Gabriella Lima Andrade de Sousa
Universidade Federal de Lavras – 3rlab
O plantio do milho safrinha nos primeiros meses do ano representa uma opção para o incremento na renda dos agricultores, mas ao mesmo tempo exige maior atenção quanto às técnicas de manejo de doenças. Em função das adversidades climáticas na época de plantio do milho safrinha, as plantas estão mais suscetíveis ao ataque de doenças
O fungo causador da ferrugem tropical foi constatado no Estado de Espírito Santo em 1976. No entanto, somente nos últimos anos a doença tornou-se de importância econômica, principalmente no Centro-Oeste e Sudeste do Brasil, onde encontrou condições favoráveis de desenvolvimento associadas ao frequente plantio de híbridos suscetíveis.
Os sintomas da ferrugem tropical ocorrem em ambas as faces da folha, na forma de pústulas dispostas em pequenos grupos, paralelos às nervuras (figura 1). As pústulas têm formato arredondado ou oval, com comprimento entre 0,3 e 1,0 milímetro, de coloração amarelada a castanha, e são recobertas pela epiderme da folha, apresentando uma abertura na região central. Num estádio mais avançado, desenvolvem-se ao redor das pústulas halos circulares a oblongos, com bordos escuros, que correspondem à formação de télios subepidérmicos, distribuídos em grupos ao redor dos urédios (figura 2). Em condições de alta incidência, comum nos últimos anos em algumas regiões, pode ocorrer coalescência de pústulas, com a consequente morte prematura das folhas.
Figura 1: Sintomas na forma de pústulas em estádio inicial
Figura 2: Halos circulares a oblongos ao redor das pústulas, em estádios mais avançados
O fungo é altamente destrutivo, podendo causar grandes danos econômicos quando a planta é afetada antes do florescimento. O desenvolvimento da doença é favorecido por ambiente úmido e quente. A presença de água livre na superfície da folha é um fator importante para ocorrer a germinação dos esporos. A temperatura e a luminosidade são também fatores importantes. A ferrugem tropical caracteriza-se por ocorrer em plantios tardios em regiões de baixa altitude. Por ser um patógeno de menor exigência em termos de umidade para o progresso da doença, a severidade da doença tende a ser maior em plantios de safrinha.
O uso de fungicidas em aplicação foliar após o aparecimento das primeiras pústulas pode ser uma prática eficiente em materiais de alto valor econômico ou estratégico, como em campos de produção de sementes. Apesar de essa doença constituir uma ameaça à cultura do milho, ainda é pouco estudada com relação à determinação de mecanismos de resistência, variabilidade do patógeno, obtenção de cultivares resistentes, possíveis hospedeiros alternativos e possibilidade de controle químico.
Entretanto, sabe-se que a adubação com excesso de nitrogênio favorece a maior incidência da doença. As medidas de controle aplicadas conjuntamente constituem a melhor e mais eficiente prática de controle da doença. Os plantios contínuos tendem a agravar os problemas causados pelas ferrugens em geral. Recomenda-se a alternância de genótipos e a interrupção no plantio durante um certo período.
Por todo o exposto, fica claro os prejuízos que a ferrugem tropical pode causar na cultura do milho safrinha. O conhecimento da dinâmica das doenças no campo e a interferências dos fatores climáticos em seu desenvolvimento é de grande importância para um manejo fitopatológico adequado das plantas.