A Febre do leite (hipocalcemia subclínica) é diagnosticada quando o nível de cálcio no sangue do animal esta menor do que 8.5 mg/dL. Em uma maneira simples de entender: o animal não possui cálcio suficiente para o funcionamento das células do seu organismo. Quais células precisam de cálcio? TODAS! Portanto fica fácil de compreender que cálcio baixo no sangue resulta em maior incidência de mastite, deslocamento de abomaso, retenção de placenta, baixa produção de leite, etc…
Em 2002, o departamento de agricultura dos Estados Unidos relatou que metade das vacas naquele país estava com hipocalcemia subclínica logo após o parto. Isto nos mostra que o problema é existente. E nas nossas vacas? Quantas estão com hipocalcemia subclínica? Esta é uma pergunta que certamente poucas pessoas podem responder. O motivo é simples: nós não estamos acostumados a identificar problemas subclínicos nas fazendas.
E se eu medir o cálcio das vacas e diagnosticar que tenho este problema? O que eu posso fazer? Uma maneira muito utilizada para controlar este problema é a adoção de dieta aniônica. Esta dieta contém uma quantidade maior de cloro e enxofre para fazer com que o sangue do animal fique mais negativo (leva a uma acidose metabólica), desta maneira ele torna-se mais eficiente em mobilizar o cálcio do seu próprio corpo quando a demanda existe.
Como monitorar se a minha dieta aniônica está funcionando? Uma maneira eficaz é a mensuração do pH da urina dos animais. A meta é obter urinas com pH menor que 7.
Se conseguirmos evitar que os animais passem por uma fase de hipocalcemia subclínica a chance de desenvolvimento de qualquer doença de origem metabólica é menor e como consequência temos a oportunidade de produzir mais leite. Em um estudo realizado em 2010, animais que receberam dietas aniônicas (-10 mEq/100 g) produziram 6.5 kg a mais de leite por vaca/dia quanto comparado aos animais que não receberam dieta aniônica (+22 mEq/100 g).
Muito importante além da utilização de dieta aniônica quando o problema existe é garantir que este animal esteja ingerindo a quantidade correta de cálcio. Recomendações recentes sugerem que animais em período pré-parto estejam consumindo uma dieta com menos de 60g ou mais de 180g de Ca. Quantidades intermediárias a estes valores estão relacionadas à alta incidência de hipocalcemia subclínica.
Por: Marcelo Hentz Ramos – PhD, Diretor 3rlab, consultor Rehagro