no rúmen, dentro desta classificação encontram-se o amido, açúcares e pectinas.
- Carboidrato fibroso (CF): representado principalmente pela celulose e hemicelulose, ocupam espaço no trato digestório do animal e são responsáveis principalmente por promover a mastigação, salivação, ruminação, afim de reduzir o tamanho de partículas.
Fonte de fibras para dietas de confinamento
Para evitar tais problemas que a alta inclusão concentrados na dieta pode ocasionar, uma estratégia é utilizar o conceito de efetividade da fibra, como parâmetro de inclusões mínimas de fibras na ração pode evitar possíveis quedas no desempenho animal, minimizar o risco de desenvolvimento de distúrbios metabólicos e com isso aumento da lucratividade.
A inclusão de forragens em confinamentos brasileiros pode variar entre 12% a 45%, e uma ampla diversidade de fontes de forragem utilizadas em dietas de confinamento, como:
- Cana-de-açúcar;
- Silagem de milho;
- Silagem de sorgo;
- Bagaço de cana;
- Silagem de capim.
Devido a ampla diversidade de forrageiras encontradas no Brasil, obtém-se respostas distintas durante a digestão e absorção, esta divergência entre as respostas de deve principalmente pelos diferentes tamanhos de partículas e variações quanto a composição química teor de celulose, hemicelulose e lignina.
Em gado de corte, de acordo com o NRC assume-se que valores de FDN fisicamente efetivo (FDNfe), seria a porcentagem retida acima da peneira de 1,18 mm e este por fim seria capaz de contribuir com a saúde do rúmen do animal, reduzindo a possibilidade do animal desenvolver distúrbios metabólicos que prejudicariam o seu desempenho. A porcentagem de FDNfe a ser inclusa na dieta dos animais, varia conforme o teor de concentrado, tipo de forrageira e adição de aditivos nutricionais.
Tabela 1 – Exigências estimadas da fração FDN fisicamente efetivo (FDNfe) para bovinos de corte.
Por fim, fica evidente a necessidade de conhecer o teor exato de nutrientes de todos os ingredientes que compõe a dieta dos animais, uma vez que eles são capazes de maximizar o desempenho dos animais e promover mais saúde, resultando em maior lucratividade. Além de permitir o cálculo de dietas precisas de acordo com as exigências dos animais.
Referências:
GOULART. RODRIGO. S. AVALIAÇÃO DA FIBRA FISÍCAMENTE EFETIVA EM RAÇÕES PARA BOVINOS DE CORTE. Tese Doutorado – Apresentada à Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba 2010.