O milho safrinha é o milho plantado após a safra de verão, semeado de janeiro a abril, posterior ao plantio da soja precoce na grande maioria das vezes. O nome “safrinha” surgiu pelas baixas produtividades dos primeiros cultivos e os menores investimentos em insumos, “safrinha” era sinônimo de risco e baixa tecnologia.
Atualmente, cerca de 2,5 milhões de hectares de milho são cultivados na safrinha, de um total de 12 a 13 milhões de hectares de milho no Brasil, ou seja, cerca de 20% da área total. A safrinha de milho confirmou em 2009 sua importância para o Brasil com a produção recorde de 16,721 milhões de toneladas, correspondendo a cerca de 30% da safra total, estimada em 50,980 milhões de toneladas de grãos, de acordo com o levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de novembro de 2009.
O produtor rural tem ampliado a área de cultivo da soja, causando uma redução da área de milho na safra. Os principais fatores que tem influenciado o produtor a plantar soja são: menor custo por hectare em comparação ao do milho, baixos preços do milho e maior liquidez. Por outro lado, a adoção do sistema de plantio direto na palhada da soja tem contribuído para o aumento da área de milho safrinha: além de outras vantagens, como, a possibilidade do uso mais racional dos fatores de produção (terra, máquinas, equipamentos e mão de obra) em período ocioso do ano, um preço geralmente maior na safrinha do que na safra normal e menor custo de produção.
Semeadura
A época de semeadura é um dos principais fatores para o sucesso do milho safrinha. A redução das temperaturas e da água disponível no solo no inverno, são pontos limitantes para uma boa produção. Sendo assim, quanto mais tarde ocorrer a semeadura, menor será o potencial produtivo e maior o risco por seca e geada. Portanto o planejamento ideal para a safrinha começa na safra de verão, visando desocupar a área o mais cedo possível para a segunda safra.
O gráfico abaixo (figura 1) ilustra as épocas limites recomendadas para o plantio.
Figura 1 – Rendimentos médios de grãos em função da época de plantio
Preparo do solo
No cultivo do milho de segunda safra, predomina-se o emprego do plantio direto permanente ou temporário objetivando antecipar a implantação do milho “safrinha”. No preparo direto temporário realiza-se a semeadura direta do milho “safrinha” e o preparo convencional do solo para a safra de verão. Assim, na primeira safra o preparo tem sido realizado com grades devido ao grande volume de palha deixado pelo milho, que pode dificultar o funcionamento dos arados de discos, aivecas e escarificadores.
A sucessão soja/milho safrinha na maioria das lavouras, acarreta baixa cobertura do solo, sendo um dos problemas dessa monocultura. A soja fixa simbioticamente o nitrogênio do ar, mesmo assim existem evidências de que está havendo limitação na produtividade do milho devido as exportações contínuas de nutrientes sem a reposição adequada nas adubações.
Devido ao menor potencial produtivo do milho safrinha em relação à safra normal, pode-se utilizar uma menor população de plantas sem prejuízo no rendimento de grãos (população inicial = 40 a 45 mil plantas/ha). Populações excessivas aumentam o custo total do item sementes, podem aumentar o acamamento e quebramento de plantas e não compensam a desuniformidade de semeadura. O tratamento de sementes com inseticidas é essencial para reduzir os riscos do ataque de pragas do solo, por ser semeado em um período de baixa ocorrência de chuvas e na maioria das vezes sobre palhada.
Plantas daninhas
Visando otimizar e antecipar o plantio do milho “safrinha”, sua semeadura é realizada ao mesmo tempo em que a soja é colhida em área subsequente reduzindo a disponibilidade de tratores e mão-de-obra para a aplicação de herbicidas (figura 2). Assim, tem sido priorizado o emprego dos herbicidas pós-emergentes e, quando necessário, a dessecação de plantas daninhas remanescentes da soja. É comum realizá-la imediatamente após a semeadura do milho safrinha.
Figura 2 – Plantio simultâneo a colheita de soja.
As plantas daninhas apresentam um menor vigor nesse período sendo possível reduzir a dose dos herbicidas pós-emergentes na safrinha em relação à safra normal, o que é um ponto positivo por reduzir gastos com defensivos, maquinário e mão de obra. A reinfestação das plantas daninhas é também reduzida pelo fato de ter uma menor disponibilidade de água e calor, principalmente nos estádios finais da cultura.
Pragas
Algumas pragas estão sendo controladas no campo com um número cada vez maior de aplicação de inseticidas, ocasionando a morte de inimigos naturais e consequentemente o desequilíbrio no meio. O monitoramento das pragas através da amostragem e a determinação do nível de controle delas, são as medidas cabíveis para um manejo racional e econômico, que diminui o custo de produção e colabora com o meio ambiente por reduzir o número de aplicações de inseticidas.
Recentemente tem-se constatado um aumento do número de pragas subterrâneas na cultura do milho, uma das alternativas para o controle dessas pragas é a utilização de inseticidas na forma de tratamento de sementes, reduzindo o risco de afetar os inimigos naturais. Esse aumento de pragas tem reduzido a produtividade, e vem aumentando o custo de produção devido aos maiores gastos com inseticidas, tratamentos e aplicações, o que pode acabar inviabilizando o milho safrinha em determinados casos.
Para evitar esses problemas com pragas, recomenda-se realizar a rotação das culturas evitando a sucessão soja/milho por vários anos agrícolas consecutivos.
Doenças
É necessária maior atenção na escolha de cultivares para o plantio de safrinha. Escolher materiais resistentes a doenças e que sofrerão menos com o estresse é uma ótima opção devido as condições propicias para ocorrência das doenças.
A disponibilidade menor de calor e a perda de umidade dos grãos que é mais lenta, estende o ciclo em quase um mês. Esse fator, juntamente com os estresses fisiológicos da planta, exige que seja dada uma atenção maior às doenças do colmo que podem acarretar acamamento e tombamento do milho, por exemplo.
Concluindo, os agricultores que estão considerando as duas culturas (soja e milho) como safra, sem menosprezar a safrinha de milho, isto é, estão atentos às doenças, pragas, adubando, plantando com tecnologia, usando cultivares de soja ideais para o ciclo com “safrinha” de milho e híbridos específicos para o ambiente de segunda safra, tem obtido bons resultados, boas produtividades, tanto na safra de verão com a cultura da soja, como com o milho em sequência.