Autor: Otávio Canestri de Souza Andrade
Foto: PIXABAY
Muito se fala sobre a importância e a necessidade de se conhecer a composição química e a fertilidade de um solo para se obter sucesso produtivo em determinada lavoura. Saber quais são os elementos presentes e em quais quantidades eles estão disponíveis, de fato é um ponto fundamental na condução e no manejo de plantas, no entanto, não podemos deixar de lado o conhecimento e a observação da parte física do mesmo, que muitas das vezes, acaba ficando de lado e recebendo menor atenção por parte de muitos produtores.
No texto a seguir falaremos sobre a importância de se conhecer o conceito de estrutura do solo e qual a sua diferença para a textura.
O QUE É A ESTRUTURA DO SOLO?
Quando nos referimos a parte física de um solo é muito comum as pessoas assimilarem inicialmente o conceito de textura do solo. Assim como já mencionamos em outro artigo em nosso blog BENEFÍCIOS DA ANALISE TEXTURAL a textura do solo representa basicamente o tamanho das partículas que compõem o solo, sendo divididas e classificadas em: areia, silte ou argila.
Por outro lado, e de forma distinta, temos então o termo estrutura do solo que é bastante diferente do conceito de textura. Ao contrário da classificação de acordo com o tamanho das partículas que formarão determinado solo, a estrutura representa a forma e o arranjo como essas partículas estão agrupadas, formando uma outra partícula única.
Em síntese podemos afirmar então que a análise de textura se preocupa em estudar e classificar as partículas individuais do solo, enquanto a estrutura tem como objetivo estudar a forma como todas essas partículas estão unidas.
Uma forma metafórica de representar esses conceitos, é fazendo alusão aos tijolos e a uma parede que será construída por eles. Os tijolos, de maneira individual, representam as partículas de um solo, enquanto, por outro lado, a parede que será construída com a união de todos eles representam então a estrutura de um solo.
Além disso, da mesma forma que uma parede precisa de cimento entre os tijolos para que tenha sustentação e rigidez entre eles, os agregados do solo também possuem essa necessidade. Quem desempenha esse papel de “cimento” entre as partículas do solo são os chamados agentes cimentantes, destacando-se como principais a matéria orgânica e as partículas de argila.
COMO SE FORMAM OS AGREGADOS?
Podemos dizer que os agregados do solo se formam basicamente através de duas grandes etapas: aproximação e arranjo das partículas ocorrendo inicialmente e por fim a estabilização das mesmas.
Existem também outros processos que são grandes responsáveis pela formação de agregados, sendo eles:
- Floculação de Argila = processo no qual as partículas de argila deixam seu estado de dispersão e passam a flocular (agrupar).
- Desidratação ou secagem do solo = quando um solo apresenta baixa quantidade de água ou secagem avançada, a tendência dos poros que antes eram preenchidos por água, é de aproximar suas paredes internas, com isso a união de agregados é favorecida.
- Efeito mecânico das raízes = as raízes das plantas agem diretamente na união de partículas devido à pressão que pode ser causada por elas. Além disso elas retiram a água do solo contribuindo também com o fator mencionado acima.
- Microbiota do solo = os organismos que vivem no solo como por exemplo fungos e minhocas, podem produzir estruturas que servem como “agentes cimentantes” do solo e auxiliam no processo de agregação de partículas.
- União de microagregados = ponte de cátions, como por exemplo a que ocorre entre partículas de argila se ligando à outras partículas de argila, auxiliando também na formação dos agregados.
QUAL O OBJETIVO DE SE AVALIAR A ESTRUTURA?
Avaliar a estrutura de um solo é primordial e muito importante, sendo principalmente observada de dois pontos de vistas diferentes: pedológico e agronômico.
Do ponto de vista pedológico, avaliar a estrutura de um solo torna-se essencial para que possa ser feita a classificação pedológica do mesmo. Conhecer cada característica do solo em estudo como por exemplo sua composição química, textura e estrutura são fundamentais para que possa ser feita a sua classificação pedológica.
Do ponto de vista agronômico a avaliação da estrutura de um solo tem o objetivo de se estudar o manejo mais adequado e ideal para cada tipo de um solo, buscando sempre explorar o potencial produtivo máximo de cada solo.
QUAIS ESTRUTURAS PODEMOS TER?
Existem 5 tipos de estruturas primárias que se pode observar em um solo, sendo elas:
- Estrutura Granular = forma de pequenos grânulos arredondados, muito característico por se localizar nas camadas mais superficiais do solo e bem próximo do sistema radicular das plantas.
- Estrutura em Blocos = assim como o nome já nos sugere, é a formação de estruturas em formato de blocos, podendo estes ser subangulares (ângulos arredondados) ou angulares (blocos com ângulos de 90°).
- Estrutura Laminar = estrutura muito comum no horizonte C. Semelhante a folhas de caderno empilhadas umas sob as outras.
- Estrutura Prismática = estruturas com formato de prisma. Muito comum em áreas alagadas.
- Estrutura Colunar = estrutura com dois eixos horizontais iguais e um vertical de maior comprimento, formando várias colunas umas ao lado de outras.
Formas das unidades estruturais do solo. Retirado de LEPSCH, 2002.
RELAÇÃO MANEJO – ESTRUTURA
Outro ponto extremamente importante de ser mencionado e que muitas pessoas acabam confundindo, é em relação às alterações que o manejo pode causar na estrutura de um solo. Diferentemente do que ocorre na textura, em que o manejo não altera o tamanho das partículas, na estrutura é possível alterar e manejar o solo para se obter melhores condições de cultivo.
Existem diversas operações feitas no solo como por exemplo a aragem e a gradagem que alteram e influenciam na formação dos agregados do solo. Por isso o produtor deve se planejar e realizar sempre as melhores operações e que se adequem à seu sistema de plantio e produção.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conhecer a composição química de um solo e a disponibilidade de nutrientes no mesmo, de fato é uma tarefa fundamental para qualquer produtor que busca melhores condições e melhores produtividades para suas lavouras. Mas tão importante quanto conhecer as propriedades químicas, é conhecer as estruturas físicas presentes no mesmo. Entender como as partículas estão agrupadas em seu solo e quais os tipos de agregados estão presentes nele é essencial e auxilia em diversas atividades.
Com o conhecimento e a avaliação da estrutura de seu solo, o produtor terá condições de entender a respeito da drenagem, retenção de água, resistência a penetração das raízes e diversos outros pontos que o auxiliarão para tomar as melhores decisões e obter sempre melhores resultados produtivos e lucrativos. Entender esse conceito e o aplicar é muito importante e sem dúvidas, extremamente necessário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PORTAL SÃO FRANCISCO – ESTRUTURA DO SOLO – DISPONÍVEL EM https://www.portalsaofrancisco.com.br/geografia/estrutura-do-solo ACESSO EM 27/08/2020.
PEDOLOGIA: O SOLO NA SALA DE AULA – ESTRUTURA – DISPONÍVEL EM https://extensao.cecierj.edu.br/material_didatico/geo09/popups/estrutura.htm ACESSO EM 27/08/2020.